O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12

Diário Idas Sessões do Senado

do seu partido, com o adiamento das eleições e com a ditadura.

Foi essa a razão por que eu me tornei absolutamente independente., pois coerente com os princípios que sempre defendi não admitia que se apoiassa qualquer es-pécie de ditadura.

Que §e tolerasse, ou como dizia um grande espírito jornalista da nossa terra que se c:gramasse» (risos) rJnda vá, mas que se defendesse uma ditadura n£o admitia.

Depois, reuniu-se o Qongresso do Partido Democrático e nem uma só voz se levantou contra a ditadura, e foi então que me afastei desse partido porque vi que naturalmente era eu que escava fora da razão.

Disse-se aqui que essa ditadura só se tinha proclamado em Ovar.

Eu recebo sempre serenamente aquilo que me pretende diminuir pessoalmente, mas devo dizer que qualquer que fosse a terra que estivesse dabaixo da ditadura — e era todo o País r— tal facto seria grave, pois o ilustre Senador que me fez esse aparte pertence à capital do norte que volta e meia se queixa de que as atençOes dos Poderes Públicos se confinam no Terreiro do Paço e que não se olha para o Porto que preiende desenvolver-se e engrandecer-se.

Essa terra era aquela mesmo que quando foi proclamada a monarquia no Porto, e quando os republicanos da capital do norte bem sei que forçados pelas circunstâncias, *.

O Sr. Pereira Osório (interrompendo):—= E presos,

O Orador: — Presos e não presos tiveram de consentir, não pela sua cobardia, mas, repito, pelas circuntâneias; nessa ocasião Ovar tinha alguns dos seus mais queridos filhos presos nas cadeias; o Sr. ' José Domingues dos Santos, como c.m dos chefes contra a ditadura de Sidónio Pais, sabia que tinha de ir buscar a O^ar alguns oficiais para tomarem o comando das unidades do Porto.

O Sr. Herculano Galhardo (interrompendo):— E inteiramente verdade o que V. Ex.a disse referente ao Sr. Maia Pinto,

Quando falei sobre ditaduras não me recordei nessa ocasião desse facto.

Mas isso foi uma excepção feita em condições de tam magna gravidade que levada a questão ao Congresso do Partido Republicano Português não houve uma única voz, e estavam lá republicanos que muito se têm sacrificado pela Kepública, que pedissem explicações aos seus dirigentes por, numa ocasião excepcionalíssi-ma e tam grave, teiem sancionado tal acto.

O Orador: — Eu já fixei há pouco que tinha sido a minha voz a única clamando no deserto.

Eu estou agora a responder a esse aparte, que não foi justo e que V. Ex.a agora confirma, por ser verdadeiro.

Mas ia eu dizendo, nessa época que era de verdadeiro terror, em que foi proclamada a monarquia no Porto, Ovar, que é uma terra sob o ponto de vista militar, minúscula, não quis medir essa responsabilidade e auxiliada pela sua reduzida guarnição militar, tomou conta dos edifícios públicos, hasteou a bandeira nacional nos paços do concelho e declarou que a Eepública ali estaria emquanto houvesse republicanos para a defender.

Aqui está .como essa terra procedeu, ostentando hoje o seu estandarte municipal as insígnias da «Torre e Espada», ganhas pelos sacrifícios feitos à causa pública.

Mas mesmo que'isso se não tivesse dado, essa terra era digna de respeito, porque a Pátria Portuguesa não é só constituída pelo Terreiro do Paço e pelo Pôr-to, mas também pelas pequenas terras da província, que são as que mais trabalham e menos vêem, e as que mais pagam e menos exigem, sondo os seus representantes por vezes os menos atendidos.

Fechado este parêntesis, eu vou acabar por onde talvez deveria ter começado, isto é, por saudar os membros do Governo, que não precisam dos meus incitamentos, para que prestem bons serviços ao país; basta que para isso tenham amor próprio e brio.