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Sesêão de 21 de Abril de 1925

mente continuam a resistir aos bons princípios da sã democracia.

Havemos de escalpelizar todos os que tendo a sorte de chegar até Ministros da Eepública e ocupado a pasta da Guerra, têm afastado dos primeiros lugares do exército grandes republicanos, como, por exemplo, o Sr. Sá Cardoso; têm desrespeitado os protestos da consciência republicana, colocando nos lugares de confiança da República pessoas que não são simpáticas nem à República nem ao povo republicano.

Aguardo, pois> as palavras do Sr. Presidente do Ministério, em quem confio plenamente, sendo então essa a ocasião para eu falar.

Na saudação que fez ao exército o Sr. Catanho de Meneses, cabe sem nenhuma espécie de dúvida o nome do Sr. general de" divisão Adriano de Sá. Cabe também o do comandante de artilharia 3, republicano de 5 de Outubro, o major Mac-Bride, que fez os primeiros tiros dê artilharia para a Rotunda, pondo--se assim ao lado do Governo o do povo republicano que se espalhava pelo Rossio e artérias da Baixa.

Sem eles, Sr. Presidente, á consciência republicana teria sido vilipendiada, como o tem sido por muitos dos Ministros que se têm sentado nas cadeiras do Poder.

Se outros fossem os homens que fizessem a revolução que não Sinel de Cordes e Raul Esteves, nós hoje não estaríamos a louvar a vitória dá República, porque teríamos de louvar outra vitória, aquela que interpretava o sentir do povo republicano que está há muito tempo afastado dos princípios republicanos por aqueles que tinham ò dever de lhe dar todo o seu carinho.

Sr. Presidente: as ordens chegaram tarde, o ataque aos revoltosos começou tarde, e há apenas uma desculpa^ desculpa de grande valor efectivamente: foi a habilidade, a táctica do Sr> Adriano Sá, que quis primeiro experimentar o sentir das unidades que não tinham ido para a Rotunda, para que não pudessom recusar uma ordem do comando da divisão, e só assim se explica a demora da repressão.

Mas o que não se explica ó que a consciência republicana se deixasse estar tantas horas esperando que as forças de artilharia do comando do Sr. major Mac-

Bride iniciassem o fogo vivo que se fez ouvir durante a noite de sábado e a madrugada de domingo. '..

Sr. Presidente: fui para esta revolução como fui em 5 de Outubro, para defender a minha pele, o meu corpo e a minha cabeça, porque sabia que Raul Esteves, esse mantenedor da ordem e da disciplina, não era um republicano; sabia que Filo-meno da Câmara tinha chamado, numa entrevista concedida a um jornal, «rapa-zio de S. Bentos ao Parlamento; e quando eu chamei a atenção do Sr. Ministro da Marinha para o facto, S. Ex.a desculpou tanto quanto possível o seu camarada, e foram-lhe dadas outras comissões de serviço para poder à luz do dia aliciar quási toda a guarnição de Lisboa.

A vitória hoje é do exército e da República; o povo republicano quis auxiliar os militares e eles negaram-lhe armas, como me aconteceu a mim, que tendo-se--me encravado a minha pistola, pedi uma arma ao tenente de infantaria l, Afonso Madeira, dizendo me ele que as contas a ajustar eram entre o exército. O povo republicano só seria chamado quando já não houvesse exército republicano.

Sr. Presidente: congratulo-me que assim tivesse sido, porque foi a consciência republicana que venceu, não foi um Partido dá República que venceu, não foi um Governo da República que triunfou, foram os republicanos de Portugal que triunfaram — e não há aqui invectiva da minha parte ao Partido Democrático, gue está hoje no Governo, porque embora me tivessem chamado já democrático de ida e volta, o Partido não ó culpado, que alguns dos seus membros, quando Ministros, tivessem cometido grandes erros e latrocínios.

Eu lembro a indignação de um velho — permita-me S. Ex.a que o diga — como , é o Sr. Ramos da Costa, na ocasião em que no quartel do Carmo se esperavam resoluções do Governo.

O Sr. Ramos da Costa foi uma das pessoas que estranharam o estado ,de apatia do Governo, assim como o Sr. Domingos Pereira, um dos homens sérios deste País.