O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

750 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 97

Em relação às diversas classes de lã foi a seguinte a evolução de preços no triénio 1943-1945:

Preços das lãs nacionais entregues à Indústria em lavado e em penteado

(Preços por quilograma)

[Ver Tabela na Imagem]

Afirma a Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios que foi a alta dos preços da lã nacional nos últimos anos que determinou a necessidade de intensificar as importações de lã estrangeira.
São ainda os números que esclarecem e contestam essa afirmação.
Nas reuniões do conselho geral da Junta Nacional dos Produtos Pecuários efectuadas em 1945 contentava-se a lavoura com a manutenção do preço e pugnava a indústria por uma baixa, que os representantes da produção ainda encararam em 10 por cento e os representantes da indústria desejaram avolumar.
Decretado o regime livre, determinou a evolução do custo das lãs estrangeiras, em vez da baixa que se esperava, uma ligeira alta do preço das nossas lãs.
Essa alta, conforme se infere dos seguintes números referentes à classe merina:

Ano de 1943: merino fino, 46$66; merino corrente, 38$94;
Ano de 1944: merino fino, 46$66; merino corrente, 38$94;
Ano de 1945: merino fino, 49$30; merino corrente, 44$90;
Ano de 1946: merinos, segundo informação da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios, 60$, como máximo e referente apenas a uma pequena percentagem da produção;

não ultrapassou no último ano 27 por cento e no conjunto dos quatro anos 40 por cento, ao passo que as lãs estrangeiras tiveram as seguintes modificações de preço:
Lãs espanholas. -Segundo um artigo de A. Marti Michelena, publicado num periódico de Madrid em 9 de Novembro de 1946, os preços da lã lavada, que em 1943 eram de 25 pesetas por quilograma, passaram em 1946 para 80 a 85 pesetas.
Lãs australianas. - Cotações indicadas no Wool Record and Textil World de Janeiro de 1947.
Lã do tipo 58's-60's da escala inglesa, ou seja um cruzado fino, custava em 1945 38,5 dinheiros por libra peso e vendeu-se em 1946 por 62,5 dinheiros.
O merino 64's da mesma escala valia em 1945 40,5 e passou nos leilões do Natal de 1946 a 81,5 dinheiros.
Aumento verificado neste último tipo de lã, 100 por cento.
Restam ainda alguns números da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios por rectificar, o que farei no decorrer das restantes considerações sobre o problema lanar português.
Sr. Presidente: tratando-se de um sector que se não abastece integralmente da produção interna e que pôde ser abastecido em quantidades e qualidades através da importação, todos os reparos feitos por produtores, industriais e comerciantes parecem à primeira vista fundamentados, visto a lavoura, por definição do próprio conceito nacional, dever ter assegurado integral cabimento para as suas lãs, a indústria ter podido regular as importações na justa medida das necessidades e o comércio de tecidos ter podido, numa economia dirigida, desempenhar a sua função entre produtores e consumidores.
Se, posto isto, o sistema não funcionou, é que alguma anomalia se verifica.
Importa para a apreciação do abastecimento do País em lã, aspecto fundamental do problema, determinar com aceitável rigor qual a produção portuguesa, qual o volume das importações e qual o consumo previsível.
Quanto à produção, sabe-se que anda por 7.500:000 quilogramas de lã, assim repartida:

Quilogramas
Lãs merinas e primas (brancas e pretas) ............... 1.700:000
Lãs cruzadas (brancas e pretas) ....................... 3.300:000
Lãs churras (brancas e pretas) ........................ 2.500:000

Pelo que respeita às importações no decénio 1937-1946, foram elas as seguintes:

[Ver Tabela na Imagem]

(a) Esta quantidade diz respeito a toda a lã descarregada dos navios.

No que toca ao consumo, o problema é mais difícil de determinar, mas penso que o objectivo se consegue recorrendo à observação das disponibilidades da matéria-prima e das existências de artefactos no período anterior à guerra e naquele que imediatamente se lhe seguiu, ou seja de 1937 a 1940.
As disponibilidades de matéria-prima acham-se somando a produção nacional de lãs finas, computável então em cerca de 4.500:000 quilogramas, com a média das importações, que na base de lã suja e para o período 1937-1940 não ultrapassava 3.207:000 quilogramas, o que tudo somado perfaz 7.700:000 quilogramas de lã.
As existências de tecidos por vender não interessam tanto pelo que numèricamente significariam, mas pelo que representam perante o problema do escoamento.
Ora essas existências no período considerado, longe de diminuírem, aumentaram anualmente, o que permite assegurar que o consumo, de lãs sujas era então