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Diária das Senões do Senado

rinhas, não podem vender o pão pelo preço da tabela.

Além disso há outra atoarda que tenho a certeza que S. Ex.a vai desmentir, porque conheço os sentimentos de S. Ex.a através dos seus estudos e trabalhos, e sei que S. Ex.a seria incapaz de dizer o que eles afirmam, e que vem a ser «que o Ministro lhes tinha aconselhado que vendessem o pão sem o peso legal».

Este problema da panificação teia sido encarado por quási todos os Srs. Ministros, mas há íactores que a meu ver não têm entrado em equação. Eu acho que a taxa de moagem é excessiva em virtude do estado do câmbio.

Desde que se faça a sua correcção e se entre em linha de conta com outros factores, que eu vejo sempre afastados, chegamos a melhores resultados.

Entra sempre nos cálculos a idea de que 100 quilogramas de trigo dão 100 quilogramas de pão, e, todavia, 100 quilogramas de trigo podem muito bem dar 116 quilogramas de pão.

A moagem tem um excesso de quilos de farinha, e tanto assim que há um tempo para cá não vimos pedir para serem aumentadas as taxas.

Eu devo dizer a S. Ex.a que o pão está péssimo, chega a ser indigesto, parecendo muitas vezes uma bola de borracha.

Chamo a atenção do Sr. Ministro para este facto. Como S. Ex.a está encarando, a meu ver bem, o problema da agricultura em Portugal, ouso lembrar a S. Ex.a este assunto: que ó preciso rever as taxas de moagem e panificação.

Eu não quero que a moagem não tenha a justa remuneração do seu trabalho; é preciso dar a César o que é de César e a Deus o que ó de Deus, é preciso dar--Ihe um lucro relativo ao capital, mas não vamos ao excesso.

ComQ a hora vai adiantada, termino por agora as minhas considerações, tencionando mais tarde enviar para a Mesa uma neta de interpelação sobre este assunto.

O orador não reviu.

O Sr. Afonso de Lemos : — Sr. Presidente : vou ser breve como ó meu costume.

Há pouco, quando pedi a palavra para

explicações, fi-lo perante a afirmação categórica do Sr. Ministro da Agricultura de que não havendo trigo no País tinha necessidade de o mandar vir do estrangeiro.

Ora, já há pouco fiz a afirmação de que o Sr. Ministro estaria enganado pelo menos sobre o assunto, por isso que fazia a afirmação, e estou convencido que não serei desmentido, de que na minha região de Beja, principalmente aquela que eu mais conheço, que é Serpa e Moura, há, muitos milhões de quilogramas de trigo, que S. Ex.a pode adquirir pelo mesmo preço que vai dar ao estrangeiro, isto é, por 1$60 o quilograma.

Ainda a propósito disto, desejo fazer esta pregunta : ^ o trigo que vem do estrangeiro é tam bom como o nosso ?

Talvez não seja, pois eu afirmo a S. Ex.a que este ano .o peso médio que regulou naquela região foi de 78 a 80, trigo mole e rijo, muitíssimo bom.

Porque é isto?

Temos que conversar um bocado sobre o assunto «tabelas».

Primeiro, quero fazer um'protesto em nome dos lavradores daquela região contra o facto de, não havendo tabelas para nenhum outro género, nem para nenhum dos objectos de que o lavrador precisa, desde o vestuário às alfaias agrícolas, adubos, etc., apenas as haja para o trigo.

£ Porque há de ser o trigo a única cousa tabelada?

Mas vejamos o que têm sido as tabelas, porque no estudo dessas tabelas encontraremos a razão por que estão retidos naquela região tantos milhões de quilogramas de trigo.

As tabelas têm sido sempre uma cousa desgraçada.

S. Ex.as sabem muito bem que a maior parte dos lavradores não sabe ler, não lendo, portanto, jornais e estando afastada dos pequenos centros onde podia mais ou menos ouvir aos outros aquilo que ele não pode ler.

Ele vive na sua lavoura, ignorando em absoluto que se publicaram tabelas e ignorando também em absoluto o que elas sejam.