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216 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 69

E, porque a obra realizada é de utilidade reconhecida, julgo que todos temos obrigação de ser agradecidos àqueles que na sua resolução definitiva puseram toda a sua boa vontade, estorço e zelo de bem servir.
Sr. Presidente: após estas ligeiras e modestas considerações, desejo exprimir votos sinceros por que seja constante o progresso e desenvolvimento da carreira imperial e por que sejam as suas dotações em material e pessoal sempre suficientes, de maneira a garantirem uma boa organização o eficiência dos serviços, com vista ao melhor desempenho da missão a que é destinada.
A S. Ex.ª o Ministro das Colónias, como representante do Governo, e aos Srs. governadores gerais de Angola e Moçambique, como representantes das populações daquelas duas importantes províncias de Portugal, dirijo as minhas saudações pelas facilidades que a carreira aérea imperial vai conceder aos seus governos e pela felicidade de verem realizado Ião grande melhoramento durante a sua gerência, na superior administração do Império.
Para terminar, peço à Assembleia que me acompanhe nos votos e saudações que acabo de formular, considerado o sentido e a realidade nacional de que se reveste a inauguração da carreira aérea imperial dirigida para Angola e Moçambique.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Craveiro Lopes: - Sr. Presidente: há cerca de um ano tivemos ocasião de dar merecido relevo ao acordo relativo à navegação aérea entre Portugal e duas das grandes nações do Mando. Pouco tempo depois tivemos também oportunidade de nos referir aos trabalhos realizados para o estabelecimento das ligações aéreas entre a Mãe-Pátria e o ultramar português.
Dissemos nessa ocasião que estávamos seguros de que, apesar das dificuldades de toda a ordem motivadas pelo conflito que vinha de ter seu termo, as nossas linhas aéreas, tanto na Europa como além-mar, não tardariam a sor uma realidade.
E assim sucedeu.
No último dia do ano que findou levantou voo do Aeroporto da Portela o primeiro avião da linha aérea imperial ligando as três grandes capitais do Mundo Português: Lisboa-Luanda-Lourenço Marques - elos de uma sólida cadeia, de boa têmpera, que nem os homens nem o tempo poderão jamais quebrar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ficam assim satisfeitos os desejos tão insistentemente manifestados por todos os portugueses, principalmente por aqueles que em terras africanas há tanto tempo e com tanta dureza labutam.
Vamo-nos sentir mais cerca uns dos outros e poder coordenar com menor dificuldade os nossos esforços para o aproveitamento em comum das riquezas do Império.
A nossa bandeira não será estranha nas rotas que, pelo mar, seguimos antes que outro qualquer povo, e, se as nossas possibilidades no ar ainda são modestas, não devemos esquecer que modestas eram as proporções da nossa frota mercante, e foi ela que permitiu que a gente portuguesa vivesse durante a última guerra.
São, pois, devidos os maiores louvores ao Governo e a todos os que com ele colaboraram para levar a efeito empresa de tamanha responsabilidade.
Recordamos também aqueles homens do ar que há já bastantes anos atrás, em avião de um motor e em condições de segurança hoje incríveis, correram ao longo dessa costa, seguida pelas caravelas do Infante, e depois passaram da costa à contracosta, que no século passado Serpa Pinto levou mais de um ano a percorrer através da selva.
Sr. Presidente: com a passagem do ano alguma coisa de novo também se passou, que terá influência capital no desenrolar dos acontecimentos aeronáuticos no nosso País.
Decidiu o Governo colocar os assuntos respeitantes à aeronáutica civil dentro da orgânica do novo Ministério das Comunicações, pondo assim os serviços daquela aeronáutica em pé semelhante aos dos transportes por via terrestre.
Será esta a melhor forma de tirar rendimento de serviço que quase constitui novidade entre nós, onde a mentalidade aeronáutica é quase inexistente?
A época que atravessamos, Sr. Presidente, obriga a concentrar em um só departamento todos os elementos que trabalham no ar, a fim de que se possa tirar deles o maior rendimento e justificar o sacrifício financeiro que o País terá de fazer caso deseje acompanhar os progressos extraordinariamente rápidos da aviação.
Assim faz a maior parte das nações que têm responsabilidades no Mando semelhantes às nossas.
Todos V. Ex.ªs sabem que os assuntos relativos ao mar estão tradicionalmente reunidos, quer eles sejam de natureza militar quer de comércio.
É que todos os homens que exercem as suas actividades no mar criaram características especiais, psicologia própria, hábitos que não são vulgares e que os tornam aptos para o desempenho da sua missão, criando-se assim o tipo do homem do mar.
Ora, na aviação sucede o mesmo. Pela especialidade dos serviços, todos aqueles que durante muitos anos lhe deram o seu esforço e a sua inteligência criaram um espirito diferente, uma mentalidade nova, de onde surgia o tipo do homem do ar, que muitas vezes, pela sua própria natureza, é incompreendido.
Sr. Presidente: assim como o departamento da marinha vê reunidos os assuntos referentes à marinha militar o à marinha mercante, parece que também um único departamento do ar deve reunir os assuntos relativos à aviação militar e à aviação mercante. Desta forma haverá maneira de coordenar todos esses elementos, que hoje estão dispersos por diversos departamentos.
É preciso na aviação, mais do que em outro qualquer serviço, coordenar, visto que o aproveitamento dos meios aéreos é muito semelhante, quer no que diz respeito à aviação militar, quer no que diz respeito à aviação civil. O seu pessoal, a sua preparação, os técnicos que servem na aviação, o próprio material, têm do ser criados com o pensamento sempre presente na sua possível utilização na defesa nacional.
Foi, portanto, com mágoa que os velhos homens do ar não viram realizadas as ideias aqui apresentadas como simples apontamento e que representariam um bom passo em frente para o progresso da aeronáutica nacional.
Julgavam eles, Sr. Presidente, que lhes seria dado ainda assistir à criação de um grande departamento de defesa nacional onde poderiam viver, irmanados no mesmo desejo, na mesma aspiração, no mesmo sentir, o exército, a marinha e a aviação.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte requerimento:

«Os artigos 15.º e 18.º do estatuto por que se rege a Junta Geral do Distrito Autónomo de Ponta Delgada