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Sessão de 31 de Março de 1925

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vores de fruto, e outros preferirão as que aão dão fruto. Por consequência, façamos-lhes a. vontade, e então teremos ã certeza de que essas árvores se criarão e serão bem tratadas.

O que ou desejo é estimular os proprietários dos terrenos a plantar as árvores, a limpá-las, a compô-las. Simplesmente não as poderão cortar, porque isso lhes ó vedado pelo artigo 5.°

Nestas condições, na altura competen-te, eu apresentarei o meu artigo. '

E termino como comecei, por dizer que dou, com todo o meu entusiasmo, o meu voto ao projecto que está em discussão.

O orador não reviu.

O Sr. Oriol Pena:—Sr. Presidente: faço, muito sinceramente, inteira justiça às intenções, sem dúvida muito boas, dos íiutores do projecto.

Como o Sr. Ferraz Chaves mostrou ser, no magnífico discurso que pronunciou, sou também um grande amigo das árvores, e receio venha o projecto, em vez do efeito benéfico suposto pelos Srs. Medeiros Franco o Artur Costa, a dar o resultado exactamente contrário."

Grandes verdades disse S. Ex.a ao falar sobre este projecto. Verdades como punhos, calando muitíssimo bem no espírito da Câmara. Os. fundamento?; eram excelentes; a dedução muito bem^expos-ta e toda a gonte lucrou em o ouvir.

Não me parece sejam diplomas legislativos assim orientados, mais à direita ou mais à esquerda, os instrumentos adequados para resolvermos o problema. O mal, sem dúvida, provém duma questão de sensibilidade e de educação. O povo, •em geral, não gosta da árvore. Porquê? Não se sabe.

Apetece-lhe um dia de calor encontrar uma árvore à boira da estrada para se acolher à sua sombra, assim como lhe •sabe bem, quando chega o 'inverno, ter lenha para queimar e com ela' se aquecer. E a falta de arborização terá como -consequência', num futuro mais ou menos próximo, fazer-nos lutar com a falta de •combustível e com a falta de água, segundo a opinião conhecida, emitida há já /muitos anos por Humboldt.

Mas não vale a pena fazer aqui o elogio da árvore, e só desejo, resumidamen-áe, apontar alguns factos ao estudo que a

Câmara parece querer fazer deste problema. E para isso entendo dever convidar os autores do projecto a retirá-lo provisoriamente da circulação, mesmo depois do votado na generalidade, para dele se poder fazer uma cousa prática, útil e, possivelmente eficaz.

Como está, não é aproveitável,^ e desde já declaro estar na intenção de não o aqrovar.

Disse muito bem o Sr. Ferraz Chaves, que o nosso país, apesar do seu privile-. giado clima, não é um país pomícola. Um país extraordinariamente ventoso como o nosso, com a primavera incerta que temos, não pode ser, em boas condições, um país pomícola.

Não precisamos ir muito longe para verificarmos que no nosso país, em geral,, não se gosta de árvores. Basta chegar a uma das janelas de onde só veja a Avenida das Cortes, desde cá de cima até lá abaixo, e ver como estão tratadas as árvores pela câmara municipal plantadas !

São ailantos, árvores de grande porte, e deviam ser deixadas subir livremente, -e assim se desenvolverem, e lá estão dês-, bastadas na parte superior para não tirarem a vista aos moradores dos primeiros e segundos andares dos prédios que lhes. ficam fronteiros, querendo a câmara ser agradável aos moradores, que preferem a vista do movimento banal da rua.

Não tenho predilecção alguma por estas árvores, mas acho bárbarooo trata'-, mento que se lhes dá, desde que existem. São muito invasoras e estendem as raízes muito longe.

O ailanto não é árvore recomendável para os arruamentos, e numa quadra do ano, quando em floração, espalha cheiro desagradável a ratos. Ora não plantamos árvores para sermos agradáveis aos gatos, os únicos bichos a quem tal cheiro poderá ser agradável.

O Sr. Ferraz Chaves :-^ Noto V. Ex.a que ainda não houve, por parte da Câmara Municipal de Lisboa, um ensaio para aproveitamentamento das.'folhas .para o fabrico da seda, que, embora de qualidade muito inferior, é em todo o caso muito resistente.