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Sessão de li e 12 de Dezembro de 1924

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rápida, exactamente pelo 'seu espírHo de sacrifício pela República, faça a obra que nós pedimos, que S. Ex.a trabalhe pelo país, que estude os problemas que nos afligem, enfrentando a valer os diversos aspectos que eles possam ter, sem preocupações políticas, nem partidárias, e assim S. Ex.a terá marcado um lugar brilhante na história política do nosso país. Tenho dito.

O Sr. Querubim Guimarães: — Sr. Presidente : a hora vai • adiantada e eu não quero de modo nenhum prolongar e dilatar este debate político, e sobretudo depois de ter usado da palavra, por este lado da Câmara, o ilustre leader e meu prezado amigo Sr. D. Tomás de Vilhena, escusado seria pronunciar-me de qualquer modo a respeito da declaraçRo ministerial e apresentação do GovGrno.

Mas há deveres de tal ordem e de tal maneira gratos ao nosso coração que me inibiram do ficar silencioso ao apresentar--se o Governo, fazendo parte dele um meu velho amigo e querido condiscípulo, Sr. João de Deus Ramos, essa circunstância, sobretudo, é que me demoveu do propósito em que eu estava de não usar da palavra, ôsse encargo tinha ficado, e muito bem, ao Sr. D. Tomás de Vilhena, pessoa que todo este lado da Câmara respeita e admira, pelo seu brio, pelo seu carácter e inteligência, mas também é certo que algumas das considerações que aqui foram produzidas pelo ilustre Senador e meu prezado amigo Sr. Herculano Galhardo me levam a usar da palavra, reduzindo o mais possível as minhas considerações.

Além disso, desejaria também, e aproveito a ocasião para o fazer, que o Sr. Presidente do Ministério, pessoa aliás muito simpática, meu ilustre colega, que eu conheço de há muito já, com quem trabalhei no foro, respondesse" concreta-mente e precisamente a algumas pregun-tas que sobremaneira, no momento actual interessam e que eu nãp vejo bem definidas na brilhantíssima declaração ministerial, que é uma verdadeira peça literária, como muito bem disse o nosso ilustre colega Sr. Ferraz Chaves, mas qne, sem dúvida nenhuma, enferma o vício de muitas palavras vãs e de muito poucas afirmações concretas e afirmativas.

Sr. Presidente: em primeiro lugar desejo apresentar ao Sr. João de Deus Ramos as minhas saudações,, saudações que não traduzem de. maneira nenhuma uma felicitação pelo encargo que tomou, tnas que traduzem, sem dúvida, uma afirmação de muita estima, muita consideração e apreço em que tenho o seu espírito e o seu carácter.

O Sr. João de Deus Ramos atravessou comigo aqueles largos 5 anos de Coimbra e sempre afirmou uma bela camaradagem, se afirmou.um espírito lúcido, carácter leal, um coração de ouro, não traindo aqueles deveres de lealdade e camaradagem que se impõem a todo o bom cidadão e a todo o bom acadé* mico.

S. Ex.a tem afirmado pela vida fora o seu valor num papel simpático, a que já tive ocasião de me referir numa sessão de Secção, a propósito dum projecto que aqui íoi apresentado pelo Sr. Gaspar de Lemos.

Nessa ocasião, sem que S. Ex.a estivesse presente, fiz afirmações respeitantes a S. Ex.a que traduzem o meu senti-mento, admiração e estima que tenho póí S. Ex.a

É assim que eu aprecio a individualidade do Sr. Dr. João de Deus Eamos.

S. Ex.a já no nosso tempo de Coimbra se dedicava, como fervoroso apóstolo, a continuar a obra de alguém que muito respeito e muita saudade merece sem' dúvida ao seu coração de filho e que, sem dúvida nenhuma, jamais esquecerá na memória de todos os portugueses, porquê foi um dos mais belos espíritos da nossa terra, a par dum grande poeta que, como ninguém, soube encaminhar a alma verdadeiramente lírica deste País, que, desde as camadas dos montes até às praias do mar, a cada passo aflora em.afirmações de lirismo.

O Sr. Dr. João de Deus Ramos dedicou-se a esse apostolado muito interes-' sante e muito simpático de espalhar pelo País a instrução por meio dum método da iniciativa de seu pai, o grande poeta João de Deus.