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15 DE DEZEMBRO DE 1950 175

O padre Sena Freitas, há já bem mais de meio século, escreveu a respeito de Junqueiro:

Mas estas reflexões, únicas profundas de todo o meu escrito, resvalarão muito provavelmente sobre a sua alma, sem nela deixarem um sulco de luz.

Há pouco tempo, outro sacerdote de Cristo, o padre Moreira das Neves, escreveu:

A luz de Cristo vem ainda de mais longe, porque vem de além de todos os hiperespaços. Mas um instante lhe é suficiente para vencer a distância infinita que vai da Terra ao Céu, da eterna crepitação do coração de Deus aos sobressaltos pávidos e gementes do coração do homem. Nos últimos dias da vida Junqueiro amava a penumbra. Talvez porque já amasse, como devia amar, a luz de Cristo.

Sr. Presidente: à distância de mais de meio século vê-se que o «sulco de luz» de que falava Sena Freitas se abriu na alma de Junqueiro. Exultemos pela vitória do espírito que a Graça de Deus, por certo, tocou. O homem volveu os olhos à luz da Fé e a centelha do seu génio queimou-lhe os últimos momentos da vida em bela contrição de magnânimo espírito.
O destino desse homem, não o da «vida trasitória e imperfeita», mas o homem eterno, pertence aos insondáveis desígnios de Deus.
Porém, quanto à sua obra, não já na arte da sua métrica nem no ritmo ou melodia dos seus versos (que esses são aspectos de arte), mas nas ideias que a informaram e nos juízos produzidos, ideias e juízos de projecção moral, política e social, quanto a essa está já lançado o implacável juízo da História.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para um requerimento o Sr. Deputado Mendes Correia.

O Sr. Mendes Correia: - Sr. Presidente: dada a importância que para o aumento do rendimento nacional possui o conhecimento científico do território metropolitano, como base para o aproveitamento devido dos recursos naturais e até para a defesa destes contra todos os factores de degradação e destruição, e sendo certo que a última edição da carta geológica do País data de 1899, e que, por outro lado, há urgência na elaboração da Carta dos solos, sobre a qual está pendente da discussão e aprovação desta Assembleia, há tempos, uma proposta de lei, já com o parecer da Câmara Corporativa:
Requeiro, por desejar ocupar-me oportunamente do assunto, que pelo Ministério da Economia me sejam fornecidos os seguintes elementos:

1.º Nota sumária sobro o estado de adiantamento dos trabalhos para uma nova edição revista da Carta geológica a 1/500:000 e para as folhas a 1/50:000, com indicação das verbas despendidas nos últimos cinco anos especialmente com tal tarefa e do pessoal a ela adstrito, com pormenorização das suas categorias e vencimentos;
2.º Nota sumária do estado de adiantamento dos trabalhos para elaboração da Carta dos solos da metrópole, com indicação de verbas despendidas nessa tarefa e do pessoal a ela adstrito, mencionando-se as especializações científicas dos investigadores e os respectivos vencimentos;
3.º Nota das verbas globais despendidas nos últimos cinco anos com trabalhos de prospecção mineira pelos serviços oficiais respectivos, com indicação do pessoal científico e técnico actualmente ocupado nessa tarefa, pormenorizando-se as respectivas especializações, categorias e vencimentos;
4.º Nota dos estrangeiros que permanente ou transitoriamente têm colaborado, durante o mesmo período, nos trabalhos mencionados nas alíneas anteriores e ainda das informações que seja possível obter, através da fiscalização do Estado, sobre colaboradores estrangeiros, suas especializações e remunerações, e trabalhos por eles realizados na tarefa de prospecção petrolífera no Portugal metropolitano, indicando-se, se for possível, a parcela do concurso por eles solicitado de serviços oficiais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para um requerimento o Sr. Deputado Sá Carneiro.

O Sr. Sá Carneiro: - Sr. Presidente: em sessão de 2 de Março do corrente ano pedi que, pelo Ministério das Finanças, me fossem dados certos esclarecimentos sobre avaliações de prédios urbanos feitas de harmonia com a Lei n.º 2:030.
Só parcialmente recebi satisfação.
E porque desejo fazer com perfeito conhecimento dos factos um aviso prévio sobre a forma como tais avaliações vêm decorrendo, requeiro que, pelo dito Ministério, me sejam fornecidos com urgência os elementos referentes àquele requerimento na parte em que faltam e que me sejam indicados os resultados das primeiras avaliações a que se procedeu em todo o ano de 1950, com referência às rendas pedidas pelos senhorios, às oferecidas pelos arrendatários e às fixadas pela comissão, bem como, igualmente até ao fim do corrente ano, quantos recursos foram interpostos, quantos os resolvidos e como o foram.

O Sr. Mendes Correia: - Sr. Presidente: pedi a palavra para exprimir o meu júbilo e o meu reconhecimento, como estudioso e como português, para com o ilustre Ministro das Colónias, por ter sido incluída nos orçamentos coloniais a verba legal necessária para os vencimentos e bolsas de estudo de três estagiários do Instituto de Línguas Africanas e Orientais, criado em 1946 junto da Escola Superior Colonial.
Devo também salientar com aplauso que, graças ao Sr. Comandante Sarmento Rodrigues, foi já possível no ano corrente uma missão de estudo do professor de Quimbundo do mesmo Instituto na área linguistica respectiva do território de Angola.
Estes factos não contrariam a política tradicional portuguesa de difusão, ao máximo, da língua pátria pelo Mundo, antes concordam com a orientação missionária de bem conhecer as línguas indígenas para uma eficiente acção espiritual e civilizadora junto das populações, e, ao mesmo tempo, servem o objectivo científico de investigação linguística que todos os países civilizados adoptam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os diferentes países que possuem territórios em África seguem ali
políticas linguísticas diversas. É bem conhecida, por exemplo, a posição da Inglaterra na matéria e é bem conhecida a tentativa frustrada da Bélgica, que pensou em criar no Congo Belga uma língua franca, que seria extensiva a todo o território, utilizando para isso uma das línguas indígenas ali mais falada.