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406 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 80

O Sr. Pacheco de Amorim: - É assim que se pensa em todo o Mundo.

O Orador: - Um professor faz uma enormíssima quantidade de alunos. Se esse professor for bom, o seu rendimento é muitíssimo grande; se for mau, o prejuízo que pode dar ao ensino, e por consequência ao País em sua economia, é também formidável. Reputo, pois, economias feitas neste sentido elementos do mais grave prejuízo para a economia nacional.
Numa das bases desta lei entrevê-se a possibilidade de pagar melhor aos professores e julgo que nela se encontra, o caminho indispensável para ir pondo as coisas no seu verdadeiro lugar. Não sou daqueles que entendem que por vexes a pessoa que sabe mais é o melhor professor. Penso que a pessoa que melhor sabe ensinar, embora não saiba tanto, é que é o melhor professor.
Apoiados.

O Sr. Pacheco de Amorim: - É assim mesmo.

O Orador: - Estão-me ouvindo tão distintos professores que bem me podem emendar se estou em erro: repito que julgo esse o melhor professor. Estou aqui com o coração nas mãos, dizendo o que sinto e o que tenho observado.
Darei, por consequência, o meu voto com prazer a esta proposta, porque ela tem possibilidades, por estas três razões que acabo de expor a, V. Ex.ªs e que resultam do exame directo das coisas, do melhorar o ensino extraordinariamente.
E oxalá que isto se ponha em execução e que não seja mais um diploma para ficar apenas no Diário do Governo.
Eu afirmo a V. Ex.ª a minha convicção de que não precisamos de fazer mais leis, pois temos no Diário do Governo tudo aquilo de que necessitamos. Porém, o que há a fazer é executar aquilo que já foi decretado.
Esta enorme aglomeração de alunos nas escolas põe um problema de assistência social muitíssimo importante.
Os democráticos nunca se preocuparam com este aspecto da questão, mas preocupa-se, graças a Deus, a situação que, felizmente, hoje nos governa.
A Mocidade Portuguesa tem estabelecido por todo o País cantinas em quase todas as escolas oficiais.
Procura, através delas, numa admirável obra de solidariedade, dar algum conforto aos alunos, e sobretudo socorrer aqueles que precisam absolutamente de auxílio.
Devo dizer a V. Ex.ª que nessa obra gasta a Mocidade Portuguesa nada mais nada menos do que 983.500$, números redondos, rendendo a venda de refeições a quantia de 709.720$ e distribuindo gratuitamente refeições no valor de 273.780$.
No caso restrito que nos diz respeito, sendo a população escolar destes estabelecimentos de ensino recrutada entre as classes menos protegidas da fortuna, verifica-se, pelas inspecções médicas, que os alunos na idade do 16 anos têm, em média, os pesos seguintes: liceus, 57kg,300; colégios particulares, 55kg,700; escolas industriais, 49kg,600. A estatura também 5 inferior nas escolas industriais.
Quanto ao perímetro torácico, nos liceus é de 80 nos colégios particulares de 79 e nas escolas industriais de 75 centímetros.
Quanto a deformismo, a percentagem é nos liceus de 10 por cento, nos colégios particulares de 15 por cento e nas escolas industriais de 36 por cento.

O Sr. Pacheco de Amorim: - Essa estatística é muito interessante.

O Orador: - Sr. Presidente: o Sr. Deputado Ribeiro Cazaes referiu-se ainda há pouco ao aproveitamento dos alunos, e não quero deixar de responder a S. Exa., dizendo que nos liceus há 70 por cento de aprovações, nos colégios particulares 90 por cento e nas escolas industriais 38 por cento.

O Sr. Ribeiro Cazaes: - Não era precisamente essa a minha pergunta. Referia-me antes à relação entre o número dos alunos que entram e o número dos alunos que saem.

O Orador: - Isso não sei dizer a V. Ex.ª

Estritamente quanto ao ensino industrial em Lisboa, vejam V. Ex.ªs que se pagam 83 contos por 21:028 refeições; destas, 5:129 são gratuitas, no valor de 37.243695.
Na Escola Afonso Domingues não há cantina porque a Escola não tem sequer um recanto onde essa cantina só possa instalar, e a Mocidade Portuguesa vê-se na necessidade de pagar refeições numa cozinha económica que existe ali perto. Vejam V. Ex.ª o extraordinário inconveniente que resulta da instalação de uma escola em edifício que não tenha as qualidades o a capacidade suficientes para a população escolar.
Nesta obra de solidariedade que a Mocidade Portuguesa desenvolve parece que merece não só o nosso aplauso mas toda a colaboração que possa ser-lhe dada, porque é evidente que estes alunos, já pela sua constituição física, já pelas suas circunstâncias materiais, precisam de ser auxiliados; se não estou em erro, o problema da saúde neste País é um problema de alimentação.
Passo agora, Sr. Presidente, ao exame da parte agrícola desta proposta.
Aqui é que me parece que o nosso colega Ribeiro Cazaes tinha razão.

O Sr. Querubim Guimarães: - Apoiado!

O Orador: - Só eu pudesse satisfazer inteiramente a minha vontade, a minha proposta seria que separássemos esta parte agrícola da proposta...

O Sr. Querubim Guimarães: -Apoiado!

O Orador: - ... o pedíssemos que fosso estudada convenientemente. Tenho até a impressão de que esta proposta está aqui por acréscimo...

O Sr. Querubim Guimarães: - Apoiado!

O Orador: - que ela, por qualquer circunstância, não teve tempo do ser considerada devidamente.
A verdade é que não mo satisfaz de modo algum, a verdade é que, aprovada tal como está, as coisas continuarão exactamente como estão neste momento, sem, vantagem de espécie alguma, liem para quem aprende, nem para quem ensina, nem para a economia nacional.
Há um ponto em que eu, em representação da Comissão de Economia, estou em formal desacordo com a proposta e também com a Comissão de Educação Nacional. A discordância está em se pretender na proposta que seja dado o ensino elementar primário agrícola aos trabalhadores por intermédio do professor de instrução primária.
Tomara eu que os professores primários exercessem a sua função, que é basilar em qualquer sociedade, de maneira conveniente e satisfatória, quanto mais querer que eles intervenham no ensino agrícola, para que não estão habilitados; e eu entendo que, entre não, ensinar ou ensina mal, se deve optar pela primeira.