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Sessão de T e 8 de Julho de 1920

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Veio a solução bolchovísta, que o Sr. Presidente da Kepública, cujas tendências radicais são conhecidas, quis tentar. Mas os resultados foram tais que mesmo S. Ex.a ficou apavorado, e o clamor inteiro do País o levou a que o Ministério fosse derrubado.

E assim se foi a segunda tentativa da ala esquerda do mesmo partido.

•Nesta altura já o Sr. Presidente da República não devia ter hesitadof se é que 6 possível admitir-se que ele devesse hesitar." já da primeira vez, visto, que não1 se pode conceber um partido, com ala direita e ala esquerda, que tenha ideas conservadoras e radicais.

Essa fantasia lançou-a num momento de bom humor o Sr. Afonso Costa num congresso da Figueira.

Eu faço à inteligência do S. Ex.a a justiça do acreditar que quando lançou essa idea não pensou que ela se pudesse executar. • - •

Era .uma maneira do fazer vibrar as hostes demagógicas do sou partido.

«Vamos governar sempre!»

«j Somos tam grandes que nos podemos dividir em direitas e esquerdas!»

E a multidão delirou de contente. . ' E eu também, Sr. Presidente, nunca pensei que essa fantasia política passasse realmente para a prática. ,

Ela só podia vir com urn magistrado de certa visão política.

O Ministério do Sr. José Domingues dos Santos caiu e vem ainda uma terceira experiência.

S. Ex.a o Sr. Presidente da República foi ainda procurar o seu Presidente do Ministério no centro do Partido Republicano Português.

E depois duma renúncia, que não vou . já aqui discutir visto que está bem assente qual foi o valor constiutucional desse acto, o Sr. Presidente da República instalou no Poder o Sr. Vitorino Guimarães sob promessa, segundo disseram os jornais, de que fazia essa famosa unidade do Partido Democrático. v rE estabelecida essa unidade as cousas seguiriam o melhor dos caminhos.

Essa unidade não deu.aquele resultado que se desejava,, como/V. Ex.as viram pela queda do Ministério Vitorino Guimarães.

Se o Sr. Presidente da Kepública que

depois de ter recorrido à ala direita, e à ala esquerda, depois de ter recorrido ao centro, depois do ter renunciado, já devia estar capacitado sobre o auxílio que lhe podia prestar o Partido Republicano Português, quer como apoio dum Ministério do seu partido, quer ainda como apoio dum .Ministério do famoso bloco, S. Ex.a ainda loi chamar ao Poder o Partido Democrático confiando ao Sr. António Maria da Silva a organização do novo Ministério.

Sr. Presidente': se isto não representa o desprezo mais completo do que sejam indicações constitucionais, se isto não representa o desprezo mais absoluto do direito constitucional, então não sei como traduzir om termos claros esta atitude do mais alto magistrado da Kação.

Indicação parlamentar? . Parece-me que a volag-ão de ontem na Câmara dos Deputados não justifica as previsões de S. Ex.a

Eu suponho que fosso, chamado o Sr. António Maria da1 Silva,porque se diz—e nisto, não veja nenhum desprimor — que S. Ex.a politicamente não obedece às leis da gravidade: S. Ex.a empurram-no, derrubam-no e S. Ex. fica sempre na mesma posição.

Estas facilidades de adaptação, estas habilidades que já são tradicionais, foram talvez a única condição que levou o Sr. Presidente da República a encarregar S. Ex.a da formação do Ministério.

Dá se uma razão à atitude do Sr. Presidente da República: diz-se que S. Ex.a não quer dissolver o Parlamento, que S. Ex.a é contrário ao princípio da dissolução. , , ,

Mas, S. Ex.a, não tem que ser contrário nem deixar de o ser, tem simplesmente que aplicar as disposições díi Constituição e cumprir o que iicla èõtá inscrito? recorrendo sempre que seja necessário à dissolução do Parlamento. . Em que condições?