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Diário das SessSes do Senado

santo serviria para entrar em vida nova, mas tal não sucedeu.

Tenho sido um daqueles que mais têm pugnado peia necessidade de sanear o exército e a marinha e as repartições públicas de elementos desafectos à Repú-blica.

Mas é preciso sanear também e afastar do serviço aqueles que se dizem republicanos mas que não têm a força moral para desempenhar esses serviços devidamente, porque a República há de impor-se pela força moral e não pela força das armas.

Nada me impede de considerar serenamente esta interpelação.

Eu estou convencido de que o único resultado desta interpelação será provar-se mais uma vez a atmosfera de suspeição em que vivem quási todos os homens públicos e principalmente quando se sentam naquelas cadeiras.

A maioria não derruba o Governo porque o Sr. Álvaro de Castro está ocupando aquelas cadeiras à espera de que à maioria chegue a ocasião propícia para ir novamente ocupar esses lugares, como se a República fosse unicamente feudo da maioria da Câmara.

Porque infelizmente se deixaram envolver por empresas e bancos, cujos interesses estão hoje em contradição com os interesses públicos.

Apoiados.

Eu acredito que muitos daqueles qae se vão sentar naquelas cadeiras são absolutamente incapazes de se servirem desses lugares para dar despachos de favor, mas também acredito que alguns tenha havido que se serviram desses lugares para se favorecerem a si e às casas u que pertencem, porque todas essas companhias e bancos têm procurado atrair a si os homens públicos, aqueles que possuem certo valor, os quais não entraram com o capital moeda, mas entraram com o capital político.

Estamos hoje dentro de uma oligarquia política e de uma oligarquia financeira.

Portanto, não há maneira de sair desta situação emquanto nessas cadeiras não se sentarem homens que não tenham ligações nenhumas com todos esses potenta-

dos, cujos interessas estão em litígio com os do país.

Mas a verdade é esta, Sr. Presidente, a triste verdade é esta.

Temos de ser justos, temos de pôr nessas cadeiras as pessoas que possam agir com aquela firmeza necessária para meter a grande finança na ordem.

O Sr. Joaquim Crisóstomo (em aparte):— ,;E onde se encontram esses homens ?

O Orador: — Ainda se encontram muitos, Sr. Joaquim Crisóstomo, e se não se encontram mais é porque muitos homens públicos se afastam da política com medo de., dado o caso de se empregarem a fundo na política, saírem dela enlameados, e quem tem culpa desta situação em que se encontram muitos políticos, são os próprios políticos.

E preciso sair-se disto, Sr. Presidente, porque isto não faz senão, cada vez mais, desprestigiar a República e satisfazer aos desejos daqueles que são abusado rés do regime.

Dito isto, vou analisar rapidamente os motivos da interpelação entre o Sr. Ernesto Navarro e o Sr. Ministro do Comércio.

Os motivos dessa interpelação foram :

1.° A reintegração de dois funcionários acusados de terem tomado parto na insurreição monárquica;

2.° A cedência de duas locomotivas à Companhia do Vale do Vouga;

3.° A questão de uma transferência de oficinas da, Barreiro para o Pinhal Novo;

4.° A questão dumas tarifas especiais para a condução de fretes.

Sr. Presidente: sobre a reintegração desses funcionários, se bem percebi o que aqui se passou, a idea que tenho é esta:

Havia dois funcionários da Companhia do Minho e Douro acusados de terem tomado parte na insurreição monárquica, e que por esse motivo estavam suspensos há cinco anos, pouco mais ou menos.

Há dois anos, creio, tinha o Sr. Dr. Vasco Borges dado o despacho sobre o processo.