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Sessão de 4 de Fevereiro de 1920

i O que estabelecem essas tabelas ? Que o lavrador tem obrigação de manifestar o trigo dentro de um prazo marcado.

Más, por experiência adquirida nos anos anteriores, o lavrador sabe que o primeiro que lhe aparece a comprar trigo por preço superior à tabela tem sido .o próprio Governo. De maneira que o lavrador diz : «<_ que='que' de='de' governo='governo' amanhã='amanhã' ir='ir' é='é' trigo='trigo' mais='mais' comprometer='comprometer' próprio='próprio' ao='ao' posso='posso' o='o' p='p' eu='eu' se='se' caro='caro' hei-de='hei-de' até='até' me='me' fazendo='fazendo' manifesto='manifesto' porque='porque' vendêlo='vendêlo'>

Quando eu digo Governo, digo outras entidades mais ou menos oficiais.

Outra razão por que o lavrador se escusa a manifestar o trigo é devida a uma exigência do manifesto:

V.1 Ex.a vai por exemplo à minha região onde está um dos maiores celeiros, será o maior celeiro do País, que é Sarpa, que produz 30:000 mo;os de trigo e vê que ao passo que os lavradores tem a poucos quilómetros a fronteira espanhola, nem com o .auxílio de uni telescópio podem descobrir o caminho de ferro.

Por- isso o lavrador que vê os prejuízos resultantes de mandar os seus carros e as suas parelhas a distância de muitos quilómetros para encontrar a estação, re-trái—se e fica na situação de ser explorado pelos miseráveis que levam na algibeira a sua balança falsificada.

Mas ainda há mais.

O Governo, segundo á tabela oficial, é obrigado a fazer o rateio pelas fábricas de moagem. E eu sei que esse rateio foi feito ; & mas o que tem acontecido'?

Os lavradores, para não estarem com receio de serem incomodados, deram ao manifesto uma parte mínima do trigo que têm nos seus celeiros,

Ainda hoje lá têm o seu trigo; ainda não o foram lá buscar.

V. Ex.a pode-se informar disto em Moura e Serpa; lavradores que eu conheço mo têm afirmado.

Outra cousa. Um lavrador conheço eu a quem foi distribuído o trigo para uma fábrica do Norte.

<_0 p='p' que='que' a='a' fábrica='fábrica' fez='fez' ultimamente='ultimamente'>

Primeiro, mandou preguntar se o trigo era rijo ou mole. Como lhe mandassem dizer que trigo era rijo, responderam que só compravam trigo mole, e esse,

mesmo, com um prazo de três meses de demora.

Ora, Sr. Ministro da Agricultura, perante tabelas organizadas assim, perante a falta de seriedade na execução dessas tabelas,

De modo que se chega à conclusão de V. Ex.a vir aqri afirmar que não há trigo nacional.

^Ora quere V. Ex.VSr. Ministro da Agricultura, que no prazo de três a quatro dias haja trigo em Lisboa por aquele preço ?

Estou convencido de que o poderá obter; o que é preciso ó saber como.

V. Ex.a sabe que em todas essas regiões há os sindicatos agrícolas.

Se V. Ex.a determinasse quo cada sindicato tem a obrigação de ter uma balança rigorosa, aferida de modo a que os lavradores saibam que essa balança ó a verdade; se V. Ex.a par intermédio desses sindicatos se informar da quantidade de trigo que pode adquirir, V. Ex.a pode ter a certeza de que o lavrador tem a confiança precisa para chegar ao sindi-ato e oferecer o seu trigo.

O sindicato terá. uma percentagem mínima por esse trabalho, e o Governo fica garantido com trigo nacional, escusando de se deitar para o estrangeiro quantidades enormes de ouro.

Portanto, Sr. Presidente, e Sr. Ministro da Agricultura, eu tinha de fazer esta afirmação a V. Ex.as e espero que o Sr. Ministro da Agricultura não torno a afirmar, como hoje, que não há trigo nacional, porque isso não é verdade.

Também não tem direito de queixar-se que o lavrador não lhe fornece trigo à face dessa tabela, porque ele não tem confiança nem nessa tabela nem no Governo.

£ Quere V. Ex.a prestar um serviço à lavoura nacional, ao País, à população de Lisboa ?

Trate do assunto por intermédio dos sindicatos que merecem a confiança dos lavradores, e no dia seguinte muitos milhares de quilogramas de trigo irão bater à sua porta.