O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de ô de Agosto de 1924

15

Terminava o arrendamento. O.dono, que era o Marquês de Pombal, não o grande, pretendeu entrar em acordo com o Estado. Cedia-lhe a sua propriedade por 90 contos. As instâncias competentes diziam que era uma boa operação. Mas Emídio Navarro, que queria conquistar o seu solar político em Coimbra, contestou.

Veja-se o prejuízo que o espírito do político pode muitas vezes causar.

E agora, Sr. Presidente, vê-se um estabelecimento onde se encontram belos edifícios, cavalariças, redis, tudo quanto há de bom para exploração animal, e belos edifícios urbanos, em que estão funcionando secretarias, dormitórios, etc.... Sob o aspecto urbano nada deixa a desejar.

Grande construção, que não custara ao Estado 90 contos, mas centenas de contos, que hoje representam milhares.

Apelo para o testemunho do Sr. Ministro da Agricultura, que bem deve conhecer a propriedade.

,jQuer-se, um vasto campo para experiência de maquinismos modernos, para experiência dos alunos com tractores? Não existe.

(jQuere-se um terreno que dê a quantidade de cereal necessário para uma prática útil dos seus alunos, na debulha e em todos os outros trabalhos agrícolas? Não existe.

Quere dizer: esta escola é, por assim dizer, uma escola com cabeça, uma grande e boa cabeça, mas que não tem corpo.

Ora eu peço ao Sr. Ministro da Agricultura que retenha esta minha afirmação, porque é possível que na minha análise eu tenha de me encontrar com um estabelecimento que tem corpo mas não tem cabeça, de modo que, depois, o Sr. Ministro da Agricultura possa reunir os corpos com a cabeça, de modo a formar um organismo único, que traria um grande benefício à Agricultura.

Eu terei ensejo de voltar a tratar deste assunto, mas repito quando achar o corpo para ligar à cabeça.

De resto, Sr. Presidente, aquela escola poderia ter muitas outras aplicações mais importantes e que seriam até mais vantajosas para a cidade de Coimbra.

Sr. Presidente: o amor que o Sr. Ministro da Agricultura tem pelos serviços

da instrução agrícola está patente neste trabalho.

Eu já tinha conhecimento deles pela notícia dum congresso que no ano passado se realizou em Coimbra, dum relatório defendido por S. Ex.a, onde se defendia também um princípio que aqui aparece e que é este:

Leu.

Eu não quero de forma alguma dizer que seria inconveniente que Coimbra fosse o foco da sciência, onde se ensinasse elementos de agricultura, ou mesmo a agricultura scientífica, onde se ensinassem as práticas dos trabalhos agrícolas.

Não poderia opor-se a isso quem é professor e quem vê que na instrução está a melhor base para a regeneração da economia agrícola do país.

No emtanto não me parece agora o momento mais asado para tal e aqueles recursos que lhe dá Vaudelhe não podem ser senão duma cousa histórica.

Vaudelhe viveu em 1781 e portanto há quási dois séculos, e portanto no seu tempo ainda a sciência não estava bastante avançada, constituía por assim dizer uma sciência única, donde a pouco e pouco se têm ido diferenciando vários ramos que vão constituindo novas sciências.

Houve efectivamente cadeiras de agricultura nas nossas Universidades em 1781; mas escusamos de ir tam longe.

O grande patriota português, que foi Chefe do Estado, o Sr. Bernardino Machado, também foi professor de agricultura, com muita distinção, na Universidade de Coimbra.

Apesar de tudo, apesar de ser um professor proficiente e conhecedor, desapa: receu porque devia de desaparecer, foram-se diferenciando os organismos, hoje . há como não havia então os organismos necessários, especiais, para a instrução agrícola, e visto que há esses organismos, e visto que eles são em número suficiente como V. Ex.a confessa, não vejo necessidade de estarmos a conquistar mais caçadores para caçarem no mesmo terreno.

Isto muitas vezes pode ter inconvenientes, pode a pontaria dirigir-se duns para os outros e os resultados serem duma certa gravidade.