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Diário das Sessões do Senado

Até os senhores monárquicos não podem deixar de reconhecer na sua consciência que o triunfo do Governo e da República não podia deixar de ser a derrota de Raul Esteves e do Filomeno da Câmara.

Todos nós, republicanos, nos lembramos— embora pareça ter já esquecido — da forma como fomos tratados no tempo de Sidónio Pais.

Sr. Presidente: quando o Governo trouxer aqui o seu relatório sobre os acontecimentos, eu hei-de citar o nome das pessoas que encobriram os dirigentes do último movimento, apontando-os como modelo de disciplina e de ordem.

Sr. Presidente: se a Câmara me permite, uma vez que na saudação se citam o Chefe do Estado e o Sr. Vitorino Guimarães, eu abrangia nessa saudação o geç-neral Adriano de Sá e o» coronel Mac--Bride.

Para todos estes a minha saudação, e para as vítimas todo o meu sentimento, porque essas são em muito maior número do que as que resultaram do 19 de Outubro, que tanto compungiu os homens de coração que dirigiam esse movimento.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Lima Duque : — Sr. Presidente : o Sr. Catanho de Meneses propôs uma saudação ao exército e um voto do sentimento pelos que morreram nos combates travados nos últimos dias, e propôs também saudações ao Governo e ao Sr. Presidente da República.

A saudação ao exército está no ânimo de todos nós.

Foi o exército — como disse ainda ha pouco o meu colega e amigo Sr. Ribeiro de Melo — foi o exército que manteve os imprescindíveis princípios da disciplina e da ordem e o prestígio das instituições vigentes.

Apoiados.

Se o povo lhe quis dar o seu apoio moral, é todavia certo que a acção foi puramente militar, e portanto foi o exército que se conservou fiel à sua dignidade, aos seus juramentos; íoi o exército que manteve a ordem sem violências exageradas, com aquele aprumo e patriotismo que é próprio do exército português.

Muitos apoiados.

Não pode pois a Acção Eepublicana do Senado deixar de se associar à saudação ao nosso exército.

E ó bom frisar neste momento que no apuramento das responsabilidades se deve atender a que uns mandaram consciente-rnente, outros obedeceram como obrigam os regulamentos militares.

Só aos chefes e graduados cabem responsabilidades.

Apoiados.

Para os que morreram, cumprindo o seu dever militar, obedecendo às ordens dos seus superiores, para esses vão piedosamente as nossas penas e a expressão mais viva do nosso sentimento.

Relativamente à saudação ao Governo e ao Sr. Presidente da República, os factos ainda não nos demonstraram qual foi em toda a sua evidência a acção do Sr. Presidente da República e do Governo, mas o que sabemos, e o que está à vista de todos nós pelos acontecimentos que mais nos impressionaram, é que a acção do Governo foi uma acção eficaz e coordenada, sem crueldades nem sangrências daquelas que caracterizaram outros movimentos revolucionários.

A revolução foi sufocada duma maneira nobilitante para os poderes públicos.

Apoiados.

E tal foi a maneira como o Governo s§ portou Dará com os vencidos, que podemos afirmar que esta revolução foi.uma revolução que teve a lealdade como seu significado. ,

jii um significado que não deve esquecer aos que governam hoje, como também àqueles que venham a governar amanhã.

É preciso que de ora avante os Governos atendam principalmente às correntes de opinião popular, culta e sincera (Apoiados), é preciso que os Governos se integrem perfeitamente nas aspirações do país, ó preciso que actuem dentro da justiça e da moralidade (Apoiados), e só assim se poderão impor aos impulsos criminosos e desordenados que procuram destruir a organização social estatuída.

É preciso finalmente que cada um sacrifique uma parcela, pelo menos, das suas ambições e dos seus caprichos, ao bem-estar da colectividade.

Apoiados.