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Diário Sãs Sessões do 'Senado

E, já que estou no uso da palavra, eu desejo em duas palavras dizer ao Sr. Ribeiro de Melo que ele não tem raz£o nas suas críticas ao proveito e utilidade c^ue resulta para o nosso País da nossa participação em conferências internacionais.

Essa conferência inter-parlamentar de comércio não tem .funções deliberativas, mas tem funções ^consultivas, mas como disse há pouco o Sr. Herculano Galhardo,, há justamente algumas questões que os Governos têin de aceitar, porque nessa conferência estão representadas todas as nações aliadas, pelos seus representantes, parlamentares ilustres. - Já nas minhas negociações com a França, para chegarmos a estabelecer um acordo comercial, matéria que não tem deixado um instante define preocupar o espírito, tive ocasião de citar um voto emitido pela Conferência Inter-Parlamen-tar de Comércio, para argunientar na defesa dos nossos interesses e direitos.

E em França encontrei uma pessoa, membro da Conferência, figura de destaque com responsabilidades políticas, que me disse que efectivamente o Governo português tinha toda a razão, e que o ponto de vistn que defendia devia ser acatado favoravelmente pelo Governo írancês.

A Comissão Inter-Parlamentar de Comércio do Senado tem 10 membros, e a da Câmara dos Deputados 17.

Basta enunciar que são 27 os parlamentares portugueses que constituem a Conferência Inter-Parlamentar da Comércio para dizer que a representação de 3, que foram os eleitos, teve efectivamente a preocupação de reduzir as despesas, olhar aos dinheiros do Tesouro, e qae a representação ó mínima. . Nós não podemos deixar de ter representação nessas Conferências, porque há sempre almoços, jantares, banquetes, onde os nossos delegados podem mostrar o que é Portugal, e o que se faz por cá. Q que é geralmente desconhecido, desfazendo assim por esse me*io—visto que a nossa situação não permite ter publicações no estrangeiro e outros meios de_ propaganda — certas atoardas que por lá são espalhadas às vezes intencionalmente.

Os nossos delegados são até às vezes portadores de documentos para exibir . diante desses homens; para mostrar o es-

forço enorme que se faz em Portugal para manter a ordem e a tranquilidade.

O mecanismo desta Conferência Inter-Parlamentar de Comércio é desta maneira :

Os Srs. Senadores e Deputados que constituem as comissões reúnem-se a convite do Ministro dos Estrangeiros para elegerem os seus representantes à Conferência. Podem eleger quantos quiserem.

São 27 membros, não estiveram todos presentes, porque não. quiseram, há sempre quem falte, e escolheram precisamente só três na preocupação de economizar dinheiro.

" Dá-se a circunstância dos três escolhidos serem todos Senadores, e o Sr. Ri-beiro de Melo pode ficar orgulhoso por isso. podendo esse acto ser interpretado como uma homenagem prestada ao Senado pela Câmara dos Deputados.

O Sr,, Ribeiro de Melo: — Eu sou tão

exigente que nem isso me satisfaz.

O Orador: — V. Ex.a é absolutamente insaciável.

Eu poderia ter vindo mais habilitado para responder cabalmente às suas considerações, mas isto foi tratado de incidente, de íorma que só assim po-sso responder.

E é-me grato dizer neste momento que as delegações portuguesas são sempre constituídas por pessoas mais cultas e instruídas que as das outras nações, apesar de irem lá também altas individualidades estrangeiras a essa conferência.

O Sr. Ribeiro de Melo pode fazer a crítica acerada e intensa que quiser, demonstrando a inutilidade da existência dessas conferências, pode até pensar em provocar uma resolução do Senado a esse respeito, mas estou certo que não vai efectivá-lo sem primeiro procurar saber se deve ou não tomar essa atitude. Se fizer um estudo a esse respeito, desistirá desse pensamento.