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Sessão de 31 de Março de 1926

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rem os eucaliptos como se fossem pinheiros, ou, para melhor dizer, com a rama deitada abaixo.

Qualquer estrangeiro que viaje no nosso pais, por exemplo no Alentejo, que assista a essa vergonha e que saiba que« essas árvores pertencem ao Estado fica com certeza íazendo uma idea tristíssima dos funcionários técnicos que superintendem neste serviço.

O outro fim a que visava o projecto de lei era o de evitar o corte das árvores praticado por quási toda a gente, uns por malvadez, o que reputo o menor número, e outros, no maior número, por defesa natural.

Escolhemos por isso apenas três essências florestais: o sobreiro, o castanheiro -e a oliveira, essências estas que em qualquer parte do país continental se podem desenvolver, e, assim, seriam aplicados o castanheiro e a oliveira .à parte norte e ao centro do país, o sobreiro e a oliveira ao sul e centro.

E não foi simplesmente por uma quês-' tSo de acaso que foram escolhidas essas essências, mas sim por serem essas árvores consideradas como plantas ricas, que-re dizer, plantas que dão maior rendimento, de forma que com esse rendimento, quer em cortiça, quer em castanha, quer em azeitona, fosse paga uma parte das desposas com a conservação das estradas.

Em geral, os actos de vandalismo praticados nas árvores pelos proprietários -confinantes das estradas são motivados pelo facto de se plantarem árvores à beira das suas propriedades ao acaso, arvores umas melhores, outras piores, -é certo, mas que são de pouco rendimento e que esgotam uma grande faixa de terreno em volta de si, prejudicando assim consi-deràvelmente as culturas que lhes ficam mais próximas.

Neste caso está, em primeiro lugar, o eucalipto; mas não é só .esta essência florestal que não convém; há muitas outras.

O ailanto, por exemplo, cuja madeira não presta para nada, será talvez árvore muito boa para alimentar um bicho produtor de seda, mas não para plantar nas estradas, não só por esgotar os terrenos próximos, mas ainda por os invadir de rebentos.

O Sr. Pedro Chaves (interrompendo}-. — Pois tenho a informar V. Ex.a de que essa árvore está sendo aproveitada com certo resultado em correias para canastras.

O Orador: —Pena é que ela só não fizesse toda em correias e desaparecesse das estradas.

Mas, Sr. Presidente, eu ia dizendo que as três essências florestais que toda a gente está acostumada a ver plantadas junto das estradas, sem que ninguém pense em cortá-las, são o castanheiro, o sobreiro e a oliveira. Por- consequência, o único inconveniente a que havia a obviar era que se cortasse e destruísse tais árvores.

Com a plantação destas" árvores, como já disse, poder-se-ia obter um rendimento importante, que concorreria para a conservação das mesmas estradas.

Devo dizer que há já plantados em algumas estradas óptimos sobreiros, que têm dado bons resultados e ninguém os corta.

No meu modo de ver, foi isto o que justificou a apresentação destas três essências florestais, de resto, de fácil obtenção.

a O sobreiro é facílimo encontrar-se no .país, tira-se do desbaste dos montados, sendo de fácil plantação. A oliveira também se encontra por todo o país e a plantação por estacas não é dificultosa; apenas se deve procurar resguardá-las para que o gado as não roa. Quanto ao castanheiro, ó fácil encontrá-lo no norte.

No que respeita à referência feita pelo-Sr. Ferraz Chaves de que os autores da projecto se tinham esquecido da árvore mais necessária, para a plantação, eu devo dizer o seguinte:

O eucalipto é sem -dúvida uma árvore valiosíssima, uma das essências florestais de maior valia e não serve só para madeira e para enxugo de terras, serve também para se lhe extrair o eucaliptol; mas tem grandes inconvenientes: a sua plantação à beira das estradas. As suas raízes invadem extraordinariamente os terrenos em volta, prejudicando e mesmo-destruindo todas as culturas neles existentes.