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Diário das Sessõe* do Senado

fim, veio a verificar-se que o animal estava inutilizado; a carruagem ficou danificada, devendo ter-se gasto algum dinheiro com o seu conserto.

Aqui tem V. Ex.a como 12 contos distribuídos pelo ensino agrícola ficaram aniquilados por completo numa calçada de Lisboa.

Veja V. Ex.a como do fundo do ensino agrícola saem verbas com aplicações desta ordem. Ainda uma outra verba:

Leu.

Com estes 12 contos, Sr. Presidente, compraram-se alguns animais. Devo informar que esta verba foi fornecida pouco antes do sidonismo; por consequência já lá vão alguns anos.

A verba foi, efectivamente, aplicada e teve o seu devido destino. Compraram-se animais. Mas veio o sidonismo e executou--se o que nos meus tempos de rapaz chamávamos «uma operação bem combinada».

Os animais que haviam sido comprados com aquela verba de ensino agrícola, porque cometiam o crime de comer, foram vendidos e o dinheiro que se fez não se restituiu ao fundo agrícola; teve uma. aplicação muito-diferente.

j Veja-se o artifício a que se pode recorrer para desviar dinheiro do fundo agrícola.

Parece-me que o caso que acabei de apontar será mais do que suficiente para mostrar as reservas que haja a respeito do auxílio a esse fundo, pois que, deste modo, eu estou no .direito de supor que em todas as verbas destinadas a outros estabelecimentos semelhantes casos se darão.

E como eu verifico que nada se tem aproveitado com tais verbas, não posso concordar com a opinião, de que o Sr. Ministro da Agricultura é o relator, de se dotar o fundo agrícola com, parece, mais 200 contos.

Estou convencido de que o Sr. Ministro da Agricultura, que num bom intuito, assim quere auxiliar o fundo agrícola, depois de me ouvir continuará no seu modo de ver, mas pondo de salvaguarda os interesses nacionais.

Que o faça, pois, retirando, por exemplo, a autonomia àquele fundo, de modo a que o Ministro tenha uma fiscalização mais directa.

Sei que os Ministros não se podem preocupar com exames tam detalhados, mas a verdade é que quando se sabe que o Ministro pode fiscalizar directamente as quantias, há mais cuidado na aplicação dos dinheiros públicos; e se, porventura, estas minhas considerações tiverem qualquer utilidade, eu não*terei motivos senão para folgar.

Nas referências que o relatório faz à Estação Agrária Central, um organismo moderno que eu .examinei quando da sua criação, mostrando quais os defeitos de organização, advinho que o Sr. Ministro da Agricultura já descobriu o que importava, por certas passagecs.

Diz a comissão:

Leu.

O fundo de fomento agrícola —reconheço-o com certo desgosto— é a grande preocupação do Sr. Ministro da Agricul- • tura, do que terá ocasião de arrepender--se se persistir na sua cadeira de Ministro, por ser um tam devotado defensor desse organismo tam defeituoso e até tam imoral. E a propósito da referência feita à Estação Agrária Central e de que ela deveria ser no Instituto Superior de Agronomia, eu direi, tem S. Ex.a muita razão.

Aquela Estação Agrária deveria estar ' na Tapada da Ajuda; estender-se porventura a outros organismos, a alguma outra escola dependente do Instituto Superior de Agronomia, muito à mão de semear ...

A Estação Agrária Central é daquelas instituições que fanatizam os espíritos intelectuais, pela forma como ela entende que se deve incidir sobre a administração pública; aquela estação .é o foco luminoso onde se acha a grande sciência, onde se investiga, onde se faz a experiência e donde irradia a luz para todo o país. E sedutor e porque o é, é que se abusa, e o abuso tem sido tal, que a sua criação foi já de si um abuso, e a forma como se está povoando esse organismo de novos funcionários públicos é um abuso ainda maior,