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Diária das Sessões do Senado

tumes, robustecimento do físico e do carácter dos indivíduos. .Foi essa convicção que determinou o renascimento dos jogos olímpicos, aos quais todo o mundo concorre e dos quais o nosso país não podia isolar-se.

Assim o compreendeu o poder legislativo, habilitando, por determinação orçamental, os desportistas portugueses a comparecer nas olimpíadas. O Sr. Ministro das Finanças e o Sr. Ministro da Instrução deram, no cumprimento dessa autorização orçamental, o mais que pode-ram dar, prometendo melhor auxílio conforme as disponibilidades do Tesouro.

A verba, porém, por insuficiente, determinou que o Comité Olímpico Português abrisse uma subscrição nacional. Assim fizeram os outros países. Quem abriu essa subscripção nacional foi o Chefe do Estado. Os Senadores e Deputados contribuíram também e individualmente. Alguns bons portugueses secundaram essa simpática iniciativa. Estava naturalmente indicado que os Bancos ajudassem esse apelo. O Comité Olímpico dirigiu-se ao Banso de Portugal, que é o organismo financeiro que tem mais dinheiro, um dos que distribuem maior dividendo e aquele que marca quanto os outros Bancos devem dar. Querom saber o que sucedeu? O Banco de Portugal resolveu contribuir apenas com 500$ ! A verba, mesquinha e ridícula, não podia entrar na lista da • subscrição. Deslustrava os seus propósitos. Dava má idea da intelectualidade de quem oferecia e uma péssima impressão, a de falta de brio de quem a aceitava. Estas considerações levaram-me, na qualidade de presidente do Comité Olímpico Português, a enviar a um directores do Banco de Portugal a seguinte carta :

Leu.

Sr. Presidente do Senado e Sr. Presidente do Ministério: tudo quanto venho de dizer, e de ler, parece ccmprovar que o assunto é meramente de ordem particular. Efectivamente ó de ordem particular que, seja quem for, contribua ou não para uma subscripção. Dá quem quere. Não só pode obrigar à generosidade. Neste caso, o Banco de Portugal se não desse um centavo fazia melhor figura que oferecendo 500 escudos. O Comité não aceita esmolas e muito menos aceita que rasguem a grandeza duma idea nacional

e patriótica. Quem contribuiu com 5 contos para a reconstrução da igreja de S. Mnmede, quem contribuiu com 5 contos para a reunião da imprensa latina, quem contribui com grandes verbas para obras do assistência restrita, podia ser mais generoso para a necessidade de Portugal comparecer, como país civilizado, ao lado de todas as nações civilizadas do mundo. Devo acrescentar que os Bancos, por uma engrenagem de acordo, dão relativamente ao que dá o Banco de Portugal, uns metade, outros um terço, alguns um oitavo. Isto equivale a dizer que o Comité receberia de casas bancarias menos de cem escudos ! Um escárnco !

Sr. Presidente: parece justificada a recusa do Comité Olímpico. E, posto de banda este caso, quero explicar que os comentários a tirar é que são de ordem geral e justificam a urgência que pedi ao Senado. Se na direcção do Banco de Portugal estivessem directores que tivessem acompanhado a vida moderna dos povos e a sua evolução mental e artística, nunca o Comité Olímpico seria ofendido com um donativo de 500$.

O Sr. Ribeiro de Melo : — O Banco está falido!

O Orador : —• Quero saber se esse decreto é uma habilidade de momento, um verdadeiro truc, embora inteligente, para influir no câmbio, ou é um propósito de boa aoministração republicana. Sendo esta a finalidade do decreto, conte V. Ex.a, Sr. Ministro das Finanças, com o meu aplauso e com a minha colaboração. Conte sobretudo com a minha tenacidade, que nuança abandona umav causa sem a fazer vingar.

O Sr. Ribeiro de Melo: — Kequeiro a generalização do debate, com prejuízo da ordem do dia.

Posto à votação o requerimento do Sr. Ribeiro de Melo, foi rejeitado.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente: pedi a palavra para responder ao Sr. José Pontes.