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Diário das Sessões ao Senado

cultura, que fazem com que a nossa população ignore absolutamente todos os pro-cossos e p'receitos agrícolas.

E poderíamos aproveitar eventualmente, no sentido de propaganda, certas escolas.

Na Faculdade de Sciências há por exemplo a 3.a Secção de Sciências Naturais que ensina, como disciplinas fundamentais, a botânica, a zoologia, mineralogia, geografia física, química curso geral, e física curso geral, sciêucias tam coope-radoras da agronomia.

£ Porque é que nessa Secção não se poria um curso livre de agiicultura geral, com tendência de difusão de ensinamentos de carácter geral, que levassem ossos diplomados a poderem suíicientemente aplicar ao cultivo da terra e à propaganda, entre as populações, desses ensinamentos?

E eu afirmo que isto não é novidade em Portugal, e realmente não é, porque em 1781 Vaudel veio a Portugal instalar-se na Universidade de Coimbra e criou na Faculdade de Filosofia, que então iniciava os seus1 passos, a cadeira de agricultura, e foi até a zootecnia, paleografia, etc.

MaSj Sr. Presidente, assim fez a América do Norte. V. Ex.a sabe que a origem d,as universidades americanas são as antigas escolas de tecnologia de agricultura, que vierem depois a. constituir as Universidades, e ainda hoje a vida de muitas Uni-. versidades americanas se faz à volía dos seus institutos técnicos.

Eu poderia, e já o escrevi uma vez, dizer a V. Ex.a que as Universidades americanas, todas elas, têm uma escola de agricultura.

Mas na França dá-se a mesma cousa e a tendência francesa é de abandonar os clássicos estabelecimentos de ensino.

V. Ex.a, por exemplo, não ignora que a Escola Politécnica é uma revivescência; que. a Escola Normal Superior é outra.

Abandonam esses cursos para se lançarem na criação de Institutos, para ensinar a agricultura, a química, £, física agrícola, etc.

V. Ex.a tem em Nancy o melhor e mais acreditado Instituto de Agronomia.

V. Ex.a encontra depois nas várias Universidades de França essas escolas de Agricultura. • Como já disse a V. Ex.a, tinha até in-

dicados todos os cursos de agronomia existentes nestas condições em França, na Inglaterra e na Alemanha, numa publicação que fiz, aqui há dois anos.

E V. Ex.a vê que esse ensino não se considera incompatível com o ensino universitário.

E títnto assim é que no estatuto universitário de 1911 lá vem, como incluída no quadro da Universidade de Lisboa, a Agronomia.

Nunca se fez não sei porquê, e por isso também não tem trazido contrariedades de maior.

O ensino de Agronomia em Coimbra decaiu, porque teve de ceder o seu lugar a uma doutrina nova, que quási nasceu ao mesmo tempo, e que foi a criação da escola da especialidade em Lisboa.

Os diplomas de Coimbra nunca tiveram um reconhecimento oficial por aí além.

Mas o que eu afirmei era uma cousa muito simples: é que como complemento das sciências que se ensinem na terceira secção das Universidades se fizesse um curso sem pretensões técnicas e que se fizesse ao'mesmo tempo uma boa e acf-r-tada propaganda. E isto pode-se muito bem fazer.

Desde já devo declarar a V. Ex.a, Sr. Presidente, e ao Senado, que a estas horas já tenho entabuladas negociações com a 'Faculdade de Sciências de Coimbra para que um \professor da especialidade que esteja à altura do renome intelectual daquele estabelecimento vá aí fazer um curso livre de Agronomia e de Economia Rural. ,

Sou por um plano de conferências a fazer na Universidade, sem encargo para o Estado.

£ Diz S. Ex.a que isso contraria a orientação pedagógica das escolas da especialidade?

Eu digo que não. Presto um altíssimo serviço ao meu País fazendo interessar toda uma população universitária no problema.

Assim um engenheiro agrónomo distinto vai ali durante um ano lectivo fazer''umas conferencias o mesmo que seja apenas um indivíduo que aproveite, nós alguma cousa já teremos lucrado.