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Sessão de 11 e 12 de Dezembro de 1924

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de ler-se pela sua literatura e pela sua habilidade.

Devo dizer que neste ponto a presente declaração me agrada profundamente, porque saiu ato um pouco fora do vulgar.

Para mim não têm mais valor nenhum— não me refiro à declaração lida pelo actual Presidente do Ministério, refiro-me às declarações de todos os Governos—e se eu me tivesse dado à curiosidade de as coleccionar, eu que sou parlamentar desde1 1913, quando quisesse fazer um rigoroso estudo tinha de trazer um grosso volume debaixo do braço.

Se eu tivesse de obedecer aos impulsos dos meus afectos eu estava ao lado do Governo, porque, a começar pelo seu Presidente, quási todos os Ministros são meus amigos pessoais, -mas como eu não tenho que pôr em nada como parlamentar os meus afectos pessoais, a minha atitude como parlamentar independente não pode ser senão esta: ajudar incondicionalmente o Governo em todos os actos que ele pratique, que pelo meu critério pessoal sejam julgados bons para o País, e, evidentemente, criticar e votar contra aqueles actos que eu, em meu critério, entenda que não são atinentes ao bem do País.

Tenho a certeza que mais não pode esperar o Governo de qualquer Deputado independente.

Da declaração ministerial quero apenas salientar um facto.

O Sr. Presidente do Ministério declara que quere governar com o Parlamento, e eu já ouvi aqui como que exprimir o receio de que S. Ex.a pudesse em qualquer altura pretender governar sem o Parlamento.

Ora o Sr. Presidente do Ministério não precisa da minha garantia nem de ninguém, mas eu devo declarar em homenagem à verdade que não creio que S. Ex.a pense em governar contra o Parlamento.

As minhas relações de profunda amizade com o Sr. Presidente do Ministério são já de quando combatemos contra aqueles que queriam governar contra o Parlamento e contra a Constituição.

Sempre me encontrei com ele nesse campo, a sua acção é bem conhecida no combate contra a mais nefasta das ditaduras, a de õ de Dezembro.

Nessa altura em que o Sr. Presidente do

Ministério pagou com largos meses de ca deia os incontestáveis serviços que pres tou à causa da República, e ele sabe bem que onde encontrou desde as primeiras horas em terras da província algum apoio, foi na minha terra, e entre as pessoas que lhe davam esse apoio estava eu.

Se o Sr. Presidente do Ministério atraiçoasse toda a sua çbra e o seu passado deixaria de ser para mim não já um político digno, mas ale pessoalmente um homem de pouca dignidade.

Mas aquele seu .passado é uma garantia, se mais outras não houvesse representadas nas figuras que vejo.no Ministério, de que tal não acontecerá.

Já tenho entrado em combate contra várias ditaduras que têm surgido quando menos se espera.

Combati a ditadura de Pimenta de Castro, e quando em 5 de Dezembro se proclamou uma nova ditadura, cinco dias depois, na minha terra, estavam iniciados os primeiros passos para a contra-revolução a favor da Constituição e do restabelecimento do regime republicano dentro do próprio regime.

Além de tudo, o Sr. Presidente do Ministério está dentro de um partido, a propósito do qual disse o Sr. Herculano Galhardo que ôsse partido defendera cons-tantemente a Constituição e se manifestara contra as ditaduras, eu fiz um aparte dizendo: nem sempre.

Houve uma tempestade de protestos. • Ora, como tenho por hábito não fazer afirmações que não possa provar, eu vou recordar aos meus antigos correligionários que eu estava dentro da verdade.

Vou apontar um facto concreto em que me baseava, quando ontem interrompi o Sr. Herculano Galhardo.

Quando presidia a um Ministério o Sr. Mâia Pinto, depois de uma agitada época política, e estando dissolvido o Parlamento, foram marcadas as eleições e convocados os colégios eleitorais.