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Diário dag Sessões do Senado

das companhias que mais importantes e relevantes serviços têm prestado à capital.

Chega a parecer impossível como ia o arrojo, para não lhe chamar outra cousa, de fazer afirmações desta ordem.

E V. Ex.as querem ver.

Eu voa ler à Câmara o último reclame que é de 29 do mês findo :

«A Companhia das Aguas é a qoe teai prestado maiores serviços à cidade de Lisboa».

Há mais; mas não .vale a pena estar a cansar a Câmara.

A Companhia procura o Sr. Ministro do Comércio, faz várias reclamações, desenrolando a chamada fita da escassez de água, para depois correr pronta a salvar a capital, e assim fazer jus ao títnlo de benemérita.

E o papel constante da Companhia.

Aqui têm V. Ex.as as razões, por ordem de importância, que concorrem para que a Companhia das Aguas não dê um passo para aumentar a quantidade de água em Lisboa emqnanto não conseguir a modificação do seu contrato\corn formas especiais.

Mas, Sr. Presidente, esse procedimento ainda tem outro fim, o de conseguir que na factura de outro contrato desapareçam aquelas cláusulas do de 1867, cae lhe não convêm e que lhe impõem penalidades, entre as quais a remissão.

Este negócio não presta para nada, o serviço desaguas não dá interesse b, Companhia, mas ela não quere a remissão, quere o monopólio constante assegurado.

Di-lo ela aqui:

«... não seria decerto o .meio mais prático de resolver a, crise o ir desapossar da administração das 'águas e obras um organismo que em mais de cinquenta anos de experiência tem dado largas provas d.a sua competência, para, sern nephuma espécie de preparação, ir burocratizar os respectivos serviços, e que por certo os desorganizaria, além de enormomente multiplicar as despesas».

Como V. Ex.as vêem, ela não quere de fornia nenhuma doixar o monopólio..

Ea sei, Sr. Presidente, que um dos argumentos que os defensores da Compa-

nhia apresentam, quando se fala na administração do serviço das águas pelo Estado, é este: E os Bairros Sociais ? e o& Transportes Marítimos?

E sempre esta objecção e contra ela eu protesto, respondendo-lhes:

E a Caixa Geral de Depósitos?

j £ Têm alguma coisa a dizer da administração modelar deste estabelecimento, e de muitos outros serviços do país administrados por conta do Estado ?!

Mas, Sr. Presidente, é atrevimento-inaudito, ó um1 arrojo demasiado querer comparar o serviço de venda de águas com os serviços dos Transportes Marítimos.

Estes serviços tinham uma função muito complexa e, se o Governo tivesse tido o cuidado bastante para colocar neles pessoas que conhecessem a fundo o as suuto, estou certo que não tínhamos assistido ao descalabro que conhecemos.

Porém, Sr. Presidente, não se procedeu assim: o 'Governo limitou-se a nomear, para dirigir esses serviços, uma comissão composta por três ou quatro oficiais de marinha, e os oficiais de marinha podem saber muito, bem do seu mé-tier mas não conhecem serviços comerciais; é claro que as pessoas habituadas-a este género de negócios é que .podem bem saber quando e em que condições-um navio deve largar para determinado porto, a carga que deve levar, se deve ir à consignação, etc., etc. É uma cousa muito complexa, ó preciso ser um Pedro-Gomes, isto é, conhecer a fundo destas-questõss para tirar vantagens da exploração de uma empresa de transportes marítimos.

jQuerer comparar os serviços dos Transportes Marítimos com o do fornecimento-de águas, como se este tivesse o mesmo, valor, é ousadia!

BEu sei, Sr. Presidente, que um serviço-de abastecimento de águas a uma cidade-é uma cousa importante quando porventura é estabelecido pela primeira vezr porque tem de ter tudo devidamente estudado e acautelado; mas depois de instalado, o serviço de águas é pouco mais do quo deixá-la correr pelo canal e mandar no fim dos meses tomar nota do consumo acusado pelos respectivos contadores.