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28 DE JANEIRO DE 1948 199

2.° Determinar os valores alimentares da farinha mistura escolhida para estudo e o da farinha estreme tomada como padrão;
3.° Avaliar a viabilidade económica da utilização de farinhas mistura através de uma judiciosa fixação de valores, determinados em harmonia com os preços dos cereais utilizados, com o teor de extracção das respectivas farinhas e com o valor alimentar dos correspondentes subprodutos;
4.° Indicar os recursos a mobilizar no conjunto do Império, para que, num período do tempo considerado, a curva ascensional da produção de cada um dos cereais de incorporação atinja a curva representativa dos consumos;
5.° Estudar a mais eficiente maneira de o Estado alterar o actual regime do farinhas e de pão: se progressivamente e por regiões sucessivas, ou se de uma só vez e em conceito de generalização a todo o País;
6.° Extrair dos dados e dos raciocínios a doutrina aplicável ao problema do pão e dotá-la da elasticidade e da interconexão necessária dos seus elementos, para que possa adaptar-se a um certo número de imprevistos, sempre de admitir em assuntos de natureza económica e social.
Tareia a muitos títulos delicada e quase impossível de realizar se não fora, entre outras, a preciosa colaboração da Misericórdia de Lisboa, assegurada pêlos seus ilustres provedor, Dr. Pais de Sousa, e adjunto, Dr. Madeira Pinto, que, num alto espírito de compreensão, me proporcionaram a colaboração valiosíssima do distinto médico chefe da Divisão de Serviços de Socorro Domiciliário da Misericórdia, Dr. Costa Félix, das Exmas. directoras da Casa Maternal e do laboratório, Dr.ªs D. Maria Cândida Gouveia o D. Esmeralda Soeiro, não esquecendo a proficiente analista Exma. Sr.ª Dr.ª D. Adelaide Sá Marques, as senhoras gerente e enfermeiras da Casa Maternal e finalmente as dezasseis gentis crianças de 5 a 11 meses que, na apreciação do valor alimentar das farinhas, foram durante algum tempo colaboradoras a um tempo involuntárias e cheias de boa vontade.
Ao apreciar as crescentes necessidades de pão, num período, por exemplo, de cinco anos, temos de considerar a natalidade no País, que, não obstante haver decrescido desde 1911, acusava em 1943 o mais alto nível de todos os países: 24,8 por 1:000 habitantes, e nossa posição se tem sensivelmente mantido, e a mortalidade, essa bem elevada e expressa no índice 15,3, de que resultou para a população em relação no referido ano um saldo demográfico de 9,5 por cada 1:000 habitantes, actual mente aumentado para 10,01, ou seja o equivalente a cerca de 76:530 indivíduos.
A população portuguesa, a não se darem ocorrências imprevistas, aumentará pois no decorrer dos cinco anos mais próximos em quase meio milhão de indivíduos e o acréscimo anual de consumo de pão variaria, em conceito progressivo, ao longo dos referidos cinco anos, de 1 a 1,3 por cento, se a emigração e a melhoria de condições de vida de uma parte sucessivamente maior da população não atenuassem um pouco o ritmo desse acréscimo de consumo, que assim mesmo avaliamos em cerca de 1 por cento, correspondendo a um pouco menos de 10 milhões de quilogramas de cereais panificáveis que em cada ano consumiremos a mais, no valor aproximado de 26:000 contos!
Passando à apreciação dos valores alimentares da farinha mistura correspondente à hipótese n.° 3, anteriormente considerada, e da farinha estreme de trigo, escolhi três directrizes de investigação:
l.ª Análises bromatológicas levadas a efeito no laboratório da Misericórdia de Lisboa;
2.ª Ensaios biológicos para determinação dos índices de nutrição, ensaiados sobre dezasseis crianças da Casa Maternal da Misericórdia de Lisboa, de 5 a 11 meses de idade;
3.ª Ensaios biológicos, com igual objectivo, observados no laboratório da Misericórdia de Lisboa sobre ratos brancos dos usados em semelhantes investigações.
Os resultados destas três investigações condensei-os nos quadros n.ºs 2, 3 e 4.

QUADRO N.º 2

Análise bromatológica de diversas farinhas

[Ver Quadro na Imagem]

QUADRO N.º 3

Ensaios biológicos

índices de nutrição em crianças de 5 a 11 meses

[Ver Quadro na Imagem]

Comendo farinha de mistura

[Ver Quadro na Imagem]

Comendo farinha de trigo

[Ver Quadro na Imagem]

Nota. - Para facilitar a interpretação dos resultados procedeu-se a observarão prévia dos casos de anemia o nesse sentido fizeram-se colheitas de sangue de todas as crianças cujos dados se consignaram.