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11 DE ABRIL DE 1951 797

constituído em juiz supremo das decisões sobre anexação, integração ou assimilação tomadas pelas potências coloniais.
Não é o nosso país membro da O. N. U., mas, que o fosse, nenhuma dúvida se poderia levantar acêrca do caso em questão, visto que é o próprio território não autónomo, é toda a sua população, que deseja e pede a sua integração na metrópole.
É interessante que seja a própria colónia que, consciente da sua maturidade, deseje, não a independência, como tanto está em moda, mas a sua integração.
Nestes tempos de feroz anticolonialismo, em que se encorajam e .promovem movimentos de rebeldia dos chamados povos não autónomos contra aqueles que os dirigem, é bem significativa esta atitude, como é desvanecedor verificarmos que as nossas províncias ultramarinas estão unidas à Mãe-Pátria por laços indissolúveis, a ela estão ligados, mais que por interesses materiais, pelo sangue e pelo espírito.
É que sempre fomos portugueses pelo coração e pela inteligência o continuamos a ser, e esse, bem alto o proclamamos, é o nosso maior orgulho.
Tenho dito.

Vozes! - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ribeiro Cazaes: - Sr. Presidente: também assinei o cheque em branco passado ao Sr. Doutor Oliveira Salazar!
E assinei-o quando as assinaturas não abundavam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assinei-o com longos dias de prisão, com as horas de martirizante ansiedade a ouvir, discutir o meu exílio, com a amargura de ver dissolvido o meu batalhão - o batalhão de caçadores n.º 5 -, fundado pela devoção, pelo sacrifício, pelo esmagamento das legítimas ambições de moços oficiais, que procuraram, assim, erguer uma fortaleza que fosse a garantia segura de que a voz de comando da Nação, soltada em 28 de Maio de 1926, seria cumprida, custasse o que custasse, doesse a quem doesse.
Esta a razão fundamental por que subo agora à tribuna da Assembleia Nacional, a intervir no debate sobre a proposta de lei de alteração da Constituição Política.
Do documento em discussão interessa, em meu entender, verificar, acima de tudo, o que ele representa e define como projecção futura na vida do País.
Sim, Sr. Presidente, eu julgo, talvez por insuficiência, que a lei fundamental dum país, tronco de todas as mais leis, deve, não só definir os princípios em que a Nação se alicerça, mas também, como verdadeiro farol da vida dum povo, abrir, bem rasgado, bem iluminado, o caminho do futuro.
Ora, da análise da proposta de lei que se discute talvez ressalte, em relação ao passado, uma melhoria sensível pelo que respeita à definição das características alicerçais da nossa raça, mas vejo ainda tão cerrados como até agora os horizontes da vida portuguesa.
Deve ser assim?
Deve caminhar-se de olhos nos pés?
Penso que não.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os homens de 26, dando-se todos ao bem comum, acalentaram sempre o sonho alto de reintegrar Portugal na sua trajectória histórica e rasgar
para seus filhos os caminhos da vida, que garantissem um futuro de paz e de grandeza.
Passados vinte e cinco anos de lutas, de sacrifícios, de constante labor (que a minha geração desejaria ver definidos na história como época de ressurgimento), olho em redor e pergunto onde estão os homens a quem devemos passar o facho, olho para diante e vejo o horizonte cortado por cordilheiras intransponíveis, cobertas de espesso nevoeiro, mais cerrado agora pelo fumo dos incêndios que abrasam o Mundo.
E sinto, por isso, uma profunda amargura como soldado e como pai.
Onde estão os homens, nascidos da minha geração, que hoje, já na pujança da vida, deviam ser armados cavaleiros, mostrando-se capazes de garantir o existente e ir mais adiante?
Onde está quem possa continuar Salazar?
A proposta de lei em discussão responde de algum modo a estas perguntas?
Creio que não.
Ao formulá-las desejaria que se compreendesse que o faço com unia amargurante ansiedade, a que a sombria recordação do tempo vivido depois da morte de Sidónio empresta um especial significado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Então, como já disse nesta Assembleia, ainda quase imberbe, senti-me, como todos os que procuravam olhar para diante e para mais alto, esmagado por uma disciplina definida e apregoada pôr quem só tinha olhos para o momento que passava, enleado num conceito de obediência de cuja falsidade só mais tarde, muito mais tarde, me apercebi.
Hoje, ao encarar o futuro, as perspectivas que se apresentam ao meu espírito não são infelizmente melhores.
Mas não voltarão a encontrar-me, ingénua e confiadamente ..., aguardando, como nessa época já distante - afirmei-o há tempos nesta Casa e volto a repeti-lo!
Continuo a honrar a minha assinatura no cheque em branco. E não faço tal afirmação como receoso credor, antes com a segura confiança de quem pensa que talvez não tenha sido possível ir mais adiante agora e ... sabe esperar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas seja-me permitido, por isso mesmo, dizer mais algumas palavras, que, se outro merecimento não tiverem, devem significar bem claramente o meu firme desejo de leal colaboração.
Um dia, já lá vão muitos anos, numa reunião duma boa centena de oficiais discutia-se quem deveria assumir as funções de Ministro da Guerra. Considerava-se então instante este problema.
Falei em último lugar e até, confesso, sem esperar ter de fazê-lo.
E naturalmente, lealmente, expus o que pensava, face às necessidades que os meus limitados conhecimentos de política militar e de política de guerra pareciam aconselhar, concluindo com a afirmação de que o problema só seria resolvido capazmente se Salazar assumisse as funções de Ministro da Guerra.
Ergueu-se um coro de protestos, quase de imprecações, quando tal disse, mas daí em diante, dia a dia, se avolumou a ideia lançada naquele momento.
As reformas militares de 1937 e o nível a que o Exército subiu com Salazar e Santos Costa vieram dar-me razão.
Se outra reunião tivesse havido para encarar o problema da educação nacional, diria sem hesitações que a solução ideal estava em Salazar.