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6 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 113

convicções, as quais, embora lhe valessem o ódio e a perseguição dos homens, nunca renegou nem atraiçoou, encarnando sempre a atitude do soldado que, por ser nobre e valente, não sabe o que é deixar cair uma bandeira; e possuindo ainda a grandeza de alma suficiente para que - como insinuava António Cândido - a oposição às doutrinas nunca se transformasse em desamor pelos homens.
Era um grande carácter, som dúvida, convindo em que sempre teve bem presente no seu espírito, admiravelmente formado, a advertência feita por Leão XIII na sua notável encíclica Imortalis Dei. «O homem deve estar de acordo consigo mesmo, qualquer que seja o negócio ou a condição».
Foi um político sem mácula, admirador consciente, incondicional, de Salazar, cada vez mais convencido da certeza de que colaborar com a Situação era ainda uma forma de serviço da Nação. Para o seu claro entendimento o nacionalismo era um somatório de espiritualismo e de tradicionalismo. Católico praticante, de fé viva e activa, nunca me esquecerei de lhe ter ouvido uma vez esta frase profunda, atribuída, segundo creio, a Renan: «Não se compreende a história do Mundo sem a pessoa de Jesus; sem Jesus Cristo e a sua Igreja a história da Humanidade é um problema sem solução».
E porque justamente considerava a religião uma total concepção da vida, do homem e do Mundo, como parlamentar ilustre, como conferencista, como jornalista construtivo, imprimia quase sempre às facetas da sua actividade multiforme o superior objectivo de servir a causa de Deus e os grandes ideais do espírito, conduzindo-nos a admitir que, sem abdicar da condição de homem do seu tempo, e até por isso mesmo, não se dedignava de trilhar o caminho traçado por António Sardinha ao pensar e escrever que o progresso racionalmente entendido, o acto de civilizar, é elevar a matéria ao espírito, reintegrar a criatura no Criador.
Mas com a sua morte, Sr. Presidente, perdeu também o foro português um elemento de real valor: advogado brilhante, encarou como um sacerdócio a sua profissão, cujo exercício foi pautado pela observância escrupulosa de direitos, não só júridicos, mas morais; tinha nobreza de alma; era isento; em tudo seguiu inalteràvelmente a linha recta da honestidade, sempre movido pela preocupação da busca ansiosa da razão e da justiça, em obediência constante aos foros irremissíveis da verdade.
Termino, Sr. Presidente, asseverando que Viseu - um dos grandes amores da sua vida e o polarizador maior do seu criterioso e são regionalismo - chora sentidamente a sua perda.
Do Dr. Joaquim Saldanha posso afirmar, em consciência, tal como o alto espírito de Luís de Magalhães disse um dia de alguém que a Parca levara consigo, que não é um morto, não ó um esquecido. Ele entrou já na sobre vida - é apenas um eterno ausente.
Curvo-me, Sr. Presidente, comovidamente, respeitosamente, perante a soa memória saudosa, e daqui reitero um sentimento de amizade firme ao sou filho estremecido e meu velho amigo Dr. Eduardo Saldanha, herdeiro de uni nome impoluto, galhardo continuador das honradas tradições do uma família ilustre da minha querida Beira.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Mário de Figueiredo: -Sr. Presidente: pedi a palavra só para sublinhar que tenho a segurança de que a Câmara adere às palavras, e ao sentimento nelas expresso, que foram proferidas a respeito dos nossos dois colegas nesta Câmara, Srs. Rocha Paris e Joaquim Saldanha.
Tenho a certeza de que u Câmara adere ao sentimento expresso nessas palavras, e por isso peço a V. Ex.ª faça exarar no Diário das Sessões o voto de sentimento, que é o voto da Câmara.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Em vista da manifestação da Assembleia, considero aprovada a proposta do Sr. Deputado Mário de Figueiredo no sentido de ficar exarado no Diário das Sessões um voto de pesar pelo falecimento dos Srs. Deputados Rocha Paris e Joaquim Saldanha.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Ainda durante o interregno das sessões faleceu a Sr.ª D. Maria do Patrocínio Pinto Osório Silva Leão, mãe do Sr. Deputado José Nosolini; a Sr.ª D. Eufemia Ferreira Lourinho, mãe do Sr. Deputado Manuel Lourinho, e o Sr. Dr. João Pacheco Sacadura Botte, que foi um distinto magistrado, pai do Sr. Deputado Sacadura Botte.
Certamente que a Câmara mo acompanhará nos votos de sentimento e pesar que dirijo a estes Srs. Deputados por esses acontecimentos, que tão profundamente os enlutaram.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Também no interregno das sessões da Assembleia faleceu o Sr. Manuel Fernandes Cortês, pai do Sr. Deputado Ulisses Cortês.
Igualmente, em nome da Câmara, apresento a S. Ex.ª os nossos sentimentos de pesar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Sacadura Botte: -Sr. Presidente: desejo agradecer as palavras que V. Ex.ª só dignou dirigir à memória de meu pai, assim como à Câmara o voto do sentimento que aprovou.

O Sr. Manuel Lourinho: - Sr. Presidente: agradeço profundamente comovido a V. Ex.ª as palavras de condolências que V. Ex.ª se dignou ter para comigo, por motivo do falecimento de minha extremosa mãe.
Quero crer que ela repousa certamente na mão de Deus o de lá neste momento receberá com agrado a oração de todos aqueles que quiserem rezar pela sua alma.
A V. Ex.ª, Sr. Presidente, e a toda a Câmara o meu profundo reconhecimento.

O Sr. Ulisses Cortês: - Quero testemunhar igualmente à Assembleia o meu reconhecimento por se ter associado às palavras que V. Ex.ª acabou de proferir, dirigidas à memória do meu saudoso pai.

O Sr. Cortês Lobão:- Sr. Presidente.: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte requerimento:

«Requeiro que, pelo Ministério da Economia, me sejam fornecidos, com a possível urgência, os seguintes elementos:
1.° Quantidades de trigo importado em cada um dos anos de 1944, 1945, 1946 e 1947, com a indicação dos países de origem.
2.° Preço deste trigo, por carregamentos, posto em Lisboa ou Porto, fora da alfândega.
3.º Prejuízos ou lucros, se os houver.
4.° Quantidade do milho importado em cada um dos anos de 1944, 1945, 1946 e 1947, com a indicação dos países de origem.