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12 DE MARÇO DE 1947 807

é cara ó porque nela entra lã estrangeira, mais cara do que a nossa, e, repito, não é a esta que se pode atribuir o preço alto dos latos, porque a nacional cara só entra no tecido na porcentagem de 5 a 10 por cento, e não é isso que o encarece.
É um facto que há tecidos tabelados c tecidos com preços tecidos na orla, mas é também um facto que no mercado há muita fazenda de luxo não tabelada e é esta que muitos preferem fabricar o vendem-na por estrangeira.
E nesta acusação de a carestia da fazenda depender do custo das lãs nacionais há uma coisa curiosa: é que o emprego das nossas lãs é tão reduzido que o maior comprador de lãs portuguesas tem em casa quasi todas essas is, que não foram ainda industrializadas, e não é pela carestia de preços nem pela qualidade.
Não ouso entre tê-lo s mais com os meus discursos. O essencial está dito. Quero apenas responder a alguém que afirmou que os agricultores são retrógrados. Muitos lavradores portugueses estão sempre a par daquilo que se passa lá fora.
Há questão de cinquenta a sessenta anos trouxeram-se merinos da raça Rambouillet, há mais de trinta anos de Châtillon, outras pessoas trouxeram de Larzac, etc.; eu próprio trouxe, com grande dispêndio, um carneiro da África do Sul, a fim de introduzir em Portugal lãs superfinas; outros foram comprá-los a França e outros ainda aos Estados Unidos.
O problema lanar tanto tem interessado o Estado como o particular. Há quem diga que se não progride. Eu lembro-me de quando, no distrito de Portalegre, as ovelhas oram todas churras brancas, depois de ver os primeiros rebanhos pretos vindos do Moura o. Esse e outros distritos estão hoje quase todos cheios de ovelhas brancas e a sua qualidade melhora dia a dia.
Eu sei que hoje há lavradores que se ocupam do problema do leite porque neste momento isso lhe interessa mais que o problema da lã, mas é uma orientação que prejudica a economia nacional lanar. Se o problema da lã for abandonado ou descuidado, será um valor de muitos milhares de contos perdido, sem beneficio no preço dos fatos, pelo menos enquanto o preço das lãs estrangeiras for igual ou superior ao preço das lãs nacionais, como é hoje.
Ainda há muito poucos dias estive em Reguengos e tive ocasião de observar mais uma vez que há lavradores que se ocupam com o maior cuidado e com bons técnicos de todos os aperfeiçoamentos modernos no que respeita à indústria do leite ovino. E incidentalmente direi que temos também ovinos leiteiros tão bons como os estrangeiros.

O Sr. Nunes Mexia: Nas regiões próprias, evidentemente.

O Orador: - Sim, nos arredores de Lisboa e serra da Estrela. É claro que há certas regiões onde o problema do leite se sobrepõe ao da lã, mas nas regiões desta a lã de qualidade tem uma alta importância.
A razão desta diferença de orientação depende das condições mesológicas, nas quais as várias criações ovinas se desenvolvem ligadas ao clima e à pluviosidade de cada região.
Poderia continuar a entreter V. Ex.ªs com números o estatísticas, mas acho que não vale a pena, porque me parece que expus o problema quanto às suas bases principais e .que todos os pontos já foram debatidos.
Vamos ao que importa e ó essencial.
O que se pede afinal? Apenas isto: que sejam adquiridas as lãs nacionais no tempo próprio, pois que isto ó conveniente para a economia nacional e interessa a todos.
Se os preços dos produtos agrícolas forem baixos na origem, sofrerá o produtor; se forem caros no consumo, sofrerá o consumidor e o produtor, enquanto também consumidor. E como em todo p sector agrícola, trigo, vinho, gados, etc., o produtor pequeno está na proporção de 1:000 para 1; ó com o pequeno produtor que nos devemos preocupar e ainda mais do operário que não é produtor directo, que é ainda aquele de entre todos que mais sofre do baixo preço na produção. Portanto, se a compra da lã nacional usufruir de um direito de preferência, o problema resumir-se-á a uma questão de preços.
Lembro, por isso, que se crie uma comissão arbitrai que avalie as lãs e estabeleça um preço equitativo.
Depois destas considerações, nada mais tenho a acrescentar e não desejo terminar sem agradecer a todos V. Ex.ªs a paciência com que me ouviram.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente:-Estão ainda inscritos quatro oradores para este debate.
Em virtude do adiantado da hora vou encerrar a sessão, marcando a próxima para amanhã, à hora regimental, com a mesma ordem do dia.
Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 25 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alexandre Alberto de Sousa Pinto.
Álvaro Eugênio Neves da Fontoura.
Jorge Botelho Moniz.
José Nunes de Figueiredo.
Manuel França Vigon.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.
Ricardo Malhou Durão.

Sr s. Deputados que faltaram à sessão:

Albano Camilo de Almeida Pereira Dias de Magalhães.
Alberto Cruz.
António Carlos Borges.
António Maria Pinheiro Torres.
Artur Proença Duarte.
Augusto César Cerqueira Gomes.
Belchior Cardoso da Costa.
Camilo de Morais Bernardes Pereira.
Carlos de Azevedo Mendes.
Ernesto Amaro Lopes Subtil.
Enrico Pires de Morais Carrapatoso.
Gaspar Inácio Ferreira.
Henrique de Almeida.
Horácio José de Sá Viana Rebelo.
Jacinto Bicudo de Medeiros.
João Xavier Camarote de Campos.
Joaquim de Moura Relvas.
Joaquim Saldanha.
Jorge Viterbo Ferreira.
José Gualbarto de Sá Carneiro.
José Maria Braga da Cruz.
José Nosolini Pinto Osório da Silva Leão.
Luís da Câmara Pinto Coelho.
Luís Lopes Vieira de Castro.
Luís Mendes de Matos.
Manuel Colares Pereira.
Manuel de Magalhães Pessoa.