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Diário das Sessões do Senado-

lhe vem o nome comum de falso verniz do Japão..

Não sei se a madeira é utilizável.

Alguma cousa sei porém a respeito dos eucaliptos, de que possuo alguns exemplares e entre eles um deveras notável, e, sei, pode a sua madeira ser utilizada com grandes vantagens em alguns casos.

Tenho uma pequena carroça inteiramente construída há muitos anos de madeira de eucalipto o ainda faz perfeitamente o seu serviço.

Ainda não apodreceu, ainda não se escangalhou e trabalha todos os dias.

Tenho material de adega, com costeia-me feito de madeira de eucalipto, tendo aguentado já muitos anos de serviço.

É mais pesado que o castanho ou o carvalho, mc.s não põe mau gosto.

Já não acontece o mesmo com as fua-dagens, apesar de ter sido cuidadosamente escolhida a madeira empregada e estar na ocasião completamente seca.

O vasilhame era grande, grandes eram as peças empregadas, mas com o uso deformaram-se a ponto de terem de ser substituídas.

Para material de abegoaria, tem também boa aplicação nos eixos comuns e nas lanças dos carros de bois.

Dura muito tempo nos eixos e nunca mais tive unia lança partida, desde que nelas o emprego.

Sabemos darem-se os eucaliptos, à.L variedade glóbulos, na grande maioria dos nossos terrenos, e produzirem madeira, tanto melhor quanto mais magro for o terreno em que tenham sido plantados.

Invade efectivamente alguma cousa na superfície, as propriedades, mas é bastante fácil defendê-las com uma contra-vala feita a distância conveniente e com profundidade adequada.

No projecto há outras espécies possivelmente utilizáveis: oliveiras, sobreiros, etc.

Corn respeito às frutíferas propriamente ditas, julgo-as inadaptáveis pela maior parte, para os fins visados no projecto.

Só quem nunca plantou um pomar, pode ignorar as contingências de desenvolvimento e duração das árvores frutíferas.

Nunca consegui, apesar de todos os cuidados, que uma boa ginjeira, por exemplo, me durasse mais de seis ou oito anos.

j Contar com os frutos, como supõe o projecto, ó, no estado actual da mentalidade do país, uma perfeita utopia!

Nós limitamo-nos a pedir sombra no verão, e a tirar-lhes a madeira quando as árvores chegam ao pó ato de poderem fornecê-la.

A propósito da exploração de taludes, vou citar um facto passado na minha meninice e deu grandes desgostos e algum trabalho a Alexandre Herculano.

A estrada de Santarém a Pernes cortar em Vale de Lobos, a propriedade do ilustre e notável historiador.

Alexandre Herculano muito serenamente como agricultor e admirador da árvore, fazendo já nesse tempo experiências-muito interessantes, de governo das oliveiras e de árvores de fruto em cordões, aproveitou esses 'taludes de boa altura sobre a depressão de terreno atravessado pela ribeira, revestindo-os de arvoredo.

Passados tempos, com as árvores j â.de algum tamanho e bem fixado o aterro, começaram as Obras Públicas a alegar pertencerem as árvores ao Estado por serem os taludes pertença do mesmo Estado, etc.

O caso deu desgostos a Alexandre Herculano, e liquidou-se não sei ao certo como por esses factos terem sido passados na minha meninice, quando tinha os meus quinze ou dezasseis anos.

Mas chamo para este ponto a atenção do Sr. Artur Costa, por entender valer a pena pensar no caso.

Não querendo tomar mais tempo à Câmara, termino louvando o Sr. Ferraz Chaves pelo desassombro da sna exposição e pela excelente lição exposta, fazendo votos por ver modificado este projecto de forma a tirar dele alguma cousa de útil e eficaz, sem as consequências funestas que lhe previ.