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804 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 100

históricos, é a que resulta da ocuparão económica do território, julgam fundamental equipar e «preparar a colonização europeia que já lá existe em franca progressão e a que para lá há-de derivar no futuro em consequência ido excesso demográfico do continente, com o exercício do maior número possível de actividades com base na exploração da terra, entre as quais figura a ovinocultura, considerada no conjunto das suas características utilitárias ou produtivas, e entre elas a lã.
Evidentemente que não seria possível encarar esta hipótese baseando-a apenas nas possibilidades que o meio natural nos oferece. Empreendimentos desta natureza, sobretudo quando se enquadram na economia pública de um território e se destinam a resolver casos especiais como o da colonização que apontei, precisam de mais factores de confiança a informá-los, precisam sobretudo de condicionamento económico favorável para que possam nascer e progredir as iniciativas e possa assegurar-se êxito ao trabalho e capitais investidos.
Ora, Sr. Presidente, foi esse condicionamento económico favorável que nos pareceu existir no caso de Angola, em face da posição que o problema lanar tem na metrópole, e a que atrás, já me referi, e que se resume no seguinte: déficit de lãs e correspondente necessidade de as importar do estrangeiro.
Tem sido, pois, em face desta realidade que a administração de Angola, através dos seus departamentos técnicos próprios, tem orientado e trabalhado, no campo experimental, o problema da produção da lã, visando resolver um aspecto da economia da colónia e visando ao mesmo tempo contribuir para atenuar, na medida que lhe for possível, o deficit de lãs da metrópole, praticando assim uma obra de solidariedade nacional no campo económico.
Pode a colónia de Angola, podem as demais regiões da nossa África que porventura tenham condições para produzir lã contar com igual solidariedade por parte da metrópole?
E isso que convém saber para orientação dos trabalhos no futuro.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Rui de Andrade: - Sr. Presidente e meus senhores : depois desta discussão, tão animada, é difícil que uma pessoa como eu possa trazer qualquer elemento novo.
Parece que o assunto está a ser discutido com excesso de animação, parecendo ter-se perdido o sentido da equidade. É claro que é um problema de grande importância para toda a lavoura do País e, sobretudo, para aquelas regiões em que pelo seu clima a ovelha é o regulador da situação do agricultor.
Discutiu-se se o rendimento da lã é o principal ou é o menos importante e qual a importância que tem.
Em meu entender, tem uma importância grande, porque há regiões em que os outros produtos das ovelhas, como o leite, por exemplo, não são tão rendosos.
Eu vejo esta questão debaixo do ponto de vista da equidade e da justiça e acho que no caso em discussão devemos estudar o problema de maneira a resolvê-lo no sentido de que todos os graus da produção, da indústria o do comércio se possam harmonizar sem nenhum deles ser sacrificado.
As contas da lavoura, em relação às contas da produção, não apresentam lucros muito menores, e, se tivermos de deduzir por certos índices qual a situação económica da lavoura em comparação com a da indústria, trarei como exemplo os salários que vejo atribuídos aos trabalhadores dos dois grandes ramos económicos, visto que estes salários servem como índice evidente das possibilidades de cada uma.
Vejo na lavoura que esses salários são reduzidos muitas vezes ao terço e até ao quarto dos que a indústria paga. Por exemplo: nas contas dos industriais de lavagem, penteação, fiação e tecelagem que o Dr. Figueiroa Rego apresentou na sua exposição vejo que, normalmente, a remuneração de um operário vai de um mínimo de 25$ a 30$ e 60$, ao passo que um trabalhador agrícola recebe, em média, 10$ a 18$. A comparação destes números dá a indicação do estado económico da lavoura em relação ao da indústria de tecidos.
Acusou-se a lavoura de pedir preços exagerados pelas suas lãs. Só parte dos agricultores vendeu as soas lãs de 1946, o que quer dizer que só essa parte encontrou compradores. E resta saber se foram eles que pediram preços exorbitantes ou se foram os industriais que ofereceram preços diminutos. Sabidas as dificuldades da lavoura, é provável que a razão esteja com os primeiros.
Não sei se os lavradores exigiram dos industriais preços excessivos. O certo é que as lãs, excluindo as churras, que não entram para o caso, não se venderam todas o ano passado e naturalmente não se venderão este ano. Conheço os preços da lavoura de várias regiões e posso citá-los. Sei que casos pessoais não se devem trazer aqui, mas em todo o caso posso dizer o seguinte:
Lãs pretas da mais alta qualidade tiveram os preços seguintes:

[ver tabela na imagem]

Lãs brancas de l. ª qualidade:

[Ver tabela na imagem]

Nota-se uma subida que não foi grande em relação com o aumento da circulação fiduciária, do custo da vida e dos preços das lãs estrangeiras de boa qualidade, com as quais estas se podem comparar.
Houve, de facto, algumas lãs mais caras do que estas.
Trata-se, evidentemente, de lãs de l.a categoria, lãs produzidas por carneiros da Austrália, de Rambouillet, de Châtillon, etc., mas trata-se de lãs que na classificação francesa estão na mais alta escala, isto é, acima de 110, chegando mesmo a 120:000 jardas por libra.
Cito os preços mais altos que conheço:

[Ver tabela na imagem]

Conheço outros preços de lãs brancas, que vão de 235$ a 300$, sempre tratando-se de lãs de l.a qualidade.