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Sessão de 9 de Maio de 1924

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£ Poderia o Sr. Ministro da Agricultura dizer o que se tem feito a respeito dos prémios de cultura, e em que V. Ex.;i possa ter responsabilidade ?

Tenho dito.

O Sr. Ministro da Agricultura (Sr. Joaquim Kibeiro): — Sr. Presidente: desde há muito que eu sou alvo de várias campanhas ; fui acusado de proteger a moagem, fui acusado de prejudicar a moagem, fui acusado de prejudicar a União Fabril.

Em volta de mim, não claramente, por gente que não tem a coragem de tomar atitudes, surgem boatos de várias natu-rezas de casos que me são assacados.

Sr. Presidente: eu só tenho um único orgulho na minha vida: é o orgulho de ser um homem honrado.

Em todos os actos da minha vida o tenho demonstrado, merecendo sempre a consideração a que tenho direito.

Mas, Sr. Presidente, os actos dos Ministros têm sempre o direito de ser discutidos, e apraz-me sempre que me seja exigida essa responsabilidade, sempre que se cometa um acto que possa ser apreciado, como menos justo. '

Mas essas pessoais, que não têm coragem para atacar outras, são, em geral, pessoas muito diferentes de mim. São pessoas para quem a República é uma ucha-ria, que nos momentos críticos da Eepú-blica a abandonam, para quando ela se apresenta mais estável aparecerem.

Apoiados.

Sr. Presidente: na última reunião do Partido Democrático, pelo que disseram os jornais,0 o, Sr. Herculano Galhardo, uma pessoa de quem tenho recebido atenções e que tem feito justiça ao meu passado, declarou que eu era incapaz de praticar qualquer acto menos honroso e menos legal.

O Sr. Herculano Galhardo (aparte): — V. Ex.a dá-me licença ? O debate não está generalizado, mas como V. Ex.a acaba de se referir ao meu nome, eu estou certo de que V. Ex.a, Sr. Presidente, me permitirá que use da palavra.

O Orador: — S. Ex.a- fez jus às minhas

•intenções e à minha honestidade, porque

me conhece de há muito e sabe bem que

eu era incapaz de praticar qualquer acto menos honroso.

Eu entrei um dia, como Director, nos-Sindicatos Agrícolas em Portugal; fiz as todos os trabalhos possíveis, merecendo» o aplauso de toda a gente pela forma como tinha zelado os interesses da agricultura portuguesa.

E a única cousa que eu conheço onde trabalhem portugueses sem distinção de cor política.

Trabalhei ali acamaradado com monárquicos tam honrados como eu.

Quando entrei para a Sociedade Agrícola da Estremadura, havia milhares de hectares de terrenos incultos por esse Alentejo fora.

Eram milhares e milhares de terrenos incultos no Alentejo em que ninguém pegava. Entrei nessa sociedade como presidente da Associação dos Sindicatos Agrícolas. Entrei na escritura com uma quantia que não era para ser para mim, mas para distribuir por outras pessoas. Fíquen apenas com cinco contos de acções dessa Companhia, . tendo o meu colega Tiago» Sales ficado apenas com um conto e essas mesmo foram ainda distribuídas por outras pessoas.

Simplesmente eu, que depois vi que parte das acções tinham ido para a posse duma companhia de moagem, não quis ser dela administrador. Isto deu-se" até ao> ponto de se pedir o prémio de cultura para arrotear três mil hectares de terreno.

Se houvesse 10 companhias que quisessem arrotear cada uma igual porção de terreno, garanto a V. Ex.a que para o ano não teríamos necessidade de importar trigo.

E. eu pregunto a V. Ex.a: t. c[ua^ é mais legítimo, é entregar o dinheiro nos Bancos ou empregá-lo a arrotear o solo bemdito da pátria?

Mas, Sr. Presidente, quando se dea o prémio de cultura instituído por António Granjo, è eu tenho pena de não ter tomado essa iniciativa, foi preciso que um administrador dessa sociedade pusesse a sua assinatura, e assim eu tive de pôr a minha ; mas pu-la com esta condição: ponho como garantia a minha fortuna pessoal.