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Diário das Sessões do Senado

Estou certo que S. Ex.a responderá que não.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — A isso respondo que não.

O Orador: — V. Ex.a diz que não porque não pode responder outra cousa, pois Csse Governo nem sequer podia proclamar, como este o fez, p propósito firme, a decisão inabalável de realizar uma obra de calma e de pacificação.

Esse Governo tinha de realizar o programa do seu partido e para o realizar não podia evidentemente deixar de provocar da parte-dos outros partidos adversos uma oposição à realização desse programa partidário.

V. Ex.as não podiam fazer as eleições nos termos em que este Governo as tenciona fazer. Procurariam, estou convencido, respeitar os direitos de todos, simplesmente na realização desse desejo é que eu tenho as minhas dúvidas.'

Esse partido q lereria ter uma maioria, uma forte base legítima para poder continuar nas cadeiras do Poder, e bastava esta circunstância para ò Partido Nacionalista não poder realizar aquela pacificação que este Governo deseja efectivar se tiver tempo para isso.

. ^Usurpador dos direitos dos Nacionalistas, este Governo?

V. Ex.a empregou uma expressão que não corresponde à realidade dos factos.

Aludio ainda V. Ex.a à maneira como o Chefe do Estado se comportou na crise e daí tira a conclusao.de que ele pretendeu com a minha cumplicidade, passe o termo., impedir que o Partido Nacionalista viesse para o Poder, censurando a minha preocupação dominante, a minha tenacidade excessiva, a minha tenacidade censurável e talvez criminosa, de durante 5 dias trabalhar incessantemente dia e noite para organizar um Ministério a fim de impedir que o Sr. Presidente da República renunciasse ao seu lugar de Chefe de Estado como era dito, em todas as conversas e «.té nos jornais.

Não foi essa apenas a razão.

Evidentemente, e já o disse em particular a V. Ex.a e repitp-p agora a todos os que me escutam, que se.um homem público ligado a qualquer partido ou não, recebesse do Chefe do Estado á missão de

cotístituir um Governo, e sabendo que se o não fizesse o Chefe de Estado renunciava ao seu lugar, ôsse homem sentiria uma responsabilidade enorme, responsabilidade que o obrigava para responder a uma confiança que nôle.so tinha depositado, a empregar todos os esforços para conseguir levar a bom termo a sua missão.

O Sr. Augusto de Vasconcelos (interrompendo):— Aí está o paladino.

O Orador: — A razão principal foi a de eu sentir, e S. Ex.a tinha o direito do sentir o contrário, não o nego, mas se S. Ex.^ é sincero nas suas opiniões, eu também o sou, pode S. Ex.a dizer.*

Assim S. Ex.a' podia considerar a crise uma cousa passageira, mas eu sentia o contrário.

Ouvindo Si. Ex.a se eu ou não modifiquei a minha maneira de pensar e continuo a ser fiel às minhas convicções, não o fiz pelo prazer do ser desagradável a S. Ex.a

Eu tinha, pois, a convicção de que a crise se agravava dia a dia, e todos aqueles que agora mo acusam de ter sido obstinado nos meus esforços, me acusariam também de não ter cumprido com o nieu dever e com a minha obrigação de republicano.

Eu convenci-me disso e sinceramente convencido de que a crise se agravava enormemente, fui levado a organizar este Ministério, não dando a ninguém o direito de supor que não tivesse defendido os interesses da República com energia.

Não ó um Ministério que se tenha organizado para obviar á uma crise política que era demorada.

Procurei esforçar-me para fazer um Ministério que pudesse obter da opinião pública um acolhimento benévolo.

Na sua maioria ele se compõe de pessoas que já têm sido Ministros5.

É um Governo que não é inferior a muitos dos outros organizados, inferior apenas o poderá ser pela pessoa que a ele preside.

A maneira como o Sr. Augusto de Vasconcelos apreciou o Sr. Presidente da República não ó justa.