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Sessão de 9 de Junho de 1925

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Estamos certos de que, se não se tratasse de uma questão de comodidade dos povos, o Sr. Francisco José Pereira não viria com tanta simplicidade relatar o projecto, mas não vejo que essa comodidade esteja bem marcada.

Já aqui apareceu há tempo um projecto neste género, filho da-mesma mãe e do mesmo pai, irmão germano deste, mas mais curioso que este porque trazia um mapazinho com traços pretos indicando as localidades e as distâncias quilométricas de uma maneira muito perceptível. Em face desse mapazinho, ficava-se fazendo um juízo em que ao menos havia para elucidação um mapa para os Senadores verem se havia ou não erros. Mas visto que não vimos nada, fieamos apenas sabendo que a Câmara dos Deputados votou um projecto pelo qual ficam autorizados a dividir o concelho de Alenquer' em 5 assembleas.

Mas o Sr. Mendes dos Keis, que, creio bem, não tem qualquer ligação com os adversários das instituições, apresentou umas propostas de emenda que modificavam este projecto; as propostas foram à Secção e na Secção entenderam que o Sr. Mendes dos Reis era suspeito e não lhe deram o voto.

Sem dúvida que o Sr. Mendes dos Reis estava no direito de apresentar estas emendas, nem podia haver qualquer sus-peição de ele ter entendimento com elementos monárquicos.

O ilustre Senador Sr. Francisco José Pereira disse, segundo creio, que não convinham aquelas emendas aos republicanos e foi esse um argumento poderosíssimo, qne me forçou a pedir a palavra.

Como tenho muita consideração pessoal pelo Sr. Francisco José Pereira, estou certo de que S. Ex.a há-de ter outro argumento para apresentar à Câmara, e talvez haja algumas razões que me convençam de que só se trata aqui da comodidade dos povos.

O argumento apresentado pelo ilustre Senador Sr. Francisco José Pereira, para mim não colhe.

^O que pretendia o Sr. Mendes dos Reis?

O s Sr. Mendes dos Reis quis, como o declarou, evitar que povos que estão a uma distância de 5 ou 6 quilómetros da sede da assemblea eleitoral tivessem de

ir exercer o seu direito de eleitores a uma localidade que fica à distância de 16 ou 17 quilómetros.

O Sr. Francisco José Pereira em resposta ao Sr. Mendes dos Reis elucidou que realmente esses pontos ficavam a 16 ou 17 quilómetros de distância desde que se seguisse a estrada distrital, mas que seguindo por outros caminhos, que S. Ex.a lá sabe, a cousa fica reduzida a uma insignificância : a 4 ou õ quilómetros.

Ora S. Ex.a esquece aquele velho ditado português : «quem deixa a boa estra-' da e se mete por atalhos toda a vida anda cheio de trabalhos», e quere meter os eleitores em trabalhos...

O argumento do Sr. Francisco José Pereira ó de peso e naturalmente calou no espírito de todos os seus correligionários, os quais irão votar este projecto convencidos de que votarão dentro dos bons princípios e da boa justiça.

Como há pouco disse, não me acho habilitado a emitir um juízo seguro sobre a conveniência e necessidade da aprovação deste projecto, visto que os dois argumentos que vi defendidos pelo Sr. Francisco José Pereira, primeiro que isto era de benefício para os interesses republicanos da região, e segundo que a distância quilométrica a percorrer, embora fosse pela estrada distrital 16 ou 17 quilómetros, podia-se reduzir, pelos tais caminhos velhos a 4 ou 5, estes argumentos não têm, a meu ver, importância.

Eu não sei se S. Ex.a é daquela região. Pela maneira como falou do assunto, parece que a deve conhecer muito bem.

Resta saber porém se o seu conhecimento é de informação, e se essas informações, são tendenciosas ou não.

Nós devemos sempre acautelar-nos com as informações que nos dão a respeito destes assuntos os nossos bons correligionários.