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Diário doa Sessões do Senado

Eu, que tive a hon:qa de levantar aqui. a minha voz de protesto contra a Associação Comercial que, em sessão magna, se atreveu a imiscuir-se na pplítica, fazendo indicações ao Sr. Presidente da Republica contrárias à Constituição jurada, não posso deixar de aplaudir a atitude de S. .Ex.*

Sr. Presidente: exemplos temos nós na nossa história contemporânea pelos "quais se mostra que o Poder Executivo tem in-.tervindo, logo que a Associação Comercial de Lisboa ou qualquer outra colectividade se intromete na política e sai fora dos seus estatutos.

A Associação Comercial de Lisboa permitiu, peia. boca de alguns oradores, senão todos, que se fizessem insinuações ao Par-la.manto, atribuindo-lhe faltas que ele não cometeu, erros que ele não praticou e querendo desviar a política do devido eixo para que as pastas económicas fossem dadas àqueles que têm feito, com o seu poméreip, o mais mercenário dos balcões e que, pela exploração do consumidor, têm feito largas fortunas.

Mas se ainda as possoas que a Associação Comercial determinou que falassem em seu nome tivessem um passado inteiramente honrado ou honesto e como nós -outros acostumados a falar de política, para bem da colectividade e honra das instituições republicanas, ainda se poderia admitir a sua intromissão nas cousas públicas.

Mas não.

AS pessoas que se permitiram criticar o Parlamento, levando até o Chefe do Estado indicações anti-çonstitucionuis, não têm. um passado que possa merecer a nossa consideração ou respeito.

JSntre os que mais falaram há um ex--empregado do jornal O Século que chegou a ser associado de Silva Graça, de quem se apartou, para hoje ser comerciante, não de loja aberta, mas aiugador de vários automóveis e side-cars que estacionam na parte baixa da cidade.

Foi este grande comerciante que faz parte da Associação Comercial de Lisboa, que se atreveu a proferir frases inconvenientes contra o Parlamento e contra o mais. alto magistrado da Xação.

Mas, Sr. Presidente, esqueceram-se os oradores da Associação Comercial de Lisboa de que a política é feita pelos polí-

ticos, assim como o comércio pode ser feito somente pelos comerciantes,

E se alguns políticos, são maus, nãq os devemos condenar a todos, porque, se há comerciantes que são bons, também há. outros que o não são.

Há pouco, conversando com alguém.} que muito considero, disse-me ele que a política só podia ser feita por profissionais e por políticos, quenão/podia deixar de haver maus políticos, como há maus comerciantes, e QS comerciantes que são maus, o -público detesta-os.

O mesmo sucede com os políticos, com aqueles que. não correspondem aos princípios da boa e sã democracia.

Mas, Sr. Presidente, jdaí a dizer-se, que todo o Parlamento merece a vassourada da crítica e censura daquelas pessoas que são hoje os detentores (}e grandes fortunas, e que pretenderam dar conselhos ao. Parlamento ti até ao Chefe do E}s-tado, vai uma distância muito grande.

A V. Ex/Y Sr. Presidente, cfirijo as minhas palavras, não pprque o Sr. Ministro do Interior, demissionário,, não tenha cumprido o. s.eu dever, mas porque há uma autoridade administrativa, ou porque não lê os, jornais, ou não sabe cumprir as funções do cargo que exerce, que0 não procedeu 'como devia, para chamar à ordem a Associação Comercial de Lisboa pelas insinuações que vários oradores ali fizeram.

O. Sr. Governador Civil tinha poderes para castigar a As.spciação, inclo até jo seu encerramento, s,e, porventura tanto fosse necessário, desde que se confirmas-" sem us notícias que vieram nos jornais,. Bastava que o Sr. Governador Civil tivesse lido essas notícias para imediatamente ter de intervir; se pão interveio, é porque a autoridade administrativa da capital não é cpmpetente.

Devemps. estranhar que os agentes do Sr. Ministro do Interior estejam com os ouvidos tam apurados para auyir p qu,e dizem uns, e não os tenjiam P°r igual apurados para ouvirem p que afirmam outros.