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Diário 'da» Sessões 'ao Senado

Dissemos, e é verdade, que o porto de Lisboa se encontra congestionado de mercadorias, apesar do seu ainda deminuto movimento comercial.

Sendo Lisboa porto de armamento p ara várias empresas de navegação, precisa de ser largamente abastecido de carvão para os navios dessas empresas tomarem. A carga e descarga de carvão pelos processos primitivos que ainda hoje se usam nele, para vergonha nossa, e que se não vêem já, por exemplo, no nosso porto de Lourenço Marques, nem mesmo em Ponta Delgada, deverá custar qualquer cousa como 5$, importância pouco inferior ao valor do próprio carvão antes da guerra.

Ora esse carvão, que representa ama parte importante do tráfego do porto, pode muito bem passar para o Montijo. A economia de tempo e de dinheiro que com a instalação de modernas aparelhos se conseguirá há-de influir benèfhamente no barateamento dos transportes, quer terrestres, quer marítimos.

A carga e descarga de uma tonelada, empregando processos mecânicos, não deverá custar 1$. O mesmo se pode dizer em relação aos minérios, alguns dos quais não chegam a ter o valor do carvão. A falta de instalação de embarque directo de minérios é que tem feito com que bastantes nossos jazigos se não tenham explorado.

As indústrias metalúrgicas, pela grande falta de carvão,v não se mostram ainda de grande possibilidade no nosso país.

Apesar de sermos um país produtor de cobre, não temos a indústria correlativa por não estarmos preparados para tratar o minério.

Outro tanto acontece com o ferro. A indústria siderúrgica apresenta-se ainda como unia aspiração.

Haja, porém, carvão em abundância e em condições económicas, e essas possibilidades virão.

Se a empresa de Montijo, numa coordenação inteligente de esforços, puder contribuir para a valorização das riqae-zas mineiras que possuímos, e se conseguir trazer ao projectado porto uma grande tonelagem exportável, então as condições modificar-se hão por completo. Os navios que venham em busca dessa tonelagem trarão, sern dúvida, a preços muito

baixos, o carvão e até os adubos que hoje se não conseguem. .

Presentemente a tonelagem de importação excede a de exportação em mais de 500:000 toneladas.

Já em 1914 tal tonelagem, que andara à roda de l milhão de toneladas, excedia em meio milhão as exportações, e em 1919 rcgistaram-se 816:405 toneladas de importação contra 437:660 de exportação, segundo os dados estatísticos que pudemos apurar.

E este desequilíbrio há-de acentuar-se muito mais com o desenvolvimento industrial que se vai acentuando.

Ora se a empresa do Montijo consegue aumentar rapidamente a nossa exportação, elevando-a, ainda que mais não seja, ao nível da importação, acabando com o pesado déficit que o porto de Lisboa actualmente tem, tal facto repercutir-se há imediatamente numa baixa sensível de íretes para aqui.

E se as exportações preponderarem sobre as importações, começaremos a ter o carvão mais barato. E este facto é capital para o estabelecimento das novas indústrias metalúrgicas, e até para o incremento da nossa viação acelerada.

Carvão barato ó a condição primordial de qualquer indústria.

O preço dos adubos também baixará, por isso que os barcos que venham à procura de tonelagem hão-de trazer carga, para o porto por qualquer preço.

Em suma, debaixo deste ponto de vista, as vantagens do estabelecimento da empresa para a economia do país serão da maior importância, e elas por si só justificariam amplamente a acção do Governo fazendo a concessão.

A pretendida obrigação de o Estado construir novas linhas férreas ou dotar as existentes dum matoria! circulante que absorva grandes somas ao Estado, não passa duma lamentável confusão que se fez com a exigência do estado maior do exército, traduzida na cláusula 7.a do decreto de concessão.

O estado maior disse no seu parecer o seguinte: .