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Sessão de 7 e 8 de Julho de 1925

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com o objectivo de agradar a uns ou a outros, mas são sempre palavras que a maior parte das vezes apenas pretendem produzir efeitos mais ou menos teatrais. Contudo, dessa declaração destaquei alguns pontos de que pretendo tratar.

Logo de entrada vejo o melhoramento dos serviços policiais.

Não me. admira que assim seja, pois tenho ouvido dizer que quando o Sr. António Maria da Silva preside aos Ministérios tem sempre ao seu serviço uma grande quantidade de polícia, inclusive do sexo feminino, com o que se desbarata muito dinheiro.

E caso para daqui para o futuro, quando nos for apresentado qualquer cidadão, desconfiarmos que ssja da polícia.

Quando eu estive em Loanda contava--se que em tempos havia um oficial da armada que em virtude do grande 'número de degredados, que viviam nessa cidade, alguns até em situações de destaque, quando se lhe apresentava qualquer cidadão, esse oficial preguntava: «V. Ex.a é degredado?». «

Agora é caso para preguntar: «V. Ex.a é polícia ?».

Fala a declaração ministerial da organização do exército. Em minha opinião, esse organismo deve obedecer ao princípio de nação armada, isto é, ao sistema de milícias, porque é essa a melhor forma de termos um exército considerável, e gastando-se aliás menos dinheiro com a sua manutenção.

Refere-se depois a declaração ministerial ao aprontamento de todas as forças navais de superfície, aéreas e submarinas para intensificar a instrução. Este apron-tanumto já se está fazendo há muito tempo. Com efeito, todos os navios que se possam mexer sairão cm breves dias a barra para exercícios na nossa costa.

Portanto, isto não é matéria nova.

Sobre a solução do problema das estradas, é já uma questão tam batida que^ evidentemente não merece a pena referir--me agora a ela. Mas como se fala também em melhoramento de portos, e como eu sou duma terra que tem um porto, eu devo podir ao Sr. Ministro do Comércio para que resolva o mais rapidamente possível um assunto que está pendente e que diz respeito 'ao contrato realizado pela Junta Autónoma das obras do porto do

Funchal com uma companhia, para a construção do porto artificial.

Eu vi nos jornais, e- também várias pessoas me disseram, que há quaisquer cousas nesse contrato que não são de aprovar.

É esta a primeira vez que aqui me ré • firo ao assunto, e o meu único interesse é que se façam as obras. Se V. Ex.a entender que há nesse contrato qualquer disposição que deva ser rejeitada, que resolva conforme o interesso público, pois com ele sempre me encontrará.

Apenas desejo bem servir a minha terra, e que o Funchal tenha um porto em condições tais que em quaisquer circunstâncias possa entrar nele a navegação.

Refere-se também a declaração ministerial à questão da educação popular com a coadjuvação dos municípios, das juntas gerais e das juntas de freguesia.

A meu ver, a instrução e a educação do nosso povo é a base fundamental da nação. Mas o que nós vemos, infelizmente, é que a educação do nosso povo tem ido demiuuindo de dia a dia, até se chegar ao ponto de haver muita gente que a nada tem respeito, nem respeito por si próprio, nem pelos outros.

Este problema é muito importante, e não pode haver uma democracia a valer sem que todo o cidadão tenha uma verdadeira compreensão dos seus direitos e dos seus deveres.

Para instruir e educar não basta criar escolas e nomear professores. O que ó verdade, e é triste dizer, é que nem todos os professores de instrução primária estão em condições do educar devidamente as crianças.

As impressões que as crianças recebem durante a te ir a idade são as que ficam sempre.

Impende pois uma alta responsabilidade sobre aqueles que têm a seu cargo a educação das crianças.

Diz-se aqui:

«Com a coadjuvação dos municípios».

A idea é boa, mas, praticamente, não sei se dará os resultados desejados.