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29 DE NOVEMBRO DE 1956 975

Encerram estas palavras a expressão do propósito que no elevado plano dos superiores interesses da Nação tom representado as viagens do Chefe do Estado às várias parcelas ultramarinas de Portugal.

Embora essas visitas tenham tomado agora um carácter de regularidade, elas não perdem por isso, de forma alguma, o sentido do seu profundo significado patriótico nem da sua valiosa projecção, tanto nacional como internacional; pelo contrário, afirmam assim, mais do que nunca, nos tempos dolorosamente perturbados que o Mundo vive e em que está terrivelmente ameaçada a civilização cristã, que soubemos, através de mil sacrifícios e heroísmos, espalhar pela face da Terra, a realidade viva da unidade portuguesa e o exemplo magnifico e construtivo que oferecemos a uma humanidade onde tudo agora se parece querer desmoronar.

Além do relevante aspecto do elevado nível moral que tem caracterizado as visitas do Chefe do Estado às províncias ultramarinas, e que nunca será demasiado encarecer, elas têm também, no que se refere às conveniências materiais da Nação, ficado assinaladas pela inauguração dos mais importantes melhoramentos e de grandes obras de fomento, que bem demonstram o alto esforço que Portugal vem realizando nessas parcelas da Pátria em favor do seu sempre maior desenvolvimento e progresso.

Assim se assegurarão não só as bases robustas em que tem de assentar com solidez a sua estrutura 'económica, que importa alargar e consolidar, mas também os fundamentos indispensáveis duma sempre crescente integração das suas populações no ideal político, social e espiritual da Nação Portuguesa.

Com a sua visita à grande e nobre província de Moçambique, onde no começo da sua brilhante carreira de militar brioso e distinto se bateu com inexcedível valentia e ganhou, por seus feitos, a mais alta e honrosa das condecorações portuguesas, que galardoa o valor, a lealdade e o mérito, prestou S. Ex.ª o Sr. General Craveiro Lopes mais um alto serviço público à Pátria.

A presença do Chefe do Estado em Moçambique ficará para sempre ligada à história contemporânea da província como uma das horas mais altas que jamais ali se viveu.

Todos os portugueses dessa magnifica província ultramarina, sem quaisquer distinções de cor. nem de raça, proclamaram bem alto e por forma bem vincada, em manifestações vibrantes de patriotismo e de emoção, a sua fé inabalável nos destinos de Portugal e na união indissolúvel das terras e dos gentes portuguesas em volta da Pátria querida, ali tão digna e prestigiosamente representada pelo seu supremo magistrado, figura inconfundível de chefe e de militar, possuidor dos mais altos predicados e virtudes.

Culminou a visita de S. Ex." o Presidente da República a Moçambique com a cerimónia solene e Imponente do encerramento das comemorações do centenário de Mouzinho de Albuquerque, que teve lugar na véspera da sua partida.

Não podia realmente o Chefe do Estado ter terminado melhor a sua viagem a esta província ultramarina do que neste ambiente do mais alto e puro fervor patriótico de que se revestiu a impressionante homenagem prestada em Lourenço Marques, junto da sua estátua, ao grande soldado e grande português que foi Mouzinho de Albuquerque, cuja notável acção de militar e de herói domina completamente toda a epopeia de Moçambique, como exemplo supremo de destemida bravura e de devoção total aos superiores e sagrados interesses dn Mãe-Pátria.

Teve ainda, porém, o Chefe do Estado, durante e logo após a sua triunfal viagem a Moçambique, ocasião de visitar, a honroso convite dos seus Governos, dois países nossos amigos e vizinhos em África: a Federação as Rodésias e da Niassalandia e a União Sul-Africana.

Durante estas visitas de cortesia e amizade, que despertaram o mais vivo interesse e entusiasmo em Salis-búria e Pretória, recebeu o Sr. General Craveiro Lopes as mais inequívocas e cativantes provas de alto respeito, admiração e simpatia por parte dos Governos e das populações desses territórios.

O êxito notável que constituíram essas visitas e que bem se pode avaliar pelo caloroso acolhimento que foi dispensado ao Chefe do Estado e pelas excepcionais atençOes e homenagens de que foi alvo traduz-se na consolidação e no fortalecimento dos velhos laços de amizade e de boa vizinhança que ligam Moçambique e Angola à Federação das Rodésias e da Niassalandia e à União Sul-Africana.

Perante os graves acontecimentos que se estão desenrolando no Mundo, a visita do Chefe do Estado a esses grandes países amigos, que confinam com as nossas duas maiores províncias ultramarinas, revestiu-se também, para além do significado que normalmente caracteriza estes actos oficiais, de um particular e especial relevo, que importa salientar e a que não é estranho o crescente prestígio internacional que Portugal inegavelmente vem firmando.

Apesar dos avisos que S. Ex.ª o Presidente do Conselho, com excepcional noção das realidades e inteligente previsão desses mesmos acontecimentos, há muito vem repetindo e que ainda recentemente mais uma vez acentuou, só agora, infelizmente, parece que o Ocidente começa a compreender finalmente o perigo mortal que para ele representa a manobra de retirada e de abdicação que perante os seus inimigos, que não desarmam apesar de todas as concessões feitas, a Europa tem vindo 'a realizar sistematicamente em África, depois da segunda guerra mundial.

No dia em que a Europa viesse a perder a África a sua sobrevivência estaria irremediavelmente comprometida e com ela —não pode haver quaisquer dúvidas— a de todo o mundo ocidental, tal como hoje o concebemos no seu papel de guardião e defensor de uma civilização de que fomos dos principais obreiros e que constitui a razão da existência dos povos livres.

Será, portanto, através da África a linha mais importante de infiltração e de ataque das potências comunistas ein direcção ao objectivo fundamental que há muito pretendem atingir e de que não desistem: o domínio mundial.

Assim o compreende Portugal, que tem tido a coragem de insistentemente chamar a atenção do Ocidente para essa tremenda ameaça que sobre ele paira e que o desenrolar dos conflitos que perigosamente se estão desencadeando no 'Médio-Oriente e no Norte de África vêm plenamente confirmar.

Ao mesmo tempo que sentem e avaliam os perigos que para eles pode representar esta situação verdadeiramente inquietante, os povos.da Federação das Rodé-sias e da Niassalândia e da União Sul-Africana conhecem igualmente a posição clara de Portugal perante essas ameaças e a sua decisão firme de contra elas se defender.

Por isso não esconderam a sua alegria, antes demonstraram exuberantemente o maior e mais espontâneo entusiasmo com a presença de S. Ex.ª o Presidente da República, que, mais do que uma manifestação cordial de amizade e de boa vizinhança, representava também e principalmente a certeza de uma identidade de opi-niOes em face do perigo comum e uma garantia confortante em tempos tão incertos.

A viagem do Chefe do Estado a Moçambique, a visita aos territórios vizinhos da Federação das Rodésias e da Niassalândia e da União Sul-Africana e a sua curta mas