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Diário dag Sessões do Senado

Diz mais o relatório, tratando do ensino agrícola:

Leu.

Sobre este ponto também eu desejo apresentar genericamente o rneu modo de ver sobre a organização do ensino agrícola em Portugal.

Começo, por exemplo, pelo Instituto Superior de Agronomia.

Não sei se o Sr. Ministro da Agricultura pensa em qualquer remodelação daquele estabelecimento de ensino.

Quero, porém, chamar a atenção de S. Ex.a para o funcionalismo daquele Instituto. S. Ex.anão fará mal se confrontar a organização do Instituto Superior de Agronomia, onde, como S. Ex.a diz, há uma matrícula de 86 alunos por ano, com a organização, por exemplo, da Faculdade de Sciências de Lisboa, ou qualquer Faculdade, onde não há apenas 86 alunos, mas 300 ou quási aproximadamente.

Compare S. Ex.* essas duas organizações no que respeita a pessoal inferior, e verá que que é sensivelmente menor o número de funcionários da Faculdade de Sciências çle Lisboa.

Se S. Ex.a visitar o Instituto Superior de Agronomia, há-de ter uma impressão muito semelhante àquela que certamente terá quando atravessa o corredor do seu Ministério, aquele que comunica com as diversas repartições.

É intransitável, porque temos que aos andar a acotovelar com uma aluvião de funcionários, contínuos, guardas, etc.

V,. Ex.a terá -aí a mesma impressão:; ó que além dos funcionários que têm a sua representação no quadro, e que é, como digo, relativamente maior do que outras faculdades, ainda se cometeu este acto, que o Sr. Ministro da Agricultura classificará como entender: é que, além desses excessivos funcionários, ainda existem funcionários supranumerários que para aí têm aparecido, e deixe-me V. Ex.a dizer desde já, porventura sem a responsabilidade directa da direcção do próprio estabelecimento, mas são funcionários que se faz presente aos diversos estabelecimentos, funcionários que não se sabe para onde mandar, mandando-se para o Instituto de Agronomia, de modo que se atropelam uns aos outros.

A invasão de funcionários ali é tam grande que não se sabe qual ó o maior

número: se de funcionários extraordiná rios ou do quadro.

Independentemente disto ainda há a necessidade de funcionários, por exemplo, da Secretaria, irem prestar serviço à Contabilidade ou vice-versa, dando isso em resultado ter de se pagar extraordinários onde abundam funcionários.

O cairo estabelecimento a que V. Ex.a também se refere é aquele que está imediatamente categorizado a seguir ao Instituto Superior de Agronomia: ó a Escola Nacional de Coimbra.

Esta deve V. Ex.a, Sr. Ministro da Agricultura, conhecer muito bem; ó seu patrício. No entanto, estou convencido de que S. Ex.a nunca teria olhado para ela com aqueles olhos interessados com que, certamente, olharia hoje, se visitasse esse estabelecimento de instrução agrícola.

Se V. Ex.a o fizer, chamo também a sua atenção para a forma como esse estabelecimento cumpre com a sua missão0, uma missão de instrução agrícola; se fizer um inquérito pessoal como ó administrada essa instituição, V. Ex.a verificará que ela deixa muito a desejar, e que terá necessidade de olhar para este assunto.

A Escola de Coimbra representa hoje, como -representou sempre, desde que é Escola de Coimbra, o maior erro dum Ministro, que foi um grande Ministro.

Emídio Navarro, nem podia contestar, produziu uma obra importantíssima, que pena foi pouco depois ser quási comple-tamente chacoteada.

Mas um erro, e grave, cometeu Emídio Navarro: foi exactamente a, criação da" Escola Agrícola de Coimbra.

Desagrada, certamente, ao Sr. Ministro da Agricultura esta afirmação, mas eu, apesar de Senador e, exactamente por que defendo os interesses do distrito de Coimbra, não tenho dúvida em fazer tal afirmação.

Emídio Navarro organizou aquela escola, destruindo uma outra mais antiga e que tinha as suas tradições : a escola da Quinta Eegional de Sintra, onde se formaram os regentes agrícolas, que eu tive a honra de frequentar e com cujo curso eu me diplomei e onde hoje está o campo de aviação.