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Sessão de 11 e 12 de Dezeiribro de 192a

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trada, se contém na declaração ministerial e vejam se não anda nele dedo de poeta.

Lê.

Perante esta declaração eu fico sem saber bem qual ó definitivamente e con-cretamente a orientação do Sr. José Do-mingues dos Santos, entre a hora solene em que teve "necessidade de ir ao correr dos tempos proclamar-se esquerdista e o único capaz de arcar com as responsabi-lidades da realização do que era o verdadeiro programa do Partido Kepublicano Português, e hoje em que parece se entusiasmou com a eclosão do esquerdismo que em Londres fez chamar ao Poder o Sr. Macdonald e em Paris o Sr. Herriot.

Mas Macdonald caiu na Inglaterra e o próprio Herriot está de tal maneira hesitante, que a França, pátria-mãe de todos os bons princípios de filosofia e literatura, está passando por uma crise.

Por isso, Sr. Presidente, o programa de Herriot está muito reduzido. '

E foi então, Sr. Presidente, que ao Sr. José Domingues dos Santos acudiu a idea de organizar uni programa ministerial, que é uma cousa que eu não sei bem definir.

Ele tem um pouco do programa de Herriot, mas tem também um pouco dum programaJque cabia bem num partido conservador.

Sr. Presidente: começa o Sr. José Do-miugues dos Santos por afirmar que o problema português é principalmente de ordem social e moral.

É uma afirmação com que eu concordo.

Mas, o Sr. José Domingues dos Santos aponta o mal, mas não lhe aponta o remédio; aí é que está a grande falta..

Eealmente, dízer-se que o problema português é fundamentalmente de ordem moral e social é fácil, basta uma análise cuidadosa dos fenómenos sociais.

Mas qual o remédio?

Sem dúvida nenhuma, como há pouco disse, a guerra tem umas costas muito largas para poder suportar com o peso de tantas responsabilidades que lhe atri' buem.

E a guerra a origem da desorientação no campo económico, no campo moral e até mesmo na moral individual em que o egoísmo, o prazer, absorveu por completo

todos os sentimentos nobres e dignos da raça humana.

Não -foi só a guerra, Sr. Presidente, que causou tudo isto.

Tem sido a orientação do sistema político português, que ainda a 14 anos de distância se não convenceu que Portugal é um País de largas tradições conservadoras, um País de largas tradições religiosas.

E, Sr. Presidente, a legislação da República Portuguesa, como eu aqui tenho afirmado tanta vez, ataca três pontos principais: ataca na ordem económica, a propriedade, na ordem moral, a religião, na ordem social, a família.

Gostaria que o Sr. Presidente do Ministério a esse respeito dissesse o que entende com afirmações concretas e precisas.

E então, se é bem cabida a observação, eu observaria ao Sr. Presidente do Ministério que esta desordem que há nos espíritos esta desordem que há na sociedade portuguesa tem várias causas, o que o Sr. Presidente do Ministério deve compreender, sem dúvida.

Em primeiro lugar desejaria que o Sr. Presidente do Ministério me dissesse se sabe o que vem a ser o «socorro vermelho f.

É nem mais nem menos do que uma instituição, cuja defesa se faz largamente num órgão, que até certo ponto tem defendido S. Ex.a, é a Batalha.

A Batalha diz em curtas palavras o que vem a ser o «socorro vermelho».

Leu.

Aqui tem S. Ex.a o que vem a ser essa instituição, segundo diz a Batalha.

Mas, mais ainda, Sr. Presidente, a Batalha referiu-se com largo desenvolvimento às escolas revolucionárias que existem na cadeia do Limoeiro.

Já na outra Câmara alguém fez referência a este facto.

Segundo li nos extractos dos jornais, fez uma referência com um carácter de insinuação que eu quero arredar por completo.