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Diário das Sessões do Senado-

Desejo a S. Ex.a uma rápida cura dos 'seus pequenos ferimentos, o que S. Ex.a saiba sair também ileso de todos os ataques ao seu Governo, não só daqueles que lhe forem agora leitos, como daqueles que são de esperar e que muito cm breve deverão chamar a atenção do Governo.

Dirijo-me particularmente ao Sr. Presidente do Ministério, porque é o único homem da República a quem devo atenções pessoais, até um favor, por que hoje em dia, mesmo as aspirações justas, quando são atingidas, obrigam a um. agradecimento.

Não quero analisar as circunstâncias políticas que provocaram a queda do Governo do Sr. António Maria da Silva o muito menos as razões que levaram o Sr. Presidente da República a chamar o Sr. Domingos Pereira.

A verdade é que em poucas mãos tam boas poderia ter caído a Presidência do Ministério.

Por esse facto, todos nós republicanos nos devemos congratular, bem como todos aqueles que desejam a marcha dos negócios públicos, em toda a acepção da palavra, no sentido do bem geral.

Tomei a palavra única e simplesmente, Sr. Presidente do Ministério, para chamar u atenção do seu colega dê Gabinete, Sr. Vasco Borges, Ministro dos Negócios Estrangeiros, mas como S. Ex.a não está presente, esperemos pela sua chegada e analisemos alguns factos que se passam no Ministério das Finanças e que devem certamente chamar a atenção muito esclarecida do actual titular da pasta das Finanças.

E praxe que obriga o Ministério a apre-sontar-se na sua totalidade à Câmara, do Senado e que -não é sempre cumprida e muito menos fielmente acatada.

Já por vezes, alguns dos meus pares nesta Câmara, têm levantado a sua voz protestando "contra a ausência do detef-. minados Ministros que mesmo no acto da apresentação se'/escusam a dar a sua presença.

Mas neste momento faz-so sentir a ausência dos Srs. Ministros dos Negócios Estrangeiros o Finanças, que seriam certamente as pessoas que eu teria de procurar para as considerações que tenho do fazer.

Mas substituí-los há com vantagem o> Sr. Presidente do Ministério, e na certeza fico de que S. Ex.a comunicará àqueles-seus colegas no Ministério as considerações e protestos que ora faço contra vários actos que se estão praticando pelas pastas dos Negócios Estrangeiros e das-Finanças.

O Ministério das Finanças tem sido pródigo em alterar as disposições e o texto; da lei n.° 971, que proíbe terminantemente a nomeação de novos funcionários, fazendo com a cumplicidade dos respectivos titulares novos decretos com, força .de lei, dando nomeação a uma grande soma de empregados com manifesto prejuízo do Tesouro Público.

Não faz sentido que, obliterando-se por-completo a hierarquia dos respectivos funcionários, o Ministério das Finanças faça nomeações que vão recair em indivíduos^ escolhidos ad hoc, a, cujo republicanismo o povo dá um título muito especial, que muito em breve designarei, para assim fazer sentir . o protesto daqueles republicanos sinceros e honrados que se interessam por uma boa administração pública.

Quando todos os republicanos esperar-vam que pela pasta das Finanças fosse recair a escolha para o lugar de secretár-rio do Banco de Portugal numa individua*-de republicana que à República tivesse dado as provas mais reais e palpáveis do seu acrisolado amor pelas instituições, aparece-nos, o que não ó da responsabilidade de V. Ex.a e por isso passarei ligeiramente sobre o assunto, não passando sóV bre elo de todo por entender que o Poder Executivo não tem solução de continuidade.

E o caso de se ter nomeado para secretário do Banco de Portugal o Sr. Soares Branco, oficial de engenharia, arma scientifica por excelência.

Essa nomeação não traduz grande respeito pela opinião republicana e não tem o significado político que devem ter as altas nomeações do Estado.