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6 DE MARÇO DE 1947 751

inferior ao cálculo acima apresentado, de 7.700:000 quilogramas.
Sr. Presidente: da observação dos números totais de importação de lãs na base de lã suja no decénio 1937-1946 verifica-se um período de excesso de abastecimento de 1937 a 1939, um outro de carência, em que o Paia foi quase exclusivamente abastecido pela lã nacional, e, finalmente, um terceiro período, a partir de 1944 até agora, em que as importações, expressas em lã suja, se intensificaram pela forma seguinte:

Quilogramas
1944 ............... 1.781:523
1945 ............... 2.304:995
1946 ............... 14.052:000

Se considerarmos o quantitativo de consumo atrás achado - 7.700:000 quilogramas -, mesmo actualizado, em atenção ao aumento da população, para 8.000:000 de quilogramas, vemos, somando as quantidades importadas com a produção nacional de lãs finas, presentemente de uns 5.000:000 de quilogramas, que no primeiro dos três anos, ou seja em 1944, ficámos bastante aquém do consumo normal, que no segundo ano já quase abastecemos o mercado e que no terceiro, em que, somada a lã nacional com a importada, obtivemos a impressionante quantidade de cerca de 19.000:000 de quilogramas, tudo se fez para lançar a produção nacional no aviltamento de preços, a indústria e o comércio de lanifícios na confusão e o País na perda de uma parcela da sua riqueza expressa no inútil desgaste de divisas.
Não desejando fazer afirmações que não documente, transcrevo de uma recente circular da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios a seguinte passagem:

Não devem os industriais mostrar-se apreensivos com o facto, porquanto à indústria convém muito mais produzir só o que encontre imediata colocação do que facilitar a criação de existências sujeitas a desvalorizações.

e interpreto-a através do oportuno comentário de que a indústria saiu arruinada do período de intensa actividade e consequente concorrência que precedeu a guerra, retemperou-se financeiramente no período em que exactamente quase só pôde contar com as lãs nacionais e corre o risco de comprometer novamente a sua saúde financeira através do desregramento de uma actividade que, por exceder as necessidades do País e as possibilidades de imediata colocação de artefactos no estrangeiro, não tem a justificá-la o necessário conteúdo económico.
Mas não são só estes aspectos que interessa focar. Há que ver em que limites e em relação a cada um dos diferentes sectores da nossa economia se justifica investir aquilo que na economia doa Estados mais interessa acautelar, ou seja o seu poder aquisitivo.
Fazendo um estudo comparativo do que em matéria de abastecimento e de consumo da metrópole se passa com o trigo, a lã, o algodão, o ferro e o carvão, obtenho os seguintes números:

[Ver Tabela na Imagem]

(a) O preço do algodão importado foi computado em mais 50 por cento do que o nacional.
(b) A quantidade de carvão nacional indicada acha-se convertida em bom carvão tipo Cardiff.

E verifico o seguinte:
Que, enquanto no sector trigo temos de recorrer a severas reduções e à inclusão de outros cereais, e assim mesmo, em relação ao consumo normal de antes da guerra, apenas suprimos 0,75 por cento das necessidades efectivas do País; que no do ferro e no do carvão vivemos em regime deficitário, que se poderá medir, respectivamente, na relação entre o consumo e o abastecimento, pelos índices 0,36 e 0,59; que no do algodão, dando integral primazia ao nacional sobre o estrangeiro, atingimos apenas a suficiência expressa no índice unidade, e no departamento da lã, não obstante as afirmações da Federação dos Lanifícios, concentrámos quantidades de matéria-prima, só no decorrer de 1946, isto é, sem levar em linha de conta as existências do ano anterior em poder dos industriais e da lavoura e a quantidade que nos advirá da próxima colheita, que correspondem a um índice de 2,47, ou seja o equivalente a mais de dois anos de abastecimento.
Determinaria esta estranha política de importações um acentuado espírito de previsão, nascido da incerteza do futuro?
Obedeceria a orientação seguida a uma alicerçada confiança nas possibilidades de exportação a preços que justificassem para o País a primazia de investimento, neste sector, de avultados capitais?
Interessaria à economia geral do País provocar, pelo excesso de importação, a baixa das lãs nacionais e estariam estas a ser cotadas demasiadamente altas, atentos os seus custos de produção e as suas qualidades de fabrico?
Teríamos realmente importado apenas lãs de alta qualidade, susceptíveis de corrigir possíveis defeitos das nossas ou destinadas exclusivamente a fabricos cuja exigência de qualidade ultrapasse as possibilidades da nossa matéria-prima?
Infelizmente a nenhuma destas perguntas podemos responder afirmativamente.
Não foi o espírito de previsão que determinou a euforia das importações, até pela razão simples de que é exactamente o sector das lãs aquele em que a metrópole se encontra em melhor posição, quer no que respeita a todos os produtos essenciais à vida, quer em relação aos diversos países da Europa, visto ocuparmos, quanto a densidade de gado lanígero, o terceiro lugar.
Não foi também a certeza de se poder exportar a preços de grande interesse nacional que determinou a orientação seguida, e isto pelo simples facto de que as nossas taxas de fabrico (margens de lucro nas diversas fases de laboração e quebras impostas pela qualidade e estado das nossas máquinas) nos não permitir considerar tão fagueira perspectiva.
Basta que se diga que a lã entra apenas em cerca de 25 por cento no preço dos artefactos.
A justificar estas afirmações encara já a indústria, segundo as afirmações do industrial Pinto Balsemão,