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Diário da» Sessõe* do Senado

diz, prestando-se, todavia, àssibilinas respostas que ao arguto Presidente do Ministério convenha dar.

É pois, Sr. Presidente, um documento que espelha as propostas do Sr. Rodrigues Gaspar em ser cauteloso, em não fazer afirmativas que o obriguem, nem a tomar atitudes que o comprometam.

Desde a primeira à última linha, o Sr. Rodrigues Gaspar procura equilibrar-se naquele frágil arame em que os seus correligionários o colocaram, e nesses esforços de equilíbrio consumirá o Ministério todo o seu tempo.

Este arranjo ministerial, que não obedece nem a ideas, nem a princípios, nem a programas, pois tudo se resume em continuar o Partido Democrático no poder o maior tempo possível, conduz-nos a esta triste situação.

Emquanto o País se debate numa crise angustiosa, que quási roça pela agonia, o Governo vai consumir os seus esforços unicamente em questões de equilíbrio.

Porque, ninguém o duvida, desde hoje até que o Sr. Kodrigues Gaspar abandone as cadeiras do Poder, a máquina administrativa emperrou e nunca mais anda.

Entrámos, pois, numa fase de paralisia.

Mas, Sr. Presidente, assim como se tem verificado que sempre que não há Governo a situação do País melhora, liberto como fica de desacertos e incongruências, bem possível é que a paralisia do Governo do Sr. Rodrigues Gaspar seja bem mais proveitosa para a Nação do que esse chorrilho de decretos que, para infelicidade de nós todos, peja diariamente a fô-' lha oficial. Mas evidentemente que nem a República se prestigia nem o País lucra em que as únicas vantagens que possamos obter provenham da inacção dos governos e que fique assim comprovada a incompetência ou falta de senso dos que conseguem manter-se no Poder agindo.

Pelo menos, nós, os republicanos, temos de lamentar semelhante descalabro.

Sr. Presidente: em face de recentes acontecimentos que tiveram seu ep:logo na outra Câmara com a apresentação duma proposta de lei por parte do anterior Ministro da Justiça, eu procurei com afan o que resava a declaração ministerial em matéria de religião. Nada encontrei.

porém. Nada, digo eu, porque é bem possível que o Sr. Rodrigues Gaspar me venha comprovar, em virtude da tal linguagem das «mulheres de virtude», quê algum especioso período da declaração ministerial defina claramente dos propósitos do Governo a tal respeito.

Mas eu é que faço concretamente ao Sr. Rodrigues Gaspar estas preguntas e para elas - chamo a atenção de S. Ex.a:

?Que pensa o Governo em matéria de religião?

£ Entende, como o seu antecessor, que é absolutamente indispensável restituir à sua primitiva pureza a Lei da Separação?

Eu espero ouvir da boca do Sr. Rodrigues Gaspar declarações positivas e peremptórias.

Mias tomo a liberdade de dizer ao Governo que não enverede pelo caminho de intrometer- se nas crenças religiosas (Apoiados) de cada um, porque a verdade, embora isso pese a alguns — a verdade manifesta é de que- a maioria, a grandíssima maioria dos portugueses, professa livremente a religião católica.

M'ais ainda. Está absolutamente comprovado que a religião em Portugal se reacende, desde que a igreja passou a ser perseguida.

Apoiados.

Em matéria'de religião é mester respeitar o foro íntimo de cada um e deixá-lo guiar nesse particular, única e exclusiva-.mente, pela própria consciência.

O Governo que seguir as pisadas do anterior Ministro da Justiça apenas consegue uma cousa—acender lutas, acender paixões numa sociedade já de si tam conturbada.

Apoiados.'

Não apoiados.

Eu procurei ver também o que rezava a declaração ministerial com referência à operação da prata.

Nada encontrei, porém, e por isso eu pregunto igualmente ao Sr. Presidente do Ministério: ^Mantém S. Ex.a aquilo que, fez o seu antecessor, ou, pelo contrário, iaz com que volte ao País essa nossa re-rerva metálica?