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Sessão de 31 de Março de 1920

Devo dizer a razão que havia para indicar estas três essências.

Unia delas ó por assim dizer vista em todo o País, que ó a oliveira; tínhamos o sobreiro para terras 'da parte sul, e o castanheiro para algumas regiões do norte.

Disse o Sr. Ferraz Chaves, e nessa parte também concordo plenamente, que algumas outras essências florestais, como as rubíneas e muitas outras acácias que se dão actualmente em todas as regiões do nosso País, deviam ser consideradas nesí© projecto.

Pelo 'que respeita ao eucalipto não estou de acordo, pois a considero péssima, .quer pelos tfstraços ocasionados nas culturas dos terrenos marginais, quer pelos estragos produzidos no próprio leito das estradas, pela erosão.

Não concorda S. Ex.a também com to-.das as árvores frutíferas. Estou de acordo com S. Ex.a e tanto assim que no meu projecto as árvores frutíferas não eram incluídas pelas mesmas razões queS.Ex.a citou.

Efectivamente lá fora as estradas são orladas de árvores frutíferas, os seus frutos são vendidos em hasta pública, sendo o próprio arrematante que faz a fiscalização desses frutos.

No nosso País isto é avançar demais e então deveremos reduzir um tanto as nossas aspirações.

Disse ainda o Sr. Ferraz Chaves que o Estado não pode de forma alguma fazer face às necessidades, na questão de fornecer as árvores suficientes para se arborizar todas as estradas do País dum momento para o outro. De acordo, mas o que é um facto é que se nós não começarmos, nunca atingiremos um fim. E preciso fazer alguma cousa como princípio.

Os estabelecimentos de agricultura, presentemente, com campos experimentais, postos agrários, estações agrárias, podem realmente fornecer um grande número de essências florestais. Além disso, hoje, e nessa p arte-eu tenho muito prazer cm o dizer à Câmara, os serviços florestais estão montados por forma a satisfazer as exigências do País; têm à sua frente funcionários duma competência que não pode ser contestada e nos seus viveiros têm árvores em grandíssima quantidade.

Não quero dizer com isto que num ano se possam arborizar todas as estradas, mas podemos, na verdade, ir a pouco e pouco e conseguirmos esse fim.

O Sr. Ferraz Chaves talvez possa considerar-se, realmente, como benemérito. Fazendo por assim, dizer a comparação entre S. Ex.a e a minha pessoa e naquilo que S. Ex.a tem conseguido e o que eu tenho conseguido desde 1906 na minha terra, ondo-íiz a propaganda da árvore, direi que S. Ex.a é uma excepção, pois, infelizmente, triste é dizê-lo, são exacta mente as corporações administrativas que não seguem a propaganda feita pelos técnicos e ao mesmo tempo encaminham-se para a destruição 4a árvore.

Ainda não lia muito tempo, dentro do mn recinto, que é o jardim público do Évora, praticou-se uma verdadeira selvajaria, destruindo um grande número de essências florestais, tondo algumas delas centenas de anos.

Apesar de toda a propaganda feita pelas pessoas competentes, a maior parte do que se tem conseguido é só por meio de leis de obrigação, e só obrigando-se a cuidar das árvores é que se poderá obter qualquer cousa de útil.

Sr. Presidente: já da primeira vez que este projecto esteve em discussão, e ago • rã, só apelidou o projecto de música celestial.

Devo dizer que, se isto é música celestial, então a música celestial tom sido posta em prática em muitos países, onde se têm colhido óptimos resultados.

Nós que somos uni povo que consegue tudo que se quere, parece impossível que só não consigamos a arborização das estradas.

Se'lá fora para se arborizarem as estradas, não só por causa da sua sombra agradável, mas também com o fim de tirar o produto suficiente ou quási suficiente para a reparação dessas vias de comunicação, se lá fora se faz isso, porque não vamos nós ao menos fazer essa tentativa com os recursos que já hoje possuímos nos estabelecimentos agrícolas, que têm as árvores suficientes para esse fornecimento?