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Sessão de 21 de Abril de

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O quo nós precisamos é saber primeiramente qual era a situação, e essa só o Governo a poderá dizer, se o Governo desde a primeira hora estava senhor do espírito combativo das tropas que lhe estavam fiéis, ou se o Governo, por um momento mesmo que fosse, duvidou da acção pronta e imediata dessas forças.

Não é, Sr. Presidente, de presumir que se duvidasse um momento da acção daquelas forças que se conservaram fiéis ao Governo e que se bateram com heroicidade e com patriotismo.

Em todo o caso, nós é que podemos afirmar com segurança que todas as unida-dades militares estavam .incondicionalmente ao lado do Governo, da lei e da ordem.

Portanto, quaisquer comentários que façamos sobre a atitude do Governo, sem que o assunto seja suficientemente exposto por quem de direito, afigura-se-me praticar um acto precipitado.

Estamos em face de acontecimentos passados e é justo reconhecer que o Governo sufocou a revolta com a maior nobreza, isenção e critério.

Este aspecto da questão não pode deixar de merecer a minha especial referência elogiosa, porquanto se não serviu de revolucionários civis para dominar a revolta, tendo-se unicamente servido da força regular.

Sr. Presidente: eu fui sempre contrário às revoluções, porque entendo quo todas as questões mesmo políticas entre homens do mesmo País devem ser resolvidas pela inteligência e nunca pela força das armas.

Condeno, por consequência, esse gesto dos militares, embora ele fosse praticado na melhor das intenções, porque actos desta natureza não se fazem de ânimo leve, mas depois de um grande poder de reflexão.

Estou convencido de que os homens que tomaram a direcção deste movimento são pessoas de bem, mas sobre a sua consciência deve actuar o remorso pelo facto de o seu acto ter ocasionado numerosas vítimas, 'muitas das quais nenhuma culpa tiveram de que esses acontecimen- % tos se desenrolassem.

Nada havia que justificasse um movimento desta ordem.:

Não se haviam praticado violências nem.

perseguições contra' ninguém, antes tinha havido tolerância, generosidade e benevolência'para tudo e para todos.

Diz o ilustre Senador D. Tomás do Vilhena que se os Governos tivessem aberto as portas da República a todos os portugueses não se daria este caso. Eu entendo que se isso tivesse sucedido nós estaríamos hoje numa monarquia pior do que aquela que desapareceu em 1910.

Pode ter havido erros, como é natural que haja em todos os países, erros que se podem apreciar, criticar, como eu tenho sido o primeiro aqui a verberá-los.

Mas no momento em que rebentou esta revolução, que não era para melhorar a situação do povo, ela tinha unicamente por fim fazer-nos retrogradar a uma situação muito pior do .que aquela em que nós estávamos em 1910.

Muitos apoiados.

Situação em que iríamos enveredar pelo caminho da ditadura militar com todos -os seus horrores, pior ainda do que àquela que sofremos no tempo do sidonismo, em que os fortes e as fortalezas .foram cheios das principais figuras da República, embora os revolucionários na proclamação que lançaram declarassem não perseguir pessoa alguma.

Esta promessa não se cumpriria nem se executava porque, quando estivessem no Poder, haviam de ser inexoráveis e haviam de perseguir os republicanos, desconsiderariam o Parlamento e a representação nacional, entregando toda a administração do País nas mãos do exército.

Nós teríamos então em Portugal nma situação pior do .que a da infeliz Itália è a da desgraçada Espanha, onde ditadores imperam amarfanhando a liberado.

Já quando o Sr. Vitorino Guimarães tomou posse lhe anunciei esta' revolução e admitia a hipótese de ela triunfar, porque, em política, a lógica e a justiça poucas vezes imperam.