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6 DE MARÇO DE 1947 749

com uma segurança que lhe invejamos, determina, pela observação de determinado período, que as lãs nacionais deverão valer e se cotaram automaticamente em 40 por cento do valor das lãs estrangeiras.
À parte a explicação já dada pelos grémios da lavoura, resultante de factores estranhos, tais comova livre entrada então de lãs estrangeiras e a proibição de saída das nossas, e ainda a circunstância, de às nossas lãs faltar então uma escolha criteriosa que as valorizasse, tenho de perguntar se, não existindo, como é óbvio, uma margem de lucro de 60 por cento na exploração ovina, do facto apontado pela Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios se deveria inferir que devêssemos sacrificar os 3.950:000 ovinos que possuímos e suprimir, sem compensação possível, os 500:000 contos de produtos que nos advêm da ovinicultura nacional.
Aceite o princípio, para que insistir, num país que está fora da zona geográfica dos cereais, na exploração cerealífera, se podemos substituir o trigo que produzimos por outras variedades de importação, como o Manitoba, de muito maior rendimento e que normalmente se adquire por menor preço?
Como não admitir também a preferência pelo algodão egípcio, de melhor qualidade, possuidor de uma fibra mais comprida e de melhor toque, susceptível de produzir, em vez de panos de algodão de diversas categorias, as apetecidas popelinas, cambraias e outros artigos de luxo?
Como admitir que se teime em reservar 24.000:000 de quilogramas de consumo interno de algodão quase exclusivamente para a produção colonial e apenas se importem cerca de 3.500:000 quilogramas de algodão egípcio para o fabrico de linhas e outros artigos especiais?
Para que pensar em arborizar o País se a madeira que teimamos em utilizar nas nossas fábricas possui apenas cerca de 2:300 calorias, quando o carvão, que talvez possamos importar, contém 7:000 calorias?
E o arroz e o milho e a carne, para que produzi-los, se em relação a cada um destes produtos existem países de maior capacidade produtora que no-los podem fornecer a melhor preço ou de melhor qualidade?
Creio ter demonstrado pelo absurdo a nenhuma razão desta política e o empobrecimento a que ameaça conduzir o País.
Fixados os princípios gerais de uma sã economia, bem diversos dos defendidos na exposição da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios, e passando aos aspectos secundários dos diversos problemas em estudo, pergunto:
Serão de facto tão grandes as vantagens da lã estrangeira em preço e qualidade sobre a nacional?
Terá a Península Ibérica, considerada a segunda pátria da raça merina, raça ainda hoje mundialmente admitida como melhoradora, perdido tanto das suas condições naturais que as nossas lãs, de regulares que sempre foram, se hajam aviltado a tal ponto?
Possui acaso a Inglaterra insular e toda a Europa Central melhores lãs? do que as nossas?
É do conhecimento geral que assim não sucede, o que não impede esses países de adaptarem a sua indústria à matéria-prima nacional e de produzirem com lãs do tipo cruzado, como sucede com a Inglaterra, os óptimos tecidos do tipo Sportex e outros.
Afirma a Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios que, por exigências desmedidas dos respectivos produtores, foram adquiridas a 141 produtores lãs que depois de lavadas ficaram por 67$85 o quilograma.
Como noutro local esclarece que o numera total de ovinicultores é de 264:000, a relação, mesmo levando em linha de conta a categoria desses produtores, não parece constituir percentagem bastante para imprimir carácter ou definir uma cotação.
Assim mesmo no ano de 1946, período em que as lãs se transaccionaram livremente, não a pedido dos produtores, mas porque se pretendeu deixá-las em livro concorrência com as estrangeiras, teriam esses produtores vendido por tão altos preços, e teria toda a lã importada ficado aquém dos valores médios atribuídos à lã nacional?
Como conciliar, num ano em que as fábricas estão sobreabastecidas e em que ficaram várias partidas de lá por vender, o alto nível dessas vendas com a apregoada falta de qualidade da lã nacional?
É ainda a Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios que noutra passagem da sua exposição esclarece a inconsistência destas afirmações ao referir a imperiosa necessidade de lotar as lãs nacionais com as do Cabo, de fibra mais curta, dando por isso tecidos moles e quebradiços.
Sobre cotações informo a Assembleia de que os preços por que em 1945 - ano citado pela Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios - a lavoura vendeu a generalidade das suas lãs foram os seguintes:

Campanha de 1945

Preços médios pagos à lavoura

[Ver Tabela na Imagem]

No referido ano a Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios comprou aos referidos 141 produtores ias que em média e na base de lavado ficaram a 52$64 o quilograma, e não a 67$85, como se afirma na exposição enviada a esta Assembleia.
A diferença verificada não aproveitou à produção.