O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

14

Diário das Sessões do Senado

Eu disse tudo isso a S. ,Ex.a, porque eu combato tudo quanto sejam violências, não só porque sou patriota, como por mim próprio.

Fui sempre contra as ditaduras, porque, se porventura essa situação viesse, quando eu materialmente tivesse a situação que disfruto, moralmente sentir-me-ia apoucado e vexado. Já não era o meu bem-estar, era o meu sentimento, era a minha dignidade pessoal, que se consideravam apoucados e desconsiderados.

Eu folgo imenso, por todos os motivos e razões, que o movimento de ditadura militar houvesse fracassado e que o Governo pudesse restaurar a ordem, a paz e a tranquilidade nç País, com rapidez e energia.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Procópio de Freitas: — Como há po.uco, por lapso, não declarei que me associava muito sentidamente ao voto proposto pelo Sr. Catanho de Meneses por aqueles que perderam a vida na revolução, não quero deixar de o fazer também.

O Sr. Oriol Pena: — Sr. Presidente: em nome da minha situação política nesta casa falou o Sr. D. Tomás de Vilhena, e muito bem.

Vou falar entristecido, compungido, com o coração dorido e amargurado, não como monárquico, mas como português.

Farei breves comentários a propósito da lamentável desgraça que caiu sobre Lisboa com a revolta ou movimento militar, de cujo início só tarde tive conhecimento.

Ouvi há pouco o Sr. Catanho de Meneses apreciar o caso pelo prisma governamental; ouvi o Sr. Ribeiro de Melo pôr o caso num eixo um pouco diferente e dizer grandes verdades, embora já conhecidas; ouvi falar outros oradores, expondo cada um o seu ponto de vista, apaixonados, carregando todos nos vencidos.

Não tenho qualidade nem mandato especial para lhes responder, nem vou contestar o que S. Ex.as disseram.

Nas breves considerações' que vou fazer, limitar-me-hei a apreciar com o meu fraco espírito o efeito produzido em miia

e lamentar, mais vez, como todos fizeram, os mortos caídos sem culpa terem; as pessoas que ficam com a sua vida estilhaçada; os que sucumbiram na defesa de um ideal, não de partido, mas dos prováveis interesses superiores da nacionalidade.

Os vencidos estão vencidos! jPara eles o meu maior carinho!

Os vencedores estão tam pouco conscientes ou convencidos de terem conquistado um triunfo, que nem alegria mostram !

Os diversos oradores falaram produzindo grandes elogios ao povo republicano. Esse não me interessa...

Aparte do Sr. Ribeiro de Melo que não se ouviu.

O Orador: — Estou a falar em nome do povo português, ò que é bem diferente, e no uso libérrimo do meu mandato. Os factos passaram-se em Lisboa; tenly) a honra de ser Senador por Lisboa; não quis ficar calado.

Ia dizendo, quando S. Ex.a me interrompeu, que para os vencidos ia o meu maior carinho porque vejo inconstestá-veis valores derrotados, amarrotados, desgraçados, inutilizados em detrimento do País.

Não 'critico a acção do Governo ; não me deixo cegar até esse ponto, nem pratico a injustiça de estranhar que este fizesse o que tinha obrigação de fazer como Governo. O Chefe do Estado fez o que qualquer pessoa, encontrando-se em situação semelhante, faria, se... o pudesse fazer.

O Sr. Ribeiro de Melo, no seu breve e caloroso discurso, deu a entender que havia dentro destes factos cousas que não são do domínio público. Creio bem, e o espírito do povo sente-as e mostra bem no seu -porte ter o espírito em estado de tristeza e de amargura. Só quem não percorreu as ruas de Lisboa ignora o ar de -tristeza, de desgosto, de desconsolo da cidade.