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Diário das Sessões do Senado

Mas, Sr. Presidente, tudo isso deriva do inal de que enferma este Parlamento, é da divisão dentro do Parlamento da maior íôrça da República que tinha por lema assegurar a existência dos Governos dela saídos. Essa maioria scindiu-se e daí surgiram as várias crises que tanto descrédito têm lançado sobre o segundo poder do Estado: o Parlamento.

Diz V. Ex.a que é sua intenção e desejo, e toda a Câmara confia que assim é.

Leu.

Tudo quanto V. Ex.a possa fazer em favor do apaziguamento da família republicana é um alto serviço que V. Ex.a presta ao regime e à Nação que até se reflecte nos nossos adversários os monárquicos, que, dentro da correcção que sempre usam nesta casa do Parlamento, nunca poderão transigir com a República, assim como nós republicanos, nunca poderemos transigir com a monarquia.

Faço pois votos em nome do Partido Republicano Português por que V. Ex.a consiga ter ama vida fácil e presida ao acto eleitoral.

O orador não reviu.

O Sr. Ferraz Chaves:—Se a minha apreciação sobre a apresentação do novo Governo fosse feita apenas sob o ponto de vista da minha amizade pessoal, teria de declarar que dava ao Governo o meu incondicional apoio.

Com efeito, desde o ilustre Presidente do Ministério até àquele Ministro que, por uma questão de pragmática, ocupa a última cadeira do Ministério, entre eles tonlio verdadeiros amigos.

E embora seja desvaliosa a minha amizade, ou sou tam cioso dela, qae não a costumo dar senão a quem possua qualidades de carácter que lhes permita bem ocupar uma cadeira do Governo, porque só a dou a homens absolutamente honestos, absolutamente leais e absolutamente dignos.

Mas, Sr. Presidente, no lugar que ocupo em pouco ou nada podem entrar as simpatias pessoais.

Er assim, tendo como parlamentar e republicano uma inteira confiança no republicanismo dos homens do Governo e do éeu ilustre Presidente, eu tenho que dizer, como pnríamcntar independente,

aguardo os actos do Governo, para com consciência o isenção, e sem partidaris-mos que não tenho, julgar deles.

Confio em que o Governo só me dará motivos de aplauso. x

Mas, se porventura, contra o que esperam os republicanos desapaixonados, o Governo praticasse qualquer acto que não merecesse o meu aplauso eu exporia com toda a franqueza o meu modo de ver.

Não li a declaração ministerial, porque é um hábito há muito por mim seguido não ler as declarações ministeriais, pois entendo que elas não são senão uma velha praxe sem valor e sem significação.

Sei bem que o Ministério há-de 'encarar os problemas que se lhe apresentarem com um superior espírito de patriotismo.

A vida deste Ministério perante este Parlamento, é bem simples e deve ser bem rápida.

Perante este Parlamento, ele tem apenas duas cousas a fazer e num curto período de dias: munir-se dos elementos .necessários para a vida financeira do país e, em seguida, encerrar o Parlamento, mas poucos dias, porque não faz sentido que um Parlamento que já deu o que tinha a-dar e que está, por assim dizer, eifausto, continue a entravar a marcha de qualquer Governo.

Portanto o Ministério só tem que seguir o caminho que lhe acabo de indicar, marcar quanto antes o dia para que o povo português eleja os seus representantes.

O futuro Parlamento, virá então folgado e com uma autoridade que nós, infelizmente, já não possuímos, resolver os graves problemas que terá que resolver e pôr absolutamente de parte, com energia, o problema .político que nos tem afligido e que tem preocupado completamente todos os Governos que há meses a esta parto têm ocupado aqueles lugares.

Eu confio em que o Sr. Presidente do Ministério fará quanto antes às eleições, porque pode S. Ex.a ter por certo que, seja qual for o seu proceder, que há-de ser honesto e republicano ou dentro em breve convoca os colégios eleitorais ou há-de sucumbir perante qualquer estratagema que lhe armem, venha ele donde vier.