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Diário das Sessões do Senado

a voz potente e clamorosa do Sr. Ganha Leal; era também contra as cabilas revoltosas.

Estrngiam as metralhadoras, ribombavam os canhões, mas S..Ex.a lá arranjou as cousas que escapou pela tangente, e agora, depois de escapar pela tangente, há de ainda arranjar-se que daqui a pouco ó Ciipaz de ter uma maioria.

JRisos.

Ora, Sr. Presidente, feitos os meus cumprimentos e assinaladas estas qualidades preclaras e incoutestáveis do chefe do Governo, vamos agora.ao sério e encarar as cousas como elas são,

Sr. Presidente: a Constituição deste (jrovèrno padece do vício que tem presidido à formação dos Governos desde que é Presidente da República o actual senhor.

Não é possível entregar a um só organismo a iormação dos Governos nem a opinião lhe outorga o direito do estar a fa/.or e a desfazer Ministérios consoante lhe manda o Directório do Partido Democrático. . "

Um Chefe de Estado constitucional, seja Rei ou Presidente, tem de ouvir, consultar os vários organismos que repre-seutam as várias correntes de opinião.

Ouve-os, estuda-os, pondera, medita e depois toma uma resolução.

Mas is*o que acontece há muito tempo, de o Sr. Presidente da República pedir ao directório de um partida, a uma outra entidade que indique o Presidente do Ministério, Sr. Presidente, isto é destas barbaridades constitucionais que não se podem permitir, não pode continuar.

Eu sou insuspeito, eu digo isto apenas pelo amor da arte o pelo costume que tive sempre de respeito pelos' princípios.

De resto, isto é que é falar a verdade: quanto mais provas der o regime de que não tem condições para uma vida regular, essas provas não me podem ser desagra-.dáveis e não tenho'motivos para me lamentar.

Maa, de facto, eu ponho acima de tudo o culto pelos princípios, não posso admitir um estado constitucional em que o chefe entrega a um Poder completamente estrauho, a um Poder que não tem razão nenhuma de autoridade pública, nem mais nem menos do que isto, á principal das suas atribuições: escolher os seus Minis-

tros, nomear o Presidente do Ministério.

Sr. Presidente: eu não vou na corrente, e seja me permitido dizer aos meus amigos nacionalistas, pessoas por quem eu tenho muita consideração e estima, eu não vou na corrente de que o desmembrar deste gâchis parlamentar que tem sido bem desagradável para muitos, pudesse ter uma solução favorável para o Partido Nacionalista.

Estamos num momento muito interessante, estamos cm vésperas de eleições gerais, e eleições que podem vir e devem vir com Poderes Constituintes porque há muito e muito que modificar na Constituição; esta Constituição, como já tenho dito aqir, está eivada de erros gravíssimos, de defeitos de primeira ordem, que têm de ser modificados com espírito mais jurídico, mais scientífico, mais democrático.

»

O Sr. Ribeiro de Melo : —O Sr. D. Tomás lá se vai chegando ao bom caminho ...

O Orador:—A verdade é que entre verdadeiros democráticos e verdadeiros monárquicos há pontos de maior aproximação do que entre republicanos uns com os outros.

Incontestavelmente esta eleição é uma destas eleições em que se podia jogar a sorte do País se a opinião pública não andasse tam desorientada.

Era preciso que houvesse um período de preparação, que houvesse um Governo fora de paixões políticas que preparasse esse acto eleitoral. E então todos os homens ontrariam num período de propaganda alheando-se de todas estas misérias que aí se batem, propaganda de princípios, de ideas, de sentimentos verdadeiramente patrióticos |>ara oriente r, para dominar essa gente que tem de concorrer às ornas, e para quo saísse das urnas com liberdade aquilo que significasse a vontade do povo português que durante muito tempo tem sido calcada.