O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

62 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 118

período considerado, como sendo o saldo da balança de pagamentos. Se tirarmos aos saldos da balança de pagamentos os saldos (positivos ou negativos) da balança comercial com o estrangeiro, que constituem a 3.ª coluna do mesmo quadro, obteremos os números da 4.ª coluna, que representam os saldos da balança do comércio invisível:

(Em milhares de contos)

[Ver Tabela na Imagem]

Todos os saldos da balança do comércio invisível são positivos e de uma regularidade impressionante a partir de 1940. De onde vêm estes saldos? Que representam?
Até hoje ainda o não pude apurar. Apenas noto grande semelhança entre a sua marcha e a dos depósitos bancários. É o que mostra a comparação da 5.ª coluna deste quadro (onde vão os acréscimos anuais dos depósitos, expurgados de duplicações) e a 4.ª Mas desta semelhança nenhuma ilação pude tirar com certeza. A primeira mudança significativa deu-se na circulação potencial, e designadamente na rubrica Bancos e banqueiros, a que nós, por comodidade, nos habituámos a chamar circulação potencial propriamente dita. Esta rubrica atingiu o valor máximo de 8.406:261 contos em 24 de Abril de 1946, o mesmo sucedendo a toda a circulação potencial, ou seja à rubrica Outras responsabilidades à vista. Esta mudança é que foi um sinal dos tempos. E porquê?
Porque era indício de que a economia nacional estava a sair da modorra a que a guerra a forçara. O movimento comercial começara a ressurgir, o sangue acelerava-se nas veias da Nação e, à medida que essa marcha ascensional se realizasse, o volume de numerário necessário para as transacções tornar-se-ia cada vez maior.
O recurso ao crédito e ao pé de meia cresceria de dia para dia. Aliás, as estatísticas mostram com toda a clareza a trajectória deste movimento.
Se adicionarmos os acréscimos anuais sucessivos da carteira comercial dos bancos comerciais e dos empréstimos das instituições de crédito, obtemos os números da última coluna do quadro anterior, que representam a totalidade dos créditos concedidos pelas instituições de crédito, em excesso sobre os do ano anterior, tudo referido ao último dia do ano.
Vê-se pêlos números da mencionada coluna que o recurso ao crédito deu um grande salto no ano de 1940, seguido de outro muito maior em 1946. Foi esta procura, crescente de créditos que proporcionou aos bancos comerciais oportunidade para colocarem rendosamente algum do muito dinheiro que tinham improdutivo no Banco de Portugal.
Chegara, pois, o momento de a sua circulação potencial se transformar na actual. Tal foi o sentido da reviravolta dada pela rubrica Bancos e banqueiros no dia 24 de Abril de 1946. Mas essa mudança foi tão suave, tão discreta e tão irregular, que em Dezembro do ano passado, quando discutimos a lei de meios, não tinha eu ainda a certeza se se tratava de uma orientação definitiva, se de uma simples oscilação passageira. Agora, que essa rubrica desceu para a casa dos 6 milhões, já não pode restar dúvida nenhuma de que se trata de uma mudança profundado duradoura.
A segunda conta a mudar de sentido na sua marcha foi a do Tesouro Público, que é em importância a segunda parcela da circulação potencial. Mas, como sucedera com a conta anterior, a sua variação foi tão lenta que só nas médias trimestrais se evidenciou com nitidez.
O máximo foi atingido em 15 de Maio e foi de 3.482:959 contos.
Seguiu-se, na ordem cronológica, a posição cambial do Banco de Portugal (soma das três primeiras rubricas do seu activo), que passou pelo máximo em 14 de Agosto, que foi de 18.967:400 contos.
A circulação de notas passou pelo máximo, que foi de 8.793:303 contos, em 31 de Dezembro.
Só os depósitos continuaram subindo sempre até ao fim de 1946, sem mostrarem tendência nítida para descer nos meses seguintes, pelo menos até Agosto.
Não obstante, comparando os saldos destas contas em 31 de Dezembro de 1946 com o que foram no mesmo dia de 1940, acham-se diferenças positivas em todas, menos na circulação potencial, designadamente na conta Bancos e banqueiros. Mas no corrente ano de 1947 as coisas apresentam outro cariz.
Na verdade, a posição cambial do Banco de Portugal, que fechara em 1946 com um saldo de 18.705:778 contos, estava em 17 de Setembro de 1947 em 16.546:486 contos, tendo sofrido uma quebra de 2.159:292 contos.
Se pensarmos que as despesas feitas com o C. E. P. importaram em 20 milhões de libras, podemos fazer uma ideia aproximada do que isto representa.

O Sr. Pinto Coelho: - V. Ex.ª dá-me licença?

Tenho a impressão de que essa diferença de 2 milhões e tal de contos não deve corresponder só à importação. V. Ex.ª não tem números que me indiquem os valores que respeitam aos bens de produção?

O Orador: - Como já disse atrás, não pude concretamente averiguar. Todavia, segundo afirmações do Sr. Deputado Melo Machado, a géneros agrícolas cabiam 400 e tal mil contos. Agora consideremos os automóveis e a compra de coisas, mesmo úteis, que não interessam; o que interessa, essencialmente, é o apetrechamento industrial do País.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Pinto Coelho: - V. Ex.ª satisfez a minha curiosidade. O que eu desejei foi saber se V. Ex.ª possuía elementos concretos.

O Orador: - De concreto, repito, não é possível saber-se neste momento mais do que vem no Boletim Mental do Instituto Nacional de Estatística.

O Sr. Pinto Coelho: - Muito obrigado a V. Ex.ª

O Orador: - Mas, continuando: nas mesmas datas as notas em circulação montaram a:
Contos
Em 31 de Dezembro de 1946 ........ 8.793:303
Em 17 de Setembro de 1947 ........ 8.231:576
- 561:727

Houve, portanto, uma baixa de 561:727 contos.
A conta Bancos e banqueiros foi, nas mesmas datas:
Contos
Em 31 de Dezembro de 1946 ....... 7.618:815
Em 17 de Setembro de 1947 ....... 6.819:274
- 799:541