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Diário das Sessões do Senado

O Sr. Augusto de Vasconcelçs ([em aparte):—~È exactamente isso que faz p !Sr. Teixeira Gomes.

O Orador":—:^Onde é que está o facto concreto através do qual se demonstro essa afirmação? . .

Demais a mais S. Ex.a não poàe dizer que o Sr. Teixeira Gomes não chamasse alguma vez o Partido Nacionalista a go-vei;nar.

Mas em Franç.ci( foram os. radicais-so-.cjalistas, quere aizer, os elementos enfileirados .na extrema esquerda republicana, os elementos,, avançados, cue assim procederam.

Os elementos conservadores ou partidos das direitas são exactamente aqueles que têm .de dar sempre; o. exemplo fri-sante da máxima cordura, tranquilidade e, .ponderação nos..seus actos, sorvindjo de exemplo aos outros partidos.

O íãr. Manuel de. Arriaga, sabeV. Ex.a e sabe-o o Senado, caiu porque chamou um general para dirigir o Ministério; este por sua vez, cercou o Parlamento de tropas, e eu sou uma. testemunha prasen-cial, como tantos dos, actuais Deputados e..Senadores, impériodo-nos a entrada nesta casa o obrigando nos a, num protesto platónico, reunir em Santo António do Tojal. . '. . ....

Esse general, que de início sobraçou todas as pastas,, só depois as distribuindo jppr alguns dos seus apaniguados, começou imediatamente a fazer uma obra anti--republicaua e manda a verdade que se áiga, e eu conheci S. Ex.a muito bem, ora um republicano honesto, e honrado, mas que entendeu ser daquela maneira que melhor, defendia a República numa política absolutamente contrária à nossa intervenção na Grande Guerra.

Fez-se pois um acto anti-constitucional; não o censoro, não vai mesmo uma palavra minha de ressentimento contra esse homem, que era um homem de bem às direitas, um português honi-ado que punha acima de. todas as preocupações o desejo de bem servir a sua Pátria; mas errou e os '"erros pagam-se bem caros e ninguém há que diga que não foi um grave erro esse.

É claro .que ,pôs logo em. pé de guerra todos os constitucionalizas e todos .os perseguidos impedidos de manifestarem

a sua opinião, mesmo fora do Parlamento.

Não há, pois, paridade nenhuma entre essas situações e a actual e ela.só poderia ser estabelecida , quando os cérebros mais clarividentes, as inteligências mais superiores cegam por uma paixão, que eu só posso deplorar, que num dado mo-: mento as não deixa raciocinar com todo o rigor o julguem de que se trata de caprichos . ..

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—r V.

Ex.a dá-me Jicença?

Eu não pretendi estabelecer um símile entre a situação actual e a dos outros Presidentes.

O que eu quis dizer'é que a renúncia do actual Presidente da República não constitui calamidade alguma para a República.

Entendo eu'assim e entende da mesma forma o Partido Nacionalista ,a que pertenço.,

O Orador::—Discordo inteiramente de V. Ex.a e no âmbito das razões que expus condensam-se os jneus argumentos.

Não vale a pena, pois, continuarmos neste dize direi eu, com que nada se lucra.

Apenas desejo acentuar que em minha opinião são as paixões que têm levado os republicanos a digladiar-se mutuamente para satisfação dos inimigos da República.

Agora para terminar as minhas referências ao Sr". Augusto de Vasconcelos, direi que notei cuidadosamente uma contradição de S. Ex.a que me deu muita satisfação.

Foi quando S. Ex.a disse que não era possível a conciliação .com este G;ovêrno porque não achava que ele tivesse qualidades para isso, mas quási no final do seu discurso disse quç esta vá. convencido de que o Governo com a sua acção pó-' dera restabelecer a,tranquilidade.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Foi um lapso de língua.

Tenho ali.as notas taquigráficas e delas não constam tais palavras. . .