O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

l f;

Diário das Sessões do Senado

O Sr. Ministro da Instrução que é um médico distinto e um bom biologista sabe hom que se metermos o vinho do Porto juiina pipa de vinagre não pode dar-nos honfio um produto azedo.

O Ministério proveio do Partido Republicano Português, e nesta faso da vida portuguesa todos os Governos saídos do Partido Republicano Português Lão-de fatalmente azedar para o País.

Mas há mais. E que os Ministros que se sentam naquelas cadeiras usurpam o lugar cm que deviam estar Ministros do meu partido. • '. '

O Sr. Ribeiro de. Melo:—Isso é que lho dói.

O Orador: — Doi-me, certamente.

(jComo é que sendo republicano não me há-de doer que a Suprema Magistratura

Evident mente temos.todos os Poderes do Estado —foi isso dito ontem na Câmara dos Deputados e eu tenho de o repetir aqui porque é'verdade— todos os Poderes subordinados ao Directório do Partido Republicano Português.

Está subordinado o mais alto Magistrado da Nação, está subordinado o Poder Legislativo^ está subordinado evidentemente o Poder Executivo.

De modo que o meu Partido está reduzido à condição de pária, de indesejável.

E eu não me parece que esta situação p.ossa ser vantajosa para o País nem para nenhum Partido da República, porque tem a origem por fim das dicidências que atormentam o Partido Democrático e atormentam a vida pública portuguesa.

Mas está o Partido Republicano Português sofrendo agora pelo que fez e eu vou demonstrá-lo porque não é difícil.

Quando depois da queda do Govôrno Nacionalista, de 28 atormentados dias, se foz uma dissidência nó nosso Partido, o Partido Republicano Português ocupou-se a alimentá-la com o maior carinho e coin o maior desvelo. Não h'avia indicação constitucional, não havia votos, não havia 4'avor que se não fizesse para que essa dissidência lugrasse o maior êxito.

Não o tive, Sr. Presidente.

Apesar de se instalarem em Governo aqueles que fizeram essa dissidência ela ficou reduzida a uma patrulha política. Dceu-rne pela saída de amigos que prezávamos o considerávamos politicamente; a Acção Republicana apenas tem servido para fornecer Ministros. Creio que já têm sido quási todos excepto, que eu ine lembre nesto momento, dois, o nosso colega Mendes dos Reis que devia ter merecido • melhor tratamento do seu Partido e o Sr. Ribeiro de Carvalho.

Formou-se então o famoso bloco para valorizar o escudo e acabar com inflação fiduciária, programa este, que era o da dissidência do Ministério Álvaro de Castro.

^O quo fez esto Ministério ?

Enfeitou se corn a.s penas do pavão

E curioso que os -períodos felizes da vida da República são aqueles em que se consignam o entendimento entre os dois grandes Partidos da República.

Da primeira sessão conseguiu-se chegar ao equilíbrio orçamental e da segunda vez, no Ministério presidido por S. Ex.a em que foram sucessivamente Ministros os Srs. Portugal Durão e Vitori-no Guimarães, conseguisse a votação dos orçamentos.

Apesar de todas as facilidades que o Partido Republicano Português deu à dis* sidência, a pequena patrulha não pôde constituir-se num partido e teve de desistir das suas megalomanias, e pouco tempo depois o Ministério do Sr. Álvaro de Castro caiu. Então a República recorreu ao Partido Democrático, e estava certo nessa altura.

Constituí u-se o Ministério da ala direita do Partido Democrático, do Sr. Rodrigues Gaspar.

Não durou muito tempo. Começava a mordê-lo o mesmo vício que nos tinha mordido, a nós, e começava a pronunciar-se uma dissidência, bem mais grave do quo a nossa porque o grupo o canhoto» é mais bulhento.