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454 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 82

monstram duas grandes ordens de factos - os descobrimentos e a colonização portuguesa.
Desta verificação se deviam tirar conclusões para a educação nacional, mas não é agora o momento para isso.

Que disse eu, no dia 23 intervindo no debate sobre a proposta da reforma do ensino técnico profissional?
Que numa análise conscienciosa realizada à mocidade de hoje podíamos verificar o estado em que se encontra a educação nacional no nosso País, e por isso urge realizar um plano geral de reforma da educação que permita olhar o futuro com a serena confiança de quem sabe de onde vem e para onde vai.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quer dizer: eu estou com Salazar! Estou e estarei - contra tudo e contra todos!

O Sr. Mário de Figueiredo: - V. Ex.ª dá-me licença? O Orador: - Faz favor.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Contra todos não, porque todos estamos com Salazar.

Na sua posição, V. Ex.ª devia demonstrar que a proposta em discussão está em contradição com o pensamento expresso nas palavras do Presidente do Conselho que há pouco leu.
Isso podia ter interesse. O resto...

O Orador: - Permita V. Ex.ª, Sr. Presidente, que me dirija agora ao Sr. Deputado que acaba de interromper-me.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª está no uso da palavra.

O Orador: - Quero aproveitar esta oportunidade para dizer o seguinte: V. Ex.ª, Sr. Dr. Mário de Figueiredo, é um professor, eu sou um comandante; V. Ex.ª é um doutor, eu procuro ser um técnico das ideias gerais.
Permita que, neste momento, frise este facto, para significar a minha estranheza por V. Ex.ª não vir aqui acrescentar alguma coisa àquilo que se tem dito e que eu recolheria com muita satisfação o o País, tenho a certeza, gostosamente ouviria também.
V. Ex.ª tem-se limitado a apartes. E é pena, porque eu, possivelmente, teria aprendido alguma coisa, e talvez nem tivesse sentido a necessidade de subir a esta tribuna.
Vim aqui no desejo de colaborar na resolução de um problema que interessa a todos, que interessa ao País inteiro.
Não concordando com a aprovação da proposta de lei julgo estar com Salazar.
Esta é a resposta que tenho a dar a V. Ex.ª

O Sr. Mário de Figueiredo: - Uso da palavra quando quero sobre os problemas acerca dos quais entendo que posso trazer algum contributo útil.
Sobre a matéria em discussão, pude verificar que realmente tinham sido tratados os problemas que eu também poderia tratar, trazendo-se ao contacto da Assembleia um contributo tão fortemente útil que julguei perfeitamente desnecessário intervir, mesmo que tivesse competência para o fazer, e não estou seguro dela.

O Orador: - Eu continuo na intenção de colaborar nesta Assembleia em favor da obra construtiva da Revolução Nacional.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Todos nós estamos de acordo com as palavras do Sr. Presidente do Conselho, que não estão em discussão, como em discussão não está também o pensamento nelas manifestado.
Não se percebe, portanto, porque é que V. Ex.ª aqui as trouxe.
Foi para nos convencer? Já estamos todos convencidos.

O Sr. Marques de Carvalho: - O Sr. Deputado Ribeiro Cazaes quer porventura demonstrar que o Sr. Presidente do Conselho rejeita a proposta na generalidade?...

O Orador: - Não percebo como é que um assunto desta natureza possa prestar-se a blagues. Defino o estado da educação nacional como Salazar.
E vou continuar as minhas considerações.
Por outro lado, a experiência do caminho andado até às reformas militares de 1937, a forma como foi resolvido o problema do exército, que é hoje uma realidade, um ser vivo em progressão constante, mais enraizou no meu espírito a ideia de que a presente proposta de lei não poderia ser a pedra alicerçai do edifício a construir.
É que, Sr. Presidente, a hora da educação nacional deve ser muito semelhante à que se viveu há cerca de dez anos, quando soou a hora do exército.
Não foi só o iniciar do rearmamento, da preparação dos seus quadros, da sua melhoria de capacidade técnica que então se verificou. Quando se afirma que o exército é o primeiro pilar da actual situação política não se deve pensar sómente na força material de que dispõe, mas, acima de tudo, no valor moral que encerra, materializado pelo facto de o seu corpo de oficiais ser constituído por homens a quem a Nação entrega os filhos para os maiores sacrifícios humanos. A experiência - até já nos nossos dias - diz-nos, de facto, que não é um bando, por mais forte e poderoso que seja, que pode defender e sustentar uma situação política.
Ora para que o exército chegasse até ao plano onde se encontra - e o primeiro grande problema da Revolução Nacional a resolver era incontestavelmente esse - foi porque não deixou de ser encarada a defesa nacional sob o seu duplo aspecto «de política militar e do política de guerra».
Só assim se pôde chegar a. bom termo. Até aí só houve tentativa» falhadas, embora honestas e orientadas por boas intenções: umas metralhadoras e peças adquiridas aqui e além, um aumento de capacidade técnica um tanto ou quanto problemático e...pouco mais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois a hora da educação nacional - segundo grande problema geral de importância para o País, por representar a garantia da progressividade da Revolução de 1926 - deve começar em breve a sentir-se que já soou, como virá depois e não distante a da economia e a de outras. Não surge agora com o diploma em discussão, como já foi dito aqui, antes, desde há muito, se encontra delineado no alto espírito de S. Ex.ª o Presidente do Conselho, implicando, certamente, uma análise do problema, à semelhança do que para o exército se verificou, sobre o duplo aspecto que julgo poder definir desta forma: política do ensino e política da educação.
Há um ano que se ouviram os primeiros sons - e mais precisamente há dois meses.
Em presença, por isso, da proposta de lei para a reforma do ensino técnico profissional, cujo alcance espiritual se não vislumbra, eu não podia deixar de con-