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Sessão de 4 de Fevereiro de 1925

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como é o da espécie barrosã, que é da região onde suponho que o Sr. Ministro da Agricultura tem os seus haveres e a sua casa.

Eu conheço a província do Minho. O Minho e particularmente a região onde o Sr. Ministro da Agricultura tem a sua casa e onde explora a agricultura, é a região mais encantadora do país e onde incide] °o maior número de condições agro-- económicas para a exploração do gado. Mas bom era que essas condições fossem .melhor aproveitadas.

Teria a maior astisfação se visse amanhã o Sr. Ministro da Agricultura apresentar ao Parlamento qualquer proposta de lei nesse sentido.

Tenho uma vida quási de cigano, porquanto, por virtude do ofício e até por amor, frequento muito as feiras, quer sejam as do sul, quer sejam as do norte, e as do norte muito especialmente. Conheço mesmo com uma certa intimidade as de Vila do Conde e de Vila Nova de Fama-licão.

Pois, Sr. Presidente, venho dessas fei^ rãs com o coração a sangrar, porque verifico que nelas se faz uma selecção negativa do gado.-Tudo quanto são boas crias é arrebanhado pelos marchantes, para os talhos; tudo quanto são crias miseráveis fica para o criador.

Ora isto deve acabar.

Este facto dá-se nas feiras do Minho e verifica-se também em todas as regiões de criação de gado.

S. Ex.a o Sr. Ministro da Agricultura deve conhecer os resultados obtidos na Escola Agrícola de Santo Tírso para onde, por conselho meu, foi um touro cha-rolês que jazia nainacção, e que tem dado magníficos resultados na reprodução, a ponto de um vitslo, à desmama, ter um valor duplo em carne.

De resto, já S. Ex.a tem a demonstração de que, tanto naquela região como em outras do país, se pode melhorar a espécie cavalar, porquanto os diversos reprodutores que para lá têm ido já conseguiram melhorar, a produção equídea da região.

Por consequência também não me parece que seja um'1 assunto difícil.

E assim já temos uma das formas de o resolver. Falta a .outra. A outra é dar a essa massa de gado a alimentação própria.

Para isso tem de ser transformada completamonte a agricultura do Minho, - -

A agricultura do Minho é hoje, porventura, aquela que era já no tempo de D. Sebastião. São o milho, a erva lameira e quando muito a batata para adubar o caldo verde, que se cultivam.

As leguminosas têm de exercer uma acção muito importante nessa região.

Dê o Sr. Ministro da Agricultura mui-, tas leguminosas à região do norte e terá assim contribuído para que não haja necessidade de comprar carne argentina, pelo preço por que fica a carne nacional.

Verifico, Sr. Presidente, que estou abusando, mas confesso que a propósito do discurso do Sr. Ministro da Agricultura podia dizer ainda muito mais, mas não quero ser maçador.

Já verifiquei que S. Ex.a está sendo chamado para outros assuntos; por consequência não prolongarei as minhas considerações, o que é para felicitar o Senado e para felicitar V. Ex.a

Mas não quero acabar estas minhas palavras, que foram sugeridas pela brilhante exposição de S. Ex.a, sem lhe pedir que não seja um desiludido. Pode S. Ex.a não ter tido o resultado que esperava, mas não desanime, estude mais para que a sua proposta possa ter uma realização mais prática, veja onde estão os seus fracos e os princípios que S. Ex.a tem como basilares e como essenciais e que possam ter.uma execução imediata. .

S. Ex.a não pertencendo como afirmou a nenhum partido político, está por consequência na melhor das condições para ser Ministro da Agricultura neste Governo e nos seguintes.

S. Ex.a é uma capacidade, o País tem obrigação de utilizar a competência dessa capacidade.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Costa* Júnior : — Desejava conversar com V. Ex.a relativamente à falta de pão.

Tem faltado pão em Lisboa e os industriais independentes têm vindo para público com afirmações, que eu desejava que o Sr. Ministro me explicasse, a serem verdadeiras.